Negócios
05/11/2021“É mais fácil vender produtos portugueses na Lituânia do que produtos paulistas no Rio”
Bernardo Ivo Cruz, pesquisador associado ao Instituto de Estudos Políticos da UCP, afirma que Brasil é uma economia com diversas barreiras ao comércio

"Economia brasileira acostumou-se a viver do mercado interno", afirma Bernardo Ivo Cruz
(Arte/Tutu)
Enquanto, nas últimas décadas, a Europa reduziu as barreiras ao comércio, por meio dos acordos firmados no âmbito da União Europeia (UE), o Brasil se manteve como um país voltado ao mercado interno. Mesmo assim, as barreiras ao comércio intraestadual são tamanhas que é mais fácil duas nações europeias comerciarem do que comprar e vender produtos de um Estado brasileiro a outro.
Esta é a análise de Bernardo Ivo Cruz, pesquisador associado ao Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa (IEP-UCP), em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.
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“A economia brasileira acostumou-se a viver do seu mercado interno, com vantagens e inconveniências para os brasileiros”, afirma Cruz.
De acordo com ele, “como todos os mercados protecionistas”, há pouca concorrência externa no Brasil. Assim, as empresas, mesmo as mais ineficientes, sobrevivem, porque não são confrontadas por choques tecnológicos e de modernidade.
“Para as empresas brasileiras, é mais confortável viver em um mercado fechado, [mas] o consumidor paga a conta. Em todos os mercados fechados, os produtos são mais caros e de pior qualidade”, pontua.
Cruz, também PhD em Política e com atuação na Embaixada de Portugal no Brasil, destaca que o País mantém barreiras ao comércio intraestadual.
“Há impostos diferentes e regras estaduais. Então, o mercado brasileiro é mais fragmentado do que o europeu. Visto de fora, é estranho. Do ponto de vista científico, é interessante de se estudar, mas não é vantajoso [para a população]”, analisa.
Comparando com o território europeu, no qual ocorre a prática do comércio internacional entre as nações, Cruz afirma categoricamente: “É mais fácil vender produtos portugueses na Lituânia do que produtos paulistas no Rio [de Janeiro]”.
Soberania
O pesquisador também ressalta que, no século 21, nenhum país é verdadeiramente soberano. Segundo ele, o apogeu do multilateralismo – período que vai da queda do Muro de Berlim (1989) aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 – ficou para trás. Ainda assim, nenhuma nação consegue ser autossuficiente para exercer a soberania plena.
“Não é fácil querer ser soberano no século 21, porque as interligações são tais, as cadeias de fornecedores são longuíssimas, estão completamente integradas. Não se consegue fechar um país, porque, se fechar, fica sem ter acesso aos mercados, aos bens, às matérias-primas e aos consumidores”, sintetiza.
Assista à entrevista na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL no YouTube.
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