Economia
24/11/2025Expectativas para a Black Friday e fim de ano melhoram a confiança das famílias
Mesmo diante das incertezas econômicas, as percepções de confiança e consumo apresentaram leve avanço em outubro
A desaceleração da economia e as proximidades da Black Friday e do Natal incentivaram o consumo das famílias paulistas em outubro. De acordo, com Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que reflete percepções sobre o ambiente econômico e as expectativas de longo prazo, avançou 3,1% em relação a setembro, registrando 113,6 pontos [gráfico 1]. A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que mede o humor e a propensão imediata ao consumo, sinalizou leve melhoria, com alta de 1,1% em outubro, alcançando 107 pontos [gráfico 2].
[GRÁFICO 1]
Índice de Confiança do Consumidor (ICC)
Série histórica — 13 meses
Fonte: FecomercioSP

[GRÁFICO 2]
Intenção de Consumo das Famílias (ICF)
Série Histórica — 13 meses
Fonte: FecomercioSP

Segundo a FecomercioSP, os resultados dos índices indicam que o atual cenário das famílias brasileiras é de otimismo pontual, impulsionado pela sazonalidade das datas comemorativas e a injeção de recursos do décimo terceiro salário, que reforçam o consumo de bens de menor valor e o pagamento de dívidas. No entanto, o comportamento ainda é marcado por cautela estrutural, em razão dos juros elevados, da renda mais contida e do crédito restrito.
Momento atual melhora, mas perspectivas econômicas ainda preocupam
Apesar do leve avanço do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em outubro, o indicador permanece abaixo do nível registrado no mesmo período do ano passado, com queda de 6,1% — a 15ª retração interanual consecutiva. O resultado reflete a percepção de que a recuperação econômica segue frágil e desigual entre as diferentes faixas de renda.
Os componentes do ICC mostram avanço na avaliação dos lares sobre o momento atual: o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) apresentou alta de 3,5%, chegando a 109,5 pontos, enquanto o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) cresceu 2,9%, indicando um otimismo moderado em relação aos próximos meses. Ainda assim, na comparação anual, os dois indicadores registram retrações de 3,5% e 7,6%, respectivamente, evidenciando um quadro de cautela e endividamento elevado [gráfico 3].
[GRÁFICO 3]
Subíndices do Índice de Confiança do Consumidor (ICC)
Série histórica — 13 meses
Fonte: FecomercioSP

Esse movimento é motivado pela desaceleração da inflação, pela redução do desemprego e pela proximidade de datas sazonais, além da injeção do décimo terceiro salário, que contribui para aumentar a liquidez das famílias, permitindo quitar dívidas, consumir ou formar reserva financeira.
Indicadores permanecem na zona de pessimismo
Os resultados do Índice de Confiança do Consumidor (ICF) apontam que o consumidor ainda evita assumir compromissos de longo prazo, especialmente na compra de bens duráveis. A inflação persistente e a conjuntura internacional adversa continuam limitando o ímpeto de consumo e o acesso ao crédito.
Três dos sete componentes do índice permanecem na zona de pessimismo: Momento para Duráveis (70,6), Nível de Consumo Atual (83,9 pontos) e Perspectiva de Consumo (98,2 pontos). Na comparação anual, Momento para Duráveis (-9,1%) e Renda Atual (-3,2%) sofreram quedas, o que indica melhoria pontual na percepção das famílias, mas ainda sem condições sólidas de retomada do consumo [tabela 1].
[TABELA 1]
Índice de Confiança do Consumidor (ICF) — renda, gênero e idade
Fonte: FecomercioSP
Na análise por faixa de renda, as famílias com até dez salários mínimos registraram alta de 1,1%, alcançando 105,1 pontos, e crescimento de 5,1% na comparação anual, estimulado pela desaceleração da inflação. Já entre os lares com renda superior a dez salários mínimos, o indicador subiu 1,2%, para 112,4 pontos, mas apresentou queda de 5,1% em comparação com o mesmo período do ano anterior — refletindo a maior sensibilidade dessa faixa às condições macroeconômicas, como incertezas fiscais e volatilidade internacional.
De acordo com a FecomercioSP, a manutenção da taxa Selic segue encarecendo o crédito e limitando o consumo de bens duráveis, o que mantém a percepção de dúvida entre os consumidores. Assim, a sustentabilidade do consumo em 2026 dependerá da capacidade do País de retomar o crescimento econômico de forma equilibrada e consistente.
Estratégias para as empresas no fim do ano
O comportamento do consumidor tende a ser mais racional, com foco em produtos essenciais e condições de pagamento facilitadas. Assim, empresas que ampliarem a eficiência logística, oferecerem crédito responsável e investirem em programas de fidelização terão vantagem competitiva. Além disso, promoções personalizadas e incremento na experiência de compra digital devem ganhar destaque no período.
Os resultados dos índices nos últimos meses reforçam que a economia ainda não apresenta bases fortes para uma retomada consistente do consumo. Por isso, o empresariado deve manter atenção às políticas monetária e fiscal. No curto prazo, é estratégico aproveitar o impulso sazonal, enquanto no longo prazo, é essencial posicionar a marca com confiança e estabilidade diante de um cliente mais seletivo e racional.