Sustentabilidade
23/09/2021Mudança social em relação à questão racial pode ser feita a partir da agenda ESG
Comitê ESG da FecomercioSP debate pacto que considera a regionalização para a equidade racial nas empresas brasileiras
Entenda o Pacto de Promoção da Equidade Racial, iniciativa que busca implantar um Protocolo ESG racial no País
(Arte: TUTU)
Trabalhar a agenda ESG, voltada a melhores práticas ambientais, sociais e de governança, é também agir contra a desigualdade social, profundamente relacionada à questão racial na sociedade brasileira. O assunto foi o tema central da segunda reunião do Comitê ESG da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), realizada no dia 14 de setembro. No encontro, representantes de diferentes empresas falaram da necessidade de tratar o tema, o qual começa a reverberar no meio corporativo. “A questão racial no Brasil é um problema estrutural que cria gaps, lacunas na sociedade, e barreiras de entrada nas empresas e até na área educacional. Sendo assim, é importante para todos este pacto com foco no eixo ‘S’ da sigla ‘ESG’ e na pauta racial”, diz Luiz Maia, coordenador do comitê.
Este grande desafio tem como aliado, a partir de 2021, o chamado “Pacto de Promoção da Equidade Racial”, iniciativa inédita que busca implantar um Protocolo ESG racial no País com o objetivo de servir de cartilha para empresas de todos os portes e segmentos na hora de contratar ou promover profissionais pretos e pardos nas equipes.
Gilberto Costa, diretor-executivo da operação brasileira do banco americano J.P. Morgan e responsável por gerenciar o pacto – projeto lançado em julho deste ano –, destacou que, além do racismo estrutural, a ausência de políticas afirmativas de inclusão do negro na economia e a baixa qualidade da educação pública são apontados como fatores causais de altos índices de desigualdade e da instabilidade social.
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“As ações afirmativas das empresas aumentaram o ingresso de negros no mercado de trabalho. Estas ações chegam até o jovem que entrou, está para ingressar e/ou se formou em uma faculdade, mas temos de lembrar daqueles que nem completaram o ensino médio. Este cenário explica por que é mais difícil encontrar negros e pardos em cargos de alta hierarquia. Então, para atender à pauta ESG, não basta apenas a adoção de ações afirmativas. No Brasil, ao contrário de outros países do Hemisfério Norte, é preciso investir na formação de profissionais negros tecnicamente mais preparados, para que as empresas possam manter, em todos os níveis hierárquicos do seu quadro de colaboradores, um retrato da população na região onde atuam”, afirma.
Costa frisou que a mudança se dará por meio do investimento privado de caráter social, principalmente na educação pública, no qual será possível entrar em contato com os jovens que ainda não foram atingidos até o momento. “É nosso papel como líderes ‘puxar’ a agenda racial”, enfatizou ele.
Adesão de empresas e índice regionalizado
Ao promover a adoção do protocolo por investidores institucionais, o pacto impulsionará a adesão voluntária de empresas interessadas em atender às demandas sociais por mais equidade racial, consciência social e transparência. Para isso, o Pacto de Promoção da Equidade Racial elaborou o Índice ESG de Equidade Racial (IEER), que mensura a população negra nas empresas e a desigualdade racial nas categorias ocupacionais. O olhar regionalizado permite que as empresas possam atuar no tema de acordo com as necessidades da região atuante.
“O Brasil é gigante, e a questão racial não é a mesma no País inteiro. Como cada região tem uma nuance, levamos em consideração no índice o cargo, o salário e a regionalização para respeitar o local em que a empresa está situada. Para isso, usamos os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego, juntamente com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para analisar de forma mais precisa se as empresa estão, ou não, próximas da equidade racial.”
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