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Negócios

Mercado de luxo cresce mesmo com a crise

Setor que atende às classes mais ricas tem planos de amadurecer no País nos próximos cinco anos, conquistar novo público e ultrapassar o eixo Sul-Sudeste

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Mercado de luxo cresce mesmo com a crise

"O brasileiro tem um perfil consumidor extraordinário porque ele se permite", disse o presidente da MCF Consultoria, Carlos Ferreirinha.
(Arte/TUTU)

O período de pressão econômica no Brasil não abala os consumidores de maior poder aquisitivo, que sofrem menos com os efeitos da inflação e deterioração da renda. Prova disso são os resultados do mercado de luxo, que atende, principalmente, ao público da classe A. No ano passado, o segmento cresceu de 11% a 13%, segundo dados levantados em encontros realizados pela Associação Brasileira das Empresas de Luxo (Abrael).

Enquanto especialistas projetam mais um ano de recessão para a economia brasileira em 2016, o segmento de produtos e serviços de luxo prevê uma expansão igual a do ano passado, entre 11% e 13%. "O mercado de luxo também passa pela crise, acompanhando o País, mas é atingido com menos intensidade", aponta o presidente da Abrael, Freddy Rabbat.

Mercado brasileiro

O brasileiro gosta de comprar. É o que dizem os especialistas ao explicar uma das razões para o segmento de luxo ter espaço para crescer ainda mais no País. "O brasileiro tem um perfil consumidor extraordinário porque ele se permite", indica o presidente da MCF Consultoria, Carlos Ferreirinha.

O Grupo Technos, empresa de acessórios que traz para o Brasil marcas de relógio de luxo, define o consumidor daqui como atraente para esse negócio. "O brasileiro segue e é muito influenciado pelo poder das marcas, principalmente no segmento da moda, e isso tem um peso muito grande no nosso mercado”, explica a gerente de marcas internacionais, Laura Goretti

Ferreirinha, acredita que o desafio do mercado de luxo se assemelha ao enfrentado pelos empresários de outros setores. "Nós sentimos o fato da imprevisibilidade. Não sabemos como o dólar se comportará nos próximos anos, o cenário muda e os impostos sofrem ajustes o tempo inteiro. Essa falta de capacidade de previsão no Brasil é a maior dificuldade, porque o mercado de luxo faz planos de longo prazo e investimentos duradouros. Então, é preciso olhar muito à frente".

Câmbio favorável

O dólar em alto patamar tem impulsionado as compras de luxo feitas no Brasil em detrimento das antes realizadas no exterior. "As marcas de luxo aqui foram favorecidas com o baixo consumo internacional. Além disso, por enquanto, parte dos valores com a explosão cambial não foi repassada para o cliente. Mas, neste ano, isso será reajustado e haverá aumento de todos os custos. De certa forma, a redução do consumo internacional favorece o doméstico", explica Ferreirinha.

Potencial do País

A Azimut Yachts percebeu o ambiente favorável ao investimento no segmento no País. Em 2010, construiu uma fábrica de iates de luxo em Santa Catarina, com uma área de 3 mil metros quadrados. "Antes da instalação da fábrica da Azimut no Brasil, a empresa já comercializava seus iates em terras brasileiras com grande aceitação. O público brasileiro é, em geral, um grande apreciador da cultura italiana e da excelência em produtos e serviços. Além disso, o mercado náutico brasileiro, apesar de jovem, tem grande potencial", aposta o CEO da empresa no Brasil, Davide Breviglieri.

Os planos por aqui não param e a ideia é explorar as demais regiões. "No Brasil, além de ações da marca no Sul e Sudeste, estamos fortalecendo a presença no Nordeste, especialmente na Bahia, com a oficialização de um novo revendedor", diz Breviglieri.

Esse olhar para outras localidades é uma das orientações de Ferreirinha para o luxo ganhar mais força no Brasil. "Algumas regiões como Centro-Oeste, Nordeste, Norte e interior de São Paulo estão com crescimento de renda muito forte. Os bolsões de consumo tendem a apresentar alternativas.”

Médio prazo

A expectativa das marcas de luxo é que, assim que o Brasil sinalize movimento de melhora, o segmento avance rapidamente. "Mesmo em período de crise vemos uma possibilidade de expansão. Entendemos que, passando a crise, o luxo volte a crescer num ritmo mais acelerado que o crescimento econômico no geral, porque o potencial é enorme", indica Laura, do Grupo Technos.

Freddy Rabbat, da Abrael, acredita que as empresas que chegam por aqui devem tentar conquistar novas praças além do eixo Rio–São Paulo. "O grande crescimento acontecerá quando as companhias conquistarem outros Estados. Isso está acontecendo, mas devagar", revela.

Quanto à maturidade do consumo de luxo, Rabbat espera um período de menos de uma década para alcançá-la. "Aposto que teremos um Brasil bem mais moderno quanto a isso em cinco anos", acredita.

Confira a reportagem na íntegra, publicada na revista Conselhos.

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