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Editorial

Brasil brilha em competição mundial

Grande imprensa tem condições para corrigir o descaso e enaltecer os que ensinam e os que aprendem neste País

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Brasil brilha em competição mundial
Segundo Pastore, o que mais nos prejudica é a educação de má qualidade que é passada aos nossos jovens (Arte: TUTU)

Por José Pastore*

Eu não me conformo com a nossa imprensa por ter dado tão pouca atenção aos jovens brasileiros que brilharam na mais difícil competição internacional de qualificação profissional - a World Skills, realizada mês passado em Lyon (França). Mais de 1.400 competidores de 70 países realizaram provas duríssimas durante quatro dias. Os 64 brasileiros que concorreram colocaram o Brasil em segundo lugar. Só atrás da China.

Bruna P. Martins, aluna do curso de cabeleireiro do Senac-RJ, ganhou uma gloriosa medalha de ouro. André L. Dono (Senai-SP), João L. Guimarães (Senai-SP), Victor Rodrigues Ferreira (Senai-MG) e Estéfany M. S. Marengoni (Senac-PR) ganharam medalhas de prata. Houve, ainda, 3 de bronze e 27 de “excelência profissional”.

O feito merecia mais divulgação. Afinal, estamos muito mal no campo dos recursos humanos. Segundo dados de 2024, coletados pelo Institute of Management Development (IMD), Lausane (Suíça), entre 67 países, o Brasil está na penúltima posição ranking de talentos. O que mais nos prejudica é a educação de má qualidade que é passada aos nossos jovens. Sistematicamente, eles demonstram pouca habilidade de raciocínio, compreensão inadequada de textos, baixo domínio de operações matemáticas e pobreza em línguas.

Essas qualidades são fundamentais no mundo das novas tecnologias. Sem elas, os profissionais não conseguem se “repaginar” para entrar no novo mundo do trabalho.

Quando são substituídos por máquinas e sistemas, resta-lhes dirigir Uber ou entregar pizza, descendo na escala social - o que aumenta a desigualdade. A maior parte dessas pessoas trabalha na informalidade: não tem proteção nem para si nem para a Previdência Social, porque nada recolhem para os seus cofres. Transformam-se em uma verdadeira bomba-relógio para a assistência social. Com mais beneficiários do que contribuintes, a conta do INSS, que já não fecha hoje, não fechará nunca.

Ainda é tempo. Precisamos estimular a boa educação. O brilho dos garotos da World Skills precisa ser bem conhecido dos nossos adolescentes, escolas, governantes e brasileiros em geral. A grande imprensa e as redes sociais (muito vistas pelos jovens) têm todas as condições para corrigir o inaceitável descaso e enaltecer, com fatos concretos, os que ensinam e os que aprendem seriamente neste País.

* José Pastore é professor aposentado da FEA-USP, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP e membro da Academia Paulista de Letras.

Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo em 31 de outubro de 2024.

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