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05/08/2014Congresso na FecomercioSP debate internet banking e dispositivos móveis
São Paulo, 5 de agosto de 2014 - Internet banking e mobile são os canais mais utilizados pelos clientes bancários para acessar suas contas, de acordo com pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O estudo, que reúne dados de 2013 de 18 instituições bancárias - responsáveis por 97% de agências no Brasil - foi revelado durante o VI Congresso Fecomercio de Crimes Eletrônicos e Formas de Proteção, realizado pelo Conselho de Tecnologia da Informação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
De acordo com o diretor setorial de Tecnologia e Automação Bancária da Febraban, Gustavo Fosse, essa foi a primeira vez que estes canais ultrapassaram outros meios disponíveis no setor (sem considerar o canal POS). Juntos, a internet banking e o mobile refletem 47% das transações efetuadas em 2013.
Fosse destacou o impacto da utilização do mobile pelo usuário, saltando de 0% em 2009 para 6% em 2013, devido, principalmente, à crescente penetração dos smartphones no país: em 2013, os aparelhos atingiram 25% da população. A internet chegou a 52%. Porém, essa porcentagem de transações bancárias (47%), segundo o especialista, representa em sua maioria, consultas bancárias. Quando se trata de movimentações financeiras, que envolvem valores, a internet banking é responsável por 18% e o canal POS por 30%. Já o mobile ainda não chega a 1%.O palestrante mencionou, ainda, a importância do investimento dos bancos em segurança e tecnologia. "A maior parte dos investimentos é em software. De 2009 a 2013, esse investimento foi elevado em 20%, porque as instituições bancárias precisam investir em análise de dados, aplicação de canais, big data, entre outros pontos" ressaltou.
No primeiro dia do evento, o Marco Civil da Internet foi outro ponto abordado com destaque. Para o diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getschko, a recém-sancionada legislação tende a evitar distorções no ambiente digital, a exemplo da proibição de venda de pacotes de conteúdo diferenciados. Para ele, nenhum provedor pode definir quais sites serão acessados pelo internauta, mas pode comercializar diferentes pacotes de velocidade, conforme determina o Marco Civil.
Já com relação à privacidade, o pesquisador e LLM em Propriedade Intelectual e Direito e Tecnologia, Renato Monteiro, considera uma falha a não definição de dado pessoal no Marco Civil, o que abre oportunidades para diferentes interpretações em casos de decisões judiciais.
Para falar a respeito da soberania, o delegado e chefe da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, Carlos Sobral, apontou que haverá uma melhoria com relação às investigações que, antes, sofriam obstáculos com as empresas instaladas no Brasil e que guardavam dados no exterior. "Com a nova legislação elas são obrigadas a cumprir a lei, respondendo à Justiça Brasileira", explicou Sobral.
Para o delegado de polícia e professor de crimes eletrônicos da Polícia Civil, José Mariano Filho, o Marco Civil da Internet impõe barreiras no trabalho da perícia forense computacional. Para ele, a lei é um retrocesso para a área da investigação, pois elimina a possibilidade de requisito de informações na internet, liberando apenas mediante ordem judicial, atrasando a investigação.
Hackers brasileiros
Durante o Congresso, o jornalista Paulo Brito, do portal Cibersecurity, apresentou a pesquisa que traça o perfil do hacker brasileiro. Segundo o levantamento, a maioria dos hackers brasileiros são homens, com idade entre 18 e 28 anos e que freqüentaram aulas em alguma faculdade. Na pesquisa, os indivíduos contam que aprenderam sozinhos a invadir computadores e derrubar redes e praticam invasões para ganhar experiência.
O levantamento, que teve início em junho deste ano e foi respondido por 52 pessoas, tem como objetivo entender como pensam e como agem os hackers brasileiros. 63% freqüentaram a faculdade e 27% têm o segundo grau completo. Mais de 37% deles ganham mais de R$ 2,5 mil mensais e possuem emprego, seja por ser funcionário em alguma empresa ou dono do próprio negócio, o que, segundo análise de Brito, "faz supor que são profissionais da área de tecnologia da informação. Quase 10% deles possuem automóvel e a maioria tem computador, notebook e smartphone.
