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Negócios

Atacadistas de couro sofrem com redução de 30% no mercado

Além da crise econômica, os altos índices de importação estão entre os principais fatores negativos

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Atacadistas de couro sofrem com redução de 30% no mercado

Queda das vendas no varejo tem impacto nos negócios dos atacadistas do setor
(Arte TUTU)

O setor de atacado de couro e peles brasileiro já enfrentava grandes desafios com as transformações no mercado. Com a crise econômica brasileira, que afetou o varejo de produtos como roupas, calçados e acessórios, os atacadistas sentiram o agravamento do quadro, e chegaram a registrar queda de 30%, em média nas vendas de 2015, em comparação às de 2014. 

De acordo com o presidente do Conselho do Comércio Atacadista da FecomercioSP e do Sindicato do Comércio Atacadista de Couros e Peles de São Paulo, Ludgero Migliavacca, o segmento já havia ficado em segundo plano, pois a indústria está vendendo diretamente ao fabricante, tornando a concorrência desleal. 

“Além disso, embora o Brasil seja um dos maiores exportadores de couro in natura do mundo, os atacadistas não conseguem entrar no campo da exportação, pois exige um porte mais robusto para abarcar os custos”, diz Migliavacca. 

Para se ter uma ideia da situação do setor, segundo dados do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), das aproximadamente 45 milhões de peles produzidas no Brasil anualmente, ficam no mercado interno em torno de nove milhões. Dessa pequena parcela, somente 30% abastece o mercado atacadista, que distribui para as indústrias fabricantes de roupas, calçados, acessórios e artefatos de couro. 

A qualidade do material que é enviada para os atacadistas brasileiros também é um fator que interfere nos negócios. “Diante de todas essas dificuldades, o que o atacado interno recebe acaba sendo a pior matéria-prima”, afirma o diretor comercial da Casas de Couros Romeu, Rodrigo Saragiortto. A empresa, com sede na Capital, é familiar e está no mercado desde 1947, atendendo empresas, indústrias e artesãos (os sapateiros). 

O papel do atacado 

No entanto, os negócios no atacado se mostram fundamentais, sendo ressaltados pelo presidente executivo do CICB, José Fernando Bello. “É importante e eficiente, pois atende a pronta entrega por pequenos lotes, com formas diferenciadas de financiamento e agilidade. Trata-se de um mercado que tem flexibilidade para pequenas quantidades, qualidade que a grande indústria não tem.” 

Diante das dificuldades impostas por esses vários cenários, uma das saídas para os atacadistas tem sido o investimento no comércio de outros produtos para a fabricação de calçados e artefatos, como fivelas, cordões e variados adereços. 

Sentindo na pele 

A situação do mercado para os atacadistas tem sido acompanhada por Saragiortto. Ele  diz que as vendas das indústrias de couro e peles para as fabricantes de produtos fez o setor atacadista registrar fortemente os impactos nos últimos cinco anos. Segundo ele, nesse período houve redução de 15% no quadro de funcionários. 

“Agora, com a crise, sentimos muito o reflexo nas nossas vendas, pois a demanda por produtos no comércio varejista caiu e, consequentemente, a procura por matéria prima também foi reduzida”, conta o diretor. 

O resultado do mau momento da economia nacional foi uma queda de 40% nas vendas da empresa em 2015 para fabricantes de calçados, roupas e acessórios, quando comparado aos negócios fechados em 2014. Atualmente, a Casas de Couros Romeu comercializa 45 mil metros quadrados de peles por mês. Para se ter ideia do recuo, há cinco anos, o montante se aproximava dos 70 mil metros quadrados. 

“O lado bom da crise” 

No entanto, Saragiortto vê a crise com um lado positivo. “Enquanto perdemos 40% das vendas para as fabricantes, de 2014 para 2015, constatamos alta de 12% nas demandas dos artesãos de sapatarias, que realizam consertos.” 

A observação da empresa vai ao encontro do que sinalizou a FecomercioSP em 2015, quando foi observado  que todas as camadas sociais recorreram ao serviço de reparos em diferentes níveis durante 2014, sendo que a classe E desembolsou, por conserto, quase R$ 36, enquanto a classe A gastou R$ 393.    Os dados da Federação foram estimados com base em informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE. De acordo com a assessoria econômica da Entidade, como os efeitos da crise têm causado forte impacto no poder de compra dos consumidores, a tendência é de que as pessoas acabem optando pelo reparo. 

Futuro 

Para o diretor comercial da Casas de Couros Romeu, apesar de todos os percalços do setor, com a resolução do impasse político pelo qual passa o País, a perspectiva da empresa é positiva. 

“Estamos otimistas, pois não acreditamos que haverá piora. A tendência é que a demanda das fabricantes aumente, com a melhora da confiança do consumidor, que passará a comprar um pouco mais.”

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