Notamos que você possui
um ad-blocker ativo!

Para acessar todo o conteúdo dessa página (imagens, infográficos, tabelas), por favor, sugerimos que desabilite o recurso.

Economia

Convergência é chave para enfrentar desafios fiscal e educacional do País, afirma Pedro Malan

Ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central defende diálogo e respeito aos fatos como meios de solucionar o que julga ser os principais problemas do Brasil

Ajustar texto A+A-

Convergência é chave para enfrentar desafios fiscal e educacional do País, afirma Pedro Malan

Pedro Malan acredita que "correções de rumo" podem surgir por meio do diálogo
(Foto: Christian Parente)

Mesmo que o conflito de ideias e opiniões esteja presente na sociedade, é fundamental que os grupos envolvidos, por meio do diálogo e do respeito aos fatos, convirjam para que se possa avançar nas pautas cujos efeitos determinam os rumos do País. De acordo com o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Pedro Malan, o déficit fiscal e a educação incipiente são os principais desafios de curto e longo prazos, respectivamente, que requerem convergência de forças políticas para que o Brasil prospere.

Em entrevista ao UM BRASIL, Malan salienta que parte das dificuldades econômicas que o País enfrenta se deve ao “intervencionismo com objetivo meritório” – posto em prática a partir da segunda metade da década de 2000, elevando o gasto público – e que sem um entendimento coletivo para atacar o problema, o Estado se tornará inoperante.

Veja também
Democracia brasileira sofre processo lento de degradação, alerta Scott Mainwaring
Brasil sofre de “anemia” de produtividade e “obesidade” do setor público, diz Otaviano Canuto
Escolas ainda produzem analfabetos funcionais, critica Claudia Costin

“É muito complicado tentar avançar numa busca de convergência quando as pessoas não entram em acordo de forma alguma sobre qual é a natureza da evidência disponível”, pontua, referindo-se a discursos que tentam negligenciar fatos e dados. Ele complementa citando uma questão ainda em debate: “O problema da Reforma da Previdência é que, se não for feita, tende, do jeito que [o déficit] está crescendo, a expulsar do orçamento gastos com saúde, educação, segurança. Eles competem. Os recursos não são infinitos.”

Malan ressalta que, na busca pelo progresso, a discussão sobre Estado máximo ou mínimo está ultrapassada e o que interessa é a qualidade dos serviços públicos oferecidos em contrapartida aos tributos pagos pela população. “Não me incluo entre aqueles que acham que o Estado tem de ser mínimo. Sempre achei essa discussão fora de foco. O Estado deve fazer aquilo que lhe cabe”, assevera.

portal__733__charges-5anosub-pedromalan_1

Diante das novas tecnologias e competências exigidas pelo mercado de trabalho, o doutor em Economia pela Universidade de Berkeley frisa que a “educação é um problema central” e que o aprendizado deve ser proporcionado “nas idades certas, os anos iniciais de vida”, para equalizar oportunidades.

“O papel do setor público é de fazer aqueles que não tiveram privilégios estar em equalização de oportunidades, e tem que ser nos anos iniciais. Não pode fazer isso no ensino médio, ou na universidade, porque aí já perdeu tempo. Esse é o grande desafio”, reforça. “O foco deveria ser o direito inalienável do aluno de aprender. Devia haver um direito de aprender na idade certa, e não tentar aprender um dia quando se ficou para trás.”

Malan avalia que a maneira pela qual o País venha a lidar com os desafios fiscal e educacional determinará o que será da sociedade brasileira. “Já vi inúmeras vezes as pessoas mudarem de opinião gradativamente porque se beneficiam do diálogo, das novas evidências e argumentos. Podemos ter mudanças que representem genuínas correções de rumo em função do diálogo, por isso atribuo tanta importância a ele”, conclui.

A entrevista é resultado do evento "III Fórum: A Mudança do Papel do Estado", uma realização UM BRASIL; Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP); Columbia Global Centers | Rio de Janeiro, braço da Universidade Columbia; Fundação Lemann; revista VOTO; e Instituto de Estudos de Política Econômica – Casa das Garças.

Confira a entrevista a seguir na íntegra:

Fechar (X)