Editorial
11/03/2025Sustentabilidade, educação e história política são alguns dos destaques da Revista Problemas Brasileiros
Quão verdes podemos ser? A reportagem de capa da nova edição discute as contradições de um Brasil que tem nas mãos a chance de capitanear a agenda global por um planeta sustentável

O Brasil se prepara para sediar a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, capital do Pará. Será a primeira edição na Amazônia, dez anos depois do Acordo de Paris, e na sequência da COP29, considerada um fracasso por ambientalistas.
Contudo, ao mesmo tempo em que desfruta de um capital natural para liderar ações para conter as mudanças climáticas, o País convive com altos índices de desmatamento. Tema de destaque da nova edição da Revista Problemas Brasileiros, a reportagem de capa discute as contradições de um país que tem nas mãos a chance de capitanear a agenda global por um planeta sustentável.
Segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, para assumir tal liderança, o Brasil precisa zerar o desmatamento, diversificar a produção de energia limpa e adotar uma postura mais ousada na agenda ambiental — lição de casa que parece longe da conclusão, com um prazo urgente diante da intensificação, em força e frequência, dos eventos climáticos extremos.
Bioeconomia e a força da floresta
A farta variedade de espécies amazônicas atrai cientistas de todo o mundo para o potencial curativo dessas plantas. Mas a força da selva poderia, também, ser caminho para o desenvolvimento sustentável da região — mote da reportagem Farmácia natural, que apresenta o potencial brasileiro, em especial da Amazônia, para desenvolver sua economia num setor ainda pouco explorado, o dos fitoterápicos.
O assunto ganha relevância num momento em que o Brasil corre contra o tempo para apresentar ao planeta iniciativas ligadas à sua rica biodiversidade: são 46.975 espécies diferentes de plantas nativas e 8.333 de árvores, segundo a plataforma online Flora do Brasil 2020, que conta com dados coletados e validados por 979 pesquisadores de 224 instituições em 25 países.
Com tamanha exuberância, seria de se esperar que o Brasil fosse uma potência no processamento de plantas medicinais e produção de fármacos fitoterápicos, mas a ausência de estratégias públicas e a falta de interesse do capital privado colocam o País em uma posição pífia, segundo estudo do Instituto Escolhas.
A medicina que vem da floresta é apenas uma das vertentes de algo maior, a bioeconomia, assunto tratado na entrevista com Carina Pimenta, secretária nacional de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) desde 2023. Administradora de empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e mestra em Desenvolvimento Social pela Universidade de Sussex, na Inglaterra, Carina gerenciou o Fundo Vale e, em 2018, participou do lançamento da Conexsus, instituição que promove negócios de impacto socioambiental.
Na conversa, Carina reforça que o Brasil é a nação mais biodiversa do mundo, com mais de 20% das espécies do planeta distribuídas em seus biomas. É com base na diversidade de recursos naturais que o País gera parte de suas riquezas, premissa da bioeconomia.
Até 2050, o segmento pode gerar até US$ 284 bilhões por ano para a Indústria, segundo a Associação Brasileira de Bioinovação (Abbi) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “Não enxergamos na bioeconomia apenas desenvolvimento econômico, mas também o desenvolvimento completo: social, ambiental e econômico”, defende Carina. E acrescenta que esse modelo econômico é parte das oportunidades que o Brasil tem em uma revolução verde, que passa pelo uso de ativos biológicos por vários setores e indústrias. “Temos muito a aprender com a natureza e então transpor para a nossa economia”, ressalta.
O futuro é agora
O que acontece na primeira infância, fase que vai até os seis anos, deixa marcas para toda a vida. Nesse período do desenvolvimento, novas conexões cerebrais ocorrem em um ritmo de até um milhão por segundo, taxa que nunca mais se repetirá ao longo da vida. Isso significa que o cérebro está altamente sensível a experiências sensoriais, emocionais, sociais e cognitivas — e essas experiências vão moldar o cérebro e todo o corpo de forma permanente.
É na primeira infância, costuma-se dizer, que se abrem muitas janelas de oportunidades. Afinal, um desenvolvimento adequado nos primeiros anos — mental, emocional, social e físico — cria as bases do desempenho intelectual, uma melhor regulação emocional, mais integração social e mais saúde física até a velhice. No entanto, quando faltam as oportunidades — seja de acesso a óculos ou à rede de saneamento —, as consequências negativas limitam o futuro dessas crianças e, de forma ampla, o potencial de toda a sociedade, como mostra a reportagem Infância, alicerce do futuro.
A falta de áreas verdes nos centros urbanos e as consequências para o clima são outro aspecto de sustentabilidade apresentado pela edição. Para isso, a reportagem Dois séculos de luz, conta a história da primeira área verde pública de São Paulo, que em 2025 completa 200 anos. Cravado em uma região que contrasta a deterioração do centro com ícones da cultura e arquitetura paulistanas, o Jardim da Luz está numa área que tem se tornado cada vez mais efervescente e multicultural.
Nossa história
E há 40 anos, no dia 21 de abril de 1985, morria no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas de São Paulo, aos 75 anos, o então presidente eleito Tancredo Neves. Foi o desfecho de uma tragédia que, em poucos meses, levou o povo brasileiro da euforia pelo fim da ditadura militar ao desespero por perder o líder civil moderado. Tancredo construíra uma transição pactuada após a derrota, no ano anterior, da emenda constitucional que restabelecia as eleições diretas para a Presidência da República. A reportagem 40 anos de uma tragédia brasileira lembra o desenrolar desses acontecimentos, da eleição à morte do político mineiro.
Matéria originalmente publicada na Revista Problemas Brasileiros, uma realização da Federação.
A FecomercioSP acredita que a informação aprofundada é um instrumento fundamental de qualificação do debate público sobre assuntos importantes não só para a classe empresarial, mas para toda a sociedade. É neste sentido que a entidade publica, bimestralmente, a Revista Problemas Brasileiros.
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