Economia
15/07/2016Sociedade brasileira escolheu ter carga tributária alta, diz professor Samuel Pessôa
Segundo ele, Estado de bem-estar social abrangente é um modelo reproduzido dos países da Europa continental
“Não há nada na teoria econômica que diz que um modelo é melhor do que o outro, são modelos incomparáveis”, afirma o professor
O Brasil é um país de carga tributária alta porque a sociedade escolheu seguir o modelo de Estado característico dos países da Europa Central, explica o doutor em Economia e professor da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro, Samuel Pessôa.
“Cada economia escolhe o seu caminho. Temos uma carga tributária alta no Brasil porque a sociedade escolheu ter um Estado de bem-estar social amplo e abrangente”.
Em entrevista à plataforma UM BRASIL, Pessôa diz que o Estado brasileiro é grande porque tem a responsabilidade de fornecer serviços públicos como saúde, educação, previdência, seguro-desemprego etc. Em outras sociedades, como os Estados Unidos e a Ásia, essas assistências não existem ou são realizadas em menor escala.
“Não há nada na teoria econômica que diz que um modelo é melhor do que o outro, são modelos incomparáveis”, afirma o professor.
Para ele, nos últimos anos o Brasil se perdeu de seu próprio caminho, traçado inicialmente no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2002) e que durou até o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (2003 – 2010). Mais especificamente na resposta do governo à crise financeira de 2009 que o desvio de rota da política econômica se consolidou. Segundo ele, o governo petista levou a economia do País de volta a uma ideologia ultrapassada, centrada na intervenção dos mercados.
“Tenho muita dificuldade em entender por que o PT mudou a política econômica. A política do Palocci [ministro da Fazenda de 2003 a 2006] estava dando certo. Essa mudança destruiu o País, mas destruiu o PT junto com o País.”
Samuel Pessôa acredita que a recuperação da economia brasileira vai ser lenta e diz que o Brasil precisa enfrentar seu problema fiscal, uma vez que os gastos avançaram mais do que o ritmo da atividade econômica nos últimos anos. “O Estado criou um monte de privilégios que precisam ser enfrentados”, afirma.
Veja abaixo a entrevista na íntegra:
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