Sustentabilidade
13/09/2015Mercado da reciclagem precisa investir no manejo de produtos eletrônicos
O comércio de aparelhos é inovador e dinâmico, mas os processos para descarte e reciclagem ainda se mostram ineficientes

Por Deisy de Assis
O interesse do consumidor por produtos com recursos mais modernos, somado aos lançamentos de eletrônicos com novas tecnologias em um espaço de tempo cada vez menor, tem encurtado o período de uso destes equipamentos. Na contramão, os investimentos nos processos para o descarte correto e a reciclagem desses bens não caminham na mesma velocidade, o que representa um desafio à sustentabilidade.
O termo “obsolescência planejada”, criado durante a crise econômica de 1929 a fim de estimular o consumo, define a prática de produção de bens com vida útil reduzida, que reforça o aumento da frequência de descartes. Atualmente, na França, uma lei estabelece pena a empresas e empresários que adotarem a prática.
Para a assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, Cristiane Cortez, trata-se de uma questão complexa, uma vez que o comportamento do consumidor pode influenciar a produção de bens. “Lamentavelmente, as pessoas estão mais estimuladas ao consumo do que às reflexões sobre os danos ao planeta.”
O fato de faltarem ações que motivem o consumidor a descartar os aparelhos eletrônicos de forma correta, de acordo com Cristiane, contribui para esse cenário negativo à sustentabilidade dos processos.
"Existem várias empresas, como é o caso de operadoras de telefonia celular e serviço de internet, que mantêm dispositivos para o descarte dos aparelhos em suas lojas. No entanto, é preciso informar, educar e conscientizar para que o consumidor faça a escolha certa”, argumenta.
A etapa do descarte, porém, é apenas a primeira de um processo para a destinação sustentável. Cristiane comenta que são escassos os investimentos para a intensificação do tratamento desses aparelhos no mercado da reciclagem.
Articulação da iniciativa privada
Além disso, falta capacitação nas cooperativas e a instalação de postos de coleta pela a iniciativa privada (fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes), que deve coletar, tratar, destinar e dispor os resíduos eletroeletrônicos pós consumo. “As prefeituras podem fazer campanhas especiais de coleta em parceria com a iniciativa privada, sendo que os fabricantes e importadores devem arcar com estes custos da logística reversa”, sugere Cristiane.
Segundo a empresa Radial - criada pelo empreendedor francês Amaury Bertaud, com a proposta de aliar ecologia e economia para dar dinamismo ao mercado brasileiro da reciclagem de eletrônicos -, 98% dos brasileiros não destinam o celular antigo à reciclagem e 95% não sabem que o aparelho pode ter uma segunda vida.
Nesse sentido, a assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP menciona que a reciclagem deve ser vista não exclusivamente como um meio de evitar danos ao meio ambiente, mas como um mercado, que gera emprego, renda, contribuindo assim para o real desenvolvimento sustentável, baseado nos pilares econômico, social e ambiental.
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