Consumidores exigentes influenciam aquisição de softwares
O consumidor, que reinventa seu modo de consumir, e a regulamentação, que obriga o varejo a se movimentar são dois fatores que influenciam diretamente a escolha das ferramentas tecnológicas adequadas para o funcionamento das empresas de varejo, analisou Paulo Guimarães, responsável pela área de desenvolvimento de negócios da Bematech e diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Automação Comercial (AFRAC) no painel que abordou como realizar a correta aquisição de softwares.
Guimarães destacou a mudança no comportamento do consumidor nas últimas décadas, conforme pesquisa realizada no mundo todo (inclusive no Brasil) com mais de 62 mil pessoas. Hoje, o consumidor tem mais acesso a instrumentos digitais, como smartphones, e utiliza essa maior quantidade de ferramentas para pesquisar sobre os produtos que quer consumir.
De acordo com a pesquisa, 93% dos consumidores em 2012 tinham acesso a pelo menos um instrumento. Hoje, eles não utilizam mais apenas a televisão como fonte de informação para consumo. Os empresários, avalia, devem se perguntar se estão usando tecnologia adequada para captar a atenção do consumidor, se não está desperdiçando recursos.
Antonio Gesteira, diretor da área de Forensic Services e Consultoria de Riscos da KPMG, abordou a importância de considerar que todo negócio tem um ciclo de vida e a de trazer legalidade ao negócio. "Novas obrigações estabelecem premissas de legalidade e é preciso pensar em ações que combatem ou eliminam a informalidade", pontuou. Segundo ele, uma forma inteligente de contratar tecnologia de forma a mitigar riscos é através do conceito de gerenciamento de ativos de software. "Se elencarmos os principais gastos, tirando os realizados com aquisição de matéria-prima e mão-de-obra, os gastos com tecnologia e aquisição de software são significativos".
A tendência para tornar mais eficaz a aquisição e manutenção de softwares é reduzir a complexidade tecnológica. "Simplificação e maior transparência na gestão dos ativos são as palavras de ordem".
Segurança para PMEs
No painel que discutiu a segurança da informação para as pequenas e médias empresas, o assunto foi tido como item de competitividade, de acordo com a avaliação do sócio-diretor da Daryus Consultoria, Jeferson D'Addario.
Para ele, as empresas de menor porte não têm a cultura de investir em segurança, fator que pode prejudicar a saúde dos negócios. "As micro e pequenas empresas não costumam fazer um planejamento estratégico e a segurança da informação é um insumo básico hoje. O que falta no Brasil é formação estratégica do empresariado para ele entender isso. É uma questão de reeducação do País", avaliou.
O gerente de engenharia de sistemas da McAfee, Bruno Zani, chamou a atenção para outra realidade das micro e pequenas empresas: o fato de terem pouca mão de obra para lidar com as ameaças. Muitas vezes não há uma área de segurança da informação ou de tecnologia. O especialista pontuou como obstáculos as políticas internas de segurança fracas ou liberais, falta de tempo e verba para os desafios da segurança e a necessidade de equilibrar essas preocupações com a produtividade da companhia.
O painel sobre segurança para micro e pequenas empresas também contou com a participação do diretor do departamento de segurança da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Cassio Vecchiatti, da presidente da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), Selma Migliori, além do sócio-fundador da Jerovia, Paulo Camargo. O debate foi mediado pela jornalista especializada em TI e Telecom da Editora Computerworld do Grupo Now Digital, Edileuza Soares.
O VI Congresso Fecomercio de Crimes Eletrônicos e Formas de Proteção continua hoje, com apresentações sobre direito à intimidade, tendências no e-commerce, arbitragem no direito eletrônico, voto eletrônico e pagamentos móveis.
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