Para Fábio Hering, o mercado dinâmico requer inovação contínua nas empresas
(Fernando Nunes/Perspectiva)

Com informações de Rachel Cardoso

A Hering, empresa com 135 anos de história, está acostumada a se reinventar. Após entrar em crise nos anos de 1990, a companhia, que começou como fábrica de roupas em Blumenau (Santa Catarina), apostou na abertura de lojas de varejo e na criação de redes de franquia e novas marcas. Os desafios atuais são a criação da Hering for You e da Dzarm, além da reestruturação de sua diretoria.

“Lidamos com um mercado altamente dinâmico e, nesse cenário, é de suma importância a inovação contínua”, afirma Fábio Hering, herdeiro e representante da quinta geração da família. Com a estratégia multimarcas, ele espera reverter a trajetória de queda do balanço deste ano, provocada pela conjuntura macroeconômica.

Nos últimos sete anos, a empresa quintuplicou o faturamento. As vendas brutas da Hering totalizaram R$ 2 bilhões em 2014, retração de 0,4% em comparação ao fechamento de 2013. Hoje, a empresa conta com 809 lojas no Brasil e 17 no exterior, das quais 747 franquias, configurando uma das maiores redes do País.

Abaixo, confira a entrevista de Fábio Hering à Revista Conselhos:

O ano de 2015 deve ser de crescimento negativo, ocasionado por contração monetária, ajuste fiscal e queda no consumo. De que maneira esse cenário afeta a cadeia têxtil?

Se a economia sofre oscilações, atinge o consumo e, consequentemente, o nosso negócio. Mas a Cia. Hering está preparada para esta realidade. Como uma empresa de 135 anos, já passamos por vários “Brasis” e agora não será diferente. Estamos trabalhando para abrir novas avenidas de crescimento, como o lançamento de uma nova marca em 2014, a Hering for You, e agora com o próprio reposicionamento da DZARM. Todos esses movimentos são pensados e articulados. Há algum tempo estamos arrumando a casa para melhor as oportunidades. Em 2013, por exemplo, tivemos uma importante reestruturação interna, quando criamos as diretorias de gestão de marcas.

Qual o caminho do varejo?

Cada vez mais as marcas têm sido desafiadas pela grande concorrência e, principalmente, pelo desejo dos consumidores. Para nós a regra é agregar valor e gerar desejo de consumo a partir do entendimento do comportamento e lifestyle dos nossos públicos-alvo. São desafios que todas as marcas precisam encarar...

Como manter a competitividade diante da concorrência chinesa?

A competitividade é saudável para impulsionar o mercado. A Cia. Hering busca se destacar em termos de inovação, no atendimento ao cliente e acompanhando toda a cadeia de fornecedores. No entanto, não enxergamos a China como concorrente, mas como parceira. Temos um escritório lá, origem de alguns dos produtos que oferecemos, como os cardigãs, os quais não são produzidos no Brasil, pois aqui o valor de produção seria muito elevado.

Como uma empresa de tradição centenária pode inovar?

Com dinâmica. Nossa companhia tem reinventado há 135 anos sem perder a essência. Para se manter atual ao longo da história, interage com os usuários das marcas e capta as percepções e os atributos que geram uma conexão emocional. Apenas para citar um exemplo, no ano passado, em mais uma dessas pesquisas, detectamos como pilares da Hering – entre os vários insights gerados – o conforto das peças e a autenticidade dos nossos consumidores. Verificado isso, as equipes de marketing, estilo e planejamento uniram esforços para evoluir a comunicação e o estilo, resultando em mais um novo momento da marca. Em 135 anos, a empresa se atualizou, mas mantivemos o DNA central da empresa.

O perfil dos brasileiros tem mudado? Qual a tendência do comportamento de consumo para os próximos anos?

Observamos mudança no perfil de consumo dos brasileiros. Eles viajam mais, passeiam mais, conhecem lugares novos e, consequentemente, acompanham as tendências de moda e se tornaram mais seletivos. A tendência deve se manter, uma vez que seus gostos estão cada vez mais apurados e específicos.

Confira a entrevista na íntegra.