Conselho de Sustentabilidade
29/08/2022Investimento massivo dos EUA contra crise climática deve gerar avanços para a América Latina, avalia Goldemberg para think tank internacional
Em artigo, presidente do Conselho de Sustentabilidade avalia desdobramentos internacionais do pacote de incentivos fiscais norte-americano
Neste mês, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sancionou a Lei de Redução da Inflação, que, dentre outros pontos, estima um gasto de US$ 369 bilhões para ação de combate às mudanças do clima no território do país, que visa a restringir emissões de gases de efeito estufa em 40% até 2030, bem como outras ações – como a redução da poluição em comunidades pobres.
Apesar de ser algo inteiramente direcionado às atividades estadunidenses, a estratégia influenciará as políticas dos países da América Latina e do Caribe (ALC), que se beneficiarão dos avanços tecnológicos decorrentes de pesados investimentos em combustíveis limpos, veículos elétricos e energia renovável, conforme escreve José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), para o Inter-American Dialogue – um dos dez think tanks mais relevantes do mundo. O fórum atua no engajamento de uma rede de líderes globais para promover governança democrática, prosperidade e igualdade social na América Latina e no Caribe.
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Em avaliação exclusiva desta estratégia de sustentabilidade, Goldemberg explica que as principais disposições relacionadas ao clima do pacote aprovado por Joe Biden devem se concretizar em créditos fiscais para energia limpa (US$ 176,8 bilhões), para manufatura limpa (US$ 42,7 bilhões) e para veículos não poluentes (US$ 38,9 bilhões) – que totalizam US$ 258,5 bilhões, cerca de 70% do total destinado pela lei.
“Outra área de grande interesse é a de Conservação, Desenvolvimento Rural e Silvicultura (incluindo a restauração) para os quais US$ 34,7 bilhões serão alocados como fundo de investimentos”, escreve Goldemberg.
De particular interesse para os países latino-americanos e caribenhos são os “combustíveis limpos”, para os quais serão destinados US$ 8,6 bilhões em créditos fiscais. “O Brasil está bem avançado nesta área, e parcerias seriam bem-vindas”, pontua o presidente do Conselho de Sustentabilidade.
Ainda no artigo, Goldemberg enfatiza que o desmatamento na Bacia Amazônica (particularmente no Brasil) é o problema ambiental mais premente que o País enfrenta, de forma que a cooperação seria altamente desejável. “A Lei de Redução da Inflação certamente revigorará os esforços mundiais para reduzir as emissões de carbono e incentivará outros países, em especial os da ALC, a adotar legislação formulada em linhas semelhantes”, conclui.