Economia
02/12/2025Acordo entre Mercosul e UE será divisor de águas para a inserção internacional de PMEs paulistas
FecomercioSP recebe agência portuguesa de investimentos para explorar incentivos à internacionalização em todo o interior do Estado
FecomercioSP recebe agência portuguesa de investimentos
Federação defendeu uma atuação colaborativa voltada para desmistificar a complexidade e as barreiras enfrentadas por quem deseja ingressar no comércio exterior
Paulo Rios de Oliveira, administrador-executivo da Aicep
Rubens Torres Medrano, presidente do Conselho de Relações Internacionais da FecomercioSP
Às vésperas da possível assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) tem intensificado a atuação a fim de aproximar as empresas paulistas das oportunidades no mercado do Velho Continente. Em reunião com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep), realizada em novembro, a Entidade defendeu uma atuação colaborativa voltada para desmistificar a complexidade e as barreiras enfrentadas por quem deseja ingressar no comércio exterior — sobretudo no interior do Estado.
“Estamos com muita esperança de que se assine o acordo entre Mercosul e União Europeia. Há um grande interesse de ambos os lados para que seja firmado. Embora, hoje, o grande comércio de importação esteja concentrado na capital, a FecomercioSP identifica que existe no interior paulista um ambiente muito fértil, que vem ganhando volume e assumindo uma posição econômica relevante. Procuramos levar essa visão da relevância do acordo para todos os cantos de São Paulo, envolvendo, inclusive, as empresas de menor porte”, enfatizou Rubens Torres Medrano, presidente do Conselho de Relações Internacionais da FecomercioSP, durante o encontro.
Na visão de Paulo Rios de Oliveira, administrador-executivo da Aicep, a parceria dos blocos será estratégica para dar mais escala e tamanho aos negócios brasileiros e portugueses. Ele salientou que o país europeu é a porta de entrada para mais de 450 milhões de habitantes e potenciais consumidores no continente. “Portugal, principalmente, é uma oportunidade para as empresas brasileiras. Há muito interesse do empresariado nacional em internacionalizar para lá, mas há um grande desconhecimento em torno dos mercados português e europeu como um todo”, afirmou. “Ainda que seja um acordo de grande alcance, essa empreitada precisa ser envolta em responsabilidade para ser sustentável e bem-sucedida. E isso não será fácil, tendo em vista que são mercados com bastante dificuldade regulatória.”
Segundo Oliveira, uma vez que o movimento natural desse acordo seja mais demanda dos produtos brasileiros para lá, a FecomercioSP e a Aicep poderão ajudar a disciplinar para que isso ocorra com rigor e organização. “É hora de se unir para guiar esses negócios nos processos de internacionalização, sobre quais os cuidados que devem tomar e onde encontrar potenciais parceiros”, complementou. “Estamos de portas abertas para montar uma missão com as empresas nacionais, mostrar aos empresários o que é Portugal e como fortalecer o Comércio.”
O diretor da delegação brasileira da Aicep, Francisco Saião Costa, ressaltou que a entrada em vigor do acordo será gradual, o que reforça a importância de ações conjuntas de preparação. “O documento, após ser assinado, não entrará em vigor de uma hora para a outra. O processo de harmonização tarifária será longo. É possível que trabalhemos juntos para promover a capacitação e a orientação das empresas sobre as novas regras. Temos muitas oportunidades a serem criadas, mas haverá diversas regras em termos de harmonização tarifária, rotulagem etc.”
Apesar de toda a dificuldade e do desconhecimento em torno daquele que deve se tornar um dos acordos mais relevantes do mundo, é inegável que este chega com o potencial de descentralizar o acesso ao comércio internacional. Para Ivo Dall’Acqua Júnior, presidente em exercício da FecomercioSP, essa mensagem precisa ser levada a todo o interior de São Paulo. “Hoje, os negócios já não têm cerca. Estamos desenhando algo para levar ao interior paulista a informação para que eles se enxerguem como protagonistas e parem de achar que somente a capital de São Paulo é que tem ligação com o continente europeu e com o restante do mundo. Há potencial enorme nas áreas da Saúde e Têxtil, por exemplo.”
Por fim, Medrano enalteceu o diálogo com a agência e a união de forças visando abrir mais portas ao empreendedorismo. “Não podemos deixar de integrar nossas pequenas e médias empresas ao comércio internacional. É basilar contar com bons parceiros para isso”, concluiu.
Prospecção de mercado
Quando o acordo estiver finalmente firmado, em 2026, a FecomercioSP deve promover um seminário para que o parceiro português mostre as dificuldades e as facilidades da relação comercial com aquele país, de forma a despertar nas empresas a vontade de se envolver.
Nesse sentido, a Fecomercio Internacional, unidade voltada para a internacionalização comercial, fornece orientação, suporte e networking na busca por novos mercados. A Federação também mantém diálogo constante com o Poder Público para esclarecer e pleitear leis e normas mais equilibradas ao comércio exterior.
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