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Negócios

Dólar mais caro afeta atacadistas

Com alta de até 50% em alguns itens, empresas implementam estratégias que vão da redução dos estoques à renegociação com fornecedores

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Dólar mais caro afeta atacadistas

Moeda mais cara impacta diretamente as vendas do comércio em geral, seja varejo ou atacado
(Arte/TUTU)

Por Jamille Niero

O dólar mais caro tem impactado diversos setores, e o comércio atacadista não é exceção. Companhias do ramo já sentiram os preços subindo e a demanda dos compradores (entre varejo e indústria) caindo.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, a alta do dólar afeta diretamente as vendas do comércio em geral, pelos produtos importados que ficam mais caros e por aqueles que não são importados, mas também sentem o reflexo. Isso porque o dólar gera uma pressão, uma vez que a inflação é computada em cima do aumento do nível geral de preços. Dentro desse rol a ser pesquisado, estão os importados, que ficam mais caros e contribuem para que a remarcação dos preços seja maior. A inflação afeta todos os produtos.

Foi o que aconteceu com a Supermedy, empresa que importa da China produtos para saúde e bem-estar, comercializados em varejistas de todos os Estados brasileiros. Os importados representam 100% da comercialização da empresa, que já viu os preços das mercadorias encarecerem de 35% a 50%.

“Sentimos as vendas de alguns itens que tiveram aumento mais acentuado caírem drasticamente nos primeiros meses, até mesmo porque concorrentes tinham estoques antigos e estavam trabalhando com o preço do dólar baixo”, diz o diretor da Supermedy, Albert Kribely.

Vendas para a indústria
Quem vende matéria-prima importada para a indústria também foi afetado pela alta do dólar, porém, em menor escala, de acordo com o segmento. No caso dos químicos e petroquímicos, matéria-prima com as movimentações comerciais feitas em dólar, o setor tem a cultura de lidar com as oscilações na cotação da moeda, diz o presidente do Sindicato do Comércio Atacadista, Importador e Exportador de Produtos Químicos e Petroquímicos no Estado de São Paulo (Sincoquim), Rubens Medrano.

“O maior impacto é certa retração das compras [pela indústria] até que se esgotem os estoques com preços. Num primeiro momento causa um pequeno recuo, mas no decorrer do tempo, o aumento do preço é repassado aos clientes.”

Segundo Medrano, contudo, o que mais impacta os atacadistas do segmento é a queda da atividade econômica, que reduziu bastante a produção da indústria, seu principal cliente, além da volatilidade. “O problema é quando tem muito produto importado, volatilidade, porque nunca se sabe se o dólar vai ficar lá em cima ou não.”

Entre as mercadorias que podem sofrer impacto para o consumidor final estão todas as derivadas do petróleo – que vão desde vitaminas e matéria-prima para a indústria de alimentos a cosméticos, tintas e solventes.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), as importações brasileiras de produtos químicos totalizaram US$ 2,4 bilhões em janeiro de 2016, o que representa uma redução de 2,7% na comparação com o mês de dezembro passado e de 23,1% na comparação com janeiro de 2015. Pela primeira vez, desde abril de 2010, o valor registrado para um único mês não superou a marca de US$ 2,5 bilhões. Em volume, as importações de 2,2 milhões de toneladas representam diminuições de 14,2% em relação a janeiro passado e de 21% na comparação com dezembro de 2015.

Driblando a alta da moeda
Se o varejo tem menos consumidores comprando, seu carrinho também fica mais modesto quando vai ao balcão dos atacadistas. Com isso, o empresário do atacado deve ficar de olho se deve reduzir as compras para não ficar com estoque parado. 

Com o consumidor final procurando alternativas mais baratas para as compras de casa, é possível que muitos produtos nacionais tenham preços mais atrativos. Para a FecomercioSP, essa é uma tendência, mas ainda não dá para dizer em quanto a demanda por itens made in Brazil pode aumentar. O cliente está com a renda limitada, reduzida em decorrência da inflação e precisa escolher com o que vai gastar. O que não precisar muito, deve ficar nas prateleiras.

No caso das empresas associadas ao Sincoquim, uma das estratégias é optar por fornecedores que ofereçam matéria-prima de qualidade inferior e valor menor. Assim, reduzem os custos e não deixam de atender à demanda, permitindo que o consumidor possa continuar comprando. Sobre a redução dos estoques, Mendrano destaca que estão no menor nível possível para não afetar o capital de giro. Contudo, tal situação implica risco: uma reativação repentina da atividade econômica pode ocasionar falta de matéria-prima.

Já para a Supermedy, a queda nas vendas resultou em uma negociação de redução de custos na origem (China), “pois lá a moeda local também se desvalorizou”, e a importação de produtos em maior quantidade para diluir os custos fixos. Entretanto, vale dizer que a mercadoria vendida pela empresa tem um risco menor de “estragar”, o que elimina o risco de amplo estoque com data de vencimento, por exemplo.

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