Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política
30/04/2020Ouça: aumento do gasto público deve se restringir ao enfrentamento da pandemia
Em podcast, presidentes do Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP) ressaltam que o País vive novo contexto econômico, mas temem descontrole fiscal após controle do surto de covid-19
Entrevistados criticam plano de investimento em infraestrutura e pedem mais atuação do ministro da Economia
(Arte/Tutu)
Além das restrições ao funcionamento do setor de comércio e serviços, a pandemia de coronavírus afeta a economia brasileira de forma contundente em função de o País ser dependente da exportação de commodities e de ter uma situação fiscal desfavorável. Contudo, para atenuar o quadro recessivo, o governo precisa deixar de lado a agenda liberal momentaneamente e aumentar gastos durante o período em que durar o surto do vírus, de acordo com os copresidentes do Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP) da FecomercioSP, Antonio Lanzana e Paulo Delgado.
Em podcast, Lanzana critica o anúncio do Plano Pró-Brasil, programa que prevê investimentos em infraestrutura pelos próximos dez anos. Segundo ele, o programa se assemelha a iniciativas praticadas pelos governos Dilma Rousseff (2011-2016) e Ernesto Geisel (1974-1979).
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“De onde virão os recursos para se alavancar a infraestrutura no Brasil? Estamos em uma situação fiscal difícil que vai ficar muito pior ainda – não que eu seja contra, sou a favor e acho que o momento exige uma ampliação de déficit [fiscal] e de dívida [pública] –, mas isso tem que ficar restrito ao que está acontecendo em 2020. Não podemos carregar essas ampliações para o próximo ano”, afirma Lanzana. “De 2021 para frente, o que é fundamental não é o Plano Pró-Brasil. Fundamental é ampliar as reformas, que vão ficar mais importantes ainda, para mostrar que a austeridade fiscal tem de voltar”, frisa o economista.
Delgado complementa dizendo que, embora haja consenso de que o momento exige atuação do setor público entre as principais economias do mundo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não se mostra confortável em abdicar, ainda que temporariamente, das medidas de redução de gastos. Com isso, Guedes tem tido um papel apagado durante a atual crise.
“Se ele não conseguir atuar na emergência sanitária, dificilmente vai conseguir atuar quando terminar a crise provocada pelo coronavírus. É preciso que a economia brasileira perceba que o contexto econômico do Brasil mudou e, no momento atual, precisamos proteger as empresas e os postos de trabalho. Essa é a expectativa que se tem da atuação do ministro”, destaca o sociólogo.
No podcast, os copresidentes do CEEP também comentam que o governo tem elevado a incerteza na economia em função de conflitos com os poderes Judiciário, Legislativo e dentro do próprio Executivo. Ouça aqui:
O podcast também está disponível no Spotify.