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Economia

A ilusão monetária existe entre a maioria dos aplicadores

Taxas de juros nominais tendem a cair e, com isso, abrem espaço para que haja uma troca de investimentos de renda fixa para renda variável

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A ilusão monetária existe entre a maioria dos aplicadores

Arte (TUTU)

Os boletins mais recentes indicaram a oportunidade de aplicações diferentes da renda fixa, campeã de audiência nos últimos anos, talvez, décadas. Os rendimentos acumulados do CDI desde o início do Plano Real são gigantescamente maiores do que qualquer outra opção de investimento: dólar, ouro, ações, imóveis e negócios de forma geral.

Neste ambiente de taxas de juros reais tão elevadas com risco muito baixo, é extremamente difícil se desapegar dos CDBs e CDIs de grandes instituições bancárias. Claro, em alguns momentos as ações subiram mais, em outros o dólar e o ouro tiveram bons resultados, mas isso ocorreu em períodos pontuais e pouco duradouros.

O que teria de diferente agora para que outras aplicações passassem a valer a pena? A rigor, a resposta é, aparentemente, nada. Mas existe um dado relevante e pouco percebido que pode mudar esse cenário pelo menos por um prazo de um, dois ou três anos: as taxas de juros nominais tendem a cair e, com isso, abrem espaço para que haja uma troca de posições de renda fixa para renda variável. Esse movimento, por si, é suficiente para gerar ganhos expressivos no mercado acionário.

Foi por conta da aposta de novos aplicadores na bolsa no início do Plano Real (idos de 1995, 1996) que o Ibovespa teve forte expansão no período, e não por motivos fundamentais, como juros baixos, por exemplo. Naquele momento as taxas de juros nominais eram elevadíssimas, e em tese o argumento seria o oposto ao que se coloca nesse texto. Mas houve um estímulo externo, que levou muitos aplicadores não tradicionais (investidores em ações são muito poucos no Brasil) a escolher ações: uma nova moeda, uma nova economia e as privatizações.

Agora o momento é outro, mas há semelhanças, no sentido de que condições externas devem atrair novamente aplicadores não tradicionais ao mercado acionário, elevando os preços das ações, gerando rendimentos maiores do que a renda fixa, pelo menos por um tempo:

1. A tendência é de que a taxa Selic caia, por conta da redução gradativa da inflação. Ou seja, a taxa real de juros não vai cair tanto, permanecendo ao redor de 4% a 5% (o que é muito alta). Porém, existe sim a ilusão monetária na cabeça do aplicador menos sofisticado, justamente esse que pode ver seus recursos rendendo menos e decidir experimentar o Ibovespa;

2. As ações estão de fato baratas no Brasil. Esse é um aspecto real que não existia no período do último boom do Ibovespa em meados da década de 1990;

3. Há uma expectativa de nova política econômica e de novas privatizações no Brasil, exatamente igual há 20 anos, criando um ambiente parecido.

Resta saber se o momento atual pode gerar uma oportunidade apenas fugaz para aplicadores em ações, ou algo mais duradouro. Esse algo mais duradouro somente virá se, após a redução dos juros nominais, o Banco Central e a equipe econômica conseguirem reduzir fortemente os gastos públicos, a inflação e os juros reais para patamares muito mais baixos do que os atuais, restabelecendo no Brasil a verdadeira prioridade econômica: rendimentos maiores para riscos maiores, como investimentos produtivos, e rendimentos modestos em títulos públicos.

Se isso ocorrer, finalmente, aí sim o mercado de ações vai começar a espelhar o desempenho das empresas e tem tudo para, finalmente, depois de um século, ser uma opção viável. Não chegamos nesse ponto ainda, mas por enquanto teremos uma janela de oportunidade para aproveitarmos preços baixos de ações e um mercado que deve ser comprador nos próximos meses, salvo alguma surpresa que nos parece muito remota.

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