Economia
30/10/2023Sem mudar gasto público, não resolveremos problema fiscal com mais tributação
Canal UM BRASIL entrevista Alexandre Schwartsman, economista e ex-diretor do Banco Central
Nas últimas décadas, a expansão da carga tributária para 34% do Produto Interno Bruto (PIB) — sem conseguir deixar as contas públicas no azul — acende um alerta sobre a insistência nos erros que condenam a economia brasileira a um baixo crescimento, mais dívida, menos superávit e alta carga tributária.
“A nossa resposta para o desequilíbrio fiscal é aumentar a arrecadação, não cuidar do desequilíbrio fiscal. Mesmo com o aumento da arrecadação com PIS/Cofins e CPMF, voltamos a ter problemas fiscais, pois não olhamos para o gasto. Em 1997, a despesa do governo federal era equivalente a 14% do PIB; hoje, está em 20% ou mais. Se os custos continuarem crescendo, vamos continuar expandindo a arrecadação?”, questiona Alexandre Schwartsman, economista e ex-diretor do Banco Central (Bacen). “Isso tem efeitos negativos no nosso crescimento. Não vamos ‘sair do buraco’ tributando mais.”
Em entrevista ao Canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, Schwartsman destaca que o País precisa de um superávit primário superior a 2% do PIB para produzir uma queda sustentável da dívida pública, o que é desafiador para o recém-criado arcabouço fiscal. “O regime propõe, para 2026, chegar a 1% de superávit, com todos os obstáculos que terá no caminho. A nossa trajetória de endividamento é muito mais rápida.”
VEJA TAMBÉM
“É fácil vaticinar que o arcabouço fiscal terá o mesmo fim do teto de gastos. Nós não mexemos na estrutura fiscal. Fizemos a Reforma da Previdência, mas foi um pedaço da história. Teremos de fazer mais nessa área. Não mexemos com o funcionalismo, com vinculação; não repensamos programas sociais e estamos gastando mais do que precisaríamos para obter o mesmo resultado do ponto de vista de redução de pobreza e miséria. Também aumentamos o grau de rigidez do orçamento e o nível de gasto”, argumenta. “É uma questão de tempo até o custo obrigatório alcançar o novo limite e precisarmos jogar fora o arcabouço fiscal”, adverte o economista.
No bate-papo, ele ainda pondera que o País tem falhado em avançar na integração com os fluxos de comércio exterior. “Até avançamos muito na questão da exportação e da importação, mas não por uma política deliberada. Não temos nenhum plano concreto. O acordo com a União Europeia ‘morreu’. Os passos de aprofundamento da integração internacional estão ausentes”, conclui.
Ao mencionar esta notícia, por favor referencie a mesma através desse link:
www.fecomercio.com.br/um-brasil/materias/sem-mudar-gasto-publico-nao-resolveremos-problema-fiscal-com-mais-tributacao
Notícias relacionadas
-
Mercado
Projeções de vendas do Dia das Crianças estão em alta
Valor, que representa expansão em comparação ao mesmo período de 2023, reflete cenário econômico estável
-
Brasil
Crise habitacional exige planejamento e investimentos
BrasilElevação da Selic preocupa o Bacen com excesso de demanda
PesquisasFamílias paulistanas estão um pouco mais otimistas, mas ainda cautelosas no consumo
Recomendadas para você
-
Modernização do Estado
Reunião Plenária: Maílson da Nóbrega analisa cenário global
Resiliência e capacidade para realizar reformas são fundamentais para o Brasil superar a instabilidade
-
Brasil
Confiança dos empresários registra menor patamar desde dezembro de 2023
Percepção em relação às condições econômicas atuais volta a subir, mas segue em patamar pessimista
-
Inteligência Artificial
FecomercioSP, INCC e GSI na construção da estratégia nacional de cibersegurança
Entidades entregaram sugestões para enfrentar as ameaças cibernéticas e fortalecer a cultura nacional
-
Pesquisas
Empresários paulistanos estão mais cautelosos
Pesquisa da FecomercioSP avalia que a perspectiva sobre contratações e novos investimentos recuou 1,8%