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Editorial

“Cresci dividido sobre se Deus existe”, diz autor da peça “Amor Profano”

Dramaturgo israelense Motti Lerner se diz emocionado por ter montagem encenada no País e que gostaria de ver espetáculos brasileiros em Israel

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“Cresci dividido sobre se Deus existe”, diz autor da peça “Amor Profano”

Motti Lerner conheceu os atores da montagem brasileira de "Amor Profano" no Teatro Raul Cortez
(Arte/Tutu sobre foto de divulgação)

Por Eduardo Vasconcelos

Em visita ao Brasil para acompanhar apresentações da peça Amor Profano, em cartaz no Teatro Raul Cortez, na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o dramaturgo israelense Motti Lerner revela que o enredo do espetáculo surgiu das suas indagações sobre a existência de Deus. De família secular, o autor conta que cresceu dividido entre crer ou não em uma divindade.

“Meus pais não eram religiosos, mas eu sempre convivi com pessoas religiosas. Então, sempre fui desafiado pela ideia da religião, principalmente sobre se há um Deus no Céu, se Deus tem responsabilidade pelas vidas das pessoas e se temos que reconhecer o Seu papel no universo”, conta Lerner. “Quanto mais eu crescia, mais me sentia incerto sobre isso. Fiquei dividido por toda a minha vida pensando se acreditava ou não. Acho que só fui capaz de escrever a peça depois de perceber que eu não acreditava”, completa.

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A trama de Amor Profano envolve Zvi (Marcello Airoldi) e Hannah (Viviane Pasmanter), que se reencontram pela primeira vez 20 anos após terem se divorciado. A separação ocorreu em função de Zvi ter abandonado a fé e os costumes judeus ultraortodoxos, os quais ainda são cultivados por Hannah. Com isso, Deus é um obstáculo no relacionamento entre eles.

Segundo o dramaturgo, o texto de Amor Profano levou aproximadamente um ano para ser escrito e exigiu um grande trabalho de pesquisa. “Como não sou daquela cultura, não sou judeu ortodoxo, não sabia as regras associadas especificamente ao tema da peça, as regras do casamento e do divórcio. Tive de ir atrás de quem me ensinasse para escrever”, comenta.

Informado de que o público brasileiro destacou o fanatismo como um dos temas da peça, Lerner ressaltou que se trata de “algo que você pode ver em qualquer ideologia, tanto do lado religioso como secular”.

Pela primeira vez no Brasil, o autor participou de bate-papos com o público após as apresentações nos dias 1º, 2 e 3 de fevereiro e não escondeu a emoção de ter um trabalho de sua autoria encenado no País.

“É muito emocionante descobrir que as pessoas querem assistir a algo que foi escrito a 10 mil milhas de distância daqui, em um país diferente, em um contexto religioso diferente. E, ainda assim, as pessoas estão interessadas nos personagens e são tocadas por eles, por suas tragédias pessoais.”

Conhecido por ter peças encenadas nos Estados Unidos e na Europa e por roteiros para cinema e televisão, Lerner comenta que gostaria de trazer outras montagens para o Brasil. “Na verdade, também tenho interesse em levar peças brasileiras para Israel, porque nunca vi em Israel uma peça escrita por um dramaturgo brasileiro. Tenho muita curiosidade sobre essa troca cultural. Em Israel, nós amamos a música brasileira, mas não vi peças do Brasil lá. Seria muito legal sair daqui com uma coleção e divulgar em Israel”, manifesta o autor.

Amor Profano fica em cartaz no Teatro Raul Cortez até 24 de fevereiro, com apresentações às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro – de terça a quinta, das 15h às 20h, e de sexta a domingo, das 15h até o início da peça – ou pelo site Ingresso Rápido. A classificação é de 12 anos.

Serviço
Temporada: até 24 de fevereiro
Sextas e sábados, às 21h; domingos, às 19h
Teatro Raul Cortez – Rua Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista, São Paulo/SP

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