Sustentabilidade
13/10/2025Varejo nacional avança com plano ambicioso de descarbonização
Leroy Merlin e C&A apresentam estratégias de redução de emissões de carbono e destacam o envolvimento da cadeia produtiva para acelerar a transição verde

Em um momento em que o Brasil ganha atenção mundial com a 30ª Conferência das Partes (COP30) dos países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), além de se firmar como uma das lideranças no combate à crise climática, empresas nacionais mostram que o Varejo também pode (e deve) promover estrategicamente o compromisso global de descarbonização. A Leroy Merlin e a C&A são dois exemplos dessas companhias, as quais têm metas ambiciosas e integram o Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
A Federação convidou as duas empresas para participarem da live Encontros COP30: Clima, Impacto & Mercado — os Desafios da Mitigação e da Adaptação, que discutiu estratégias globais de sustentabilidade e os caminhos que podem servir de exemplo ao setor produtivo.
“Hoje, a C&A tem cinco compromissos públicos que conectam a agenda de mudanças climáticas e a economia circular de diferentes formas: atingir 80% de matérias-primas sustentáveis até 2030; alcançar 50% de princípio de circularidade nas nossas peças no mesmo prazo; reduzir em 50% o uso de plástico; e cortar 42% das emissões de carbono até o fim desta década, além de metas de diversidade”, explicou Nivea Pizzolito, gerente de ASG (Ambiental, Social e de Governança) da companhia.
As ações da empresa também envolvem os consumidores. “Estamos reforçando o nosso compromisso com a economia circular ao permitir que clientes descartem roupas usadas de qualquer marca, que posteriormente são doadas ou recicladas”, complementou a gerente.
A Leroy Merlin, por sua vez, centenária do ramo de construção e decoração, mantém um compromisso de redução de 5% de emissão de carbono ano a ano, chegando a 50% no total até 2035. “Também temos nos concentrado em fortalecer nossos processos internos e revisar nossas instalações. Todas as nossas construções têm, hoje, 100% de qualidade ambiental, certificadas por selos internacionais de uso eficiente de água. Muitos deles também são reconhecidos como ‘edifícios verdes’, com soluções já implementadas de eficiências energética e hídrica”, destacou Andressa do Espirito Santo Borba, diretora de Impacto Positivo e Comunicação Corporativa da companhia.
Segundo José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, é muito importante que as empresas sigam esses exemplos e mantenham seus indicadores, durante uma série longa de anos, para que seja possível mensurar o avanço concreto. “Um indicador de sustentabilidade é uma linha temporal que mostra o que está melhorando, o que está piorando e o que permanece inalterado.”
Envolvimento da cadeia produtiva
A Leroy Merlin tem mapeado os principais pontos geradores de gases poluentes que afetam a qualidade do ar. Hoje, 90% das emissões vêm dos produtos vendidos nas lojas. Por isso, foi feito um diagnóstico das principais categorias emissivas para, em parceria com a Indústria, desenvolver soluções conjuntas que envolvem desde a escolha da matéria-prima e a manufatura até o uso — garantindo que, ao fim da vida útil, esses insumos possam retornar à cadeia produtiva.
“Nós trouxemos a cadeia produtiva para desenvolver soluções conosco. Um exemplo é o ar-condicionado, uma das famílias de produtos mais emissivas. Em conjunto com a Indústria, estamos substituindo o gás utilizado no equipamento por um menos poluente. O produto também é pensado para ter uma melhor eficiência energética”, enfatizou Andressa.
A C&A também envolveu os fornecedores na agenda de sustentabilidade. “Como uma rede, podemos incentivar e influenciar que nossos parceiros também se engajem. Isso nos dá um diferencial competitivo de oferecer produtos com atributos sustentáveis”, completou Nivea. “Esse movimento só é possível com trabalhos colaborativo e setorial entre diversas empresas para desenvolver novas tecnologias e dar escala à inovação.”
O debate com a Leroy Merlin e a C&A foi o terceiro painel dos Encontros COP30, realizado pela FecomercioSP no último dia 3. Confira o bate-papo na íntegra!
O evento também contou com a participação de Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente (2010–2016) e integrante do Pacto Global da ONU; Aloisio Melo, secretário Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente; e Suely Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, que abordaram as expectativas para a COP30 e as estratégias nacionais de mitigação e adaptação. Clique aqui e confira as discussões ocorridas nos dois primeiros painéis.