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Editorial

A economia brasileira em 2024

Especialista analisa os motivos que levarão a economia do País ter um ano desafiador

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A economia brasileira em 2024
À medida que nos aproximamos de um novo ano, o resultado da economia brasileira ainda está pendente (Arte: TUTU)

Por André Sacconato*

O Brasil finaliza 2023 apresentando um crescimento que, apesar de ter superado as expectativas, sofre clara desaceleração nos últimos meses. Esse cenário impõe uma responsabilidade significativa para o próximo ano, uma vez que o efeito estatístico resultante dos últimos 365 dias gera um efeito carry-over negativo.

Em outras palavras, se não alcançarmos expansão na margem, enfrentaremos um 2024 potencialmente mais desafiador. Toda essa evolução foi impulsionada por reformas anteriores e por um desempenho excepcional na balança comercial, aliado a um notável aumento no Produto Interno Bruto (PIB) do setor Agropecuário. No entanto, para sustentar e ampliar esse progresso, será necessário ajustar a economia.

A boa notícia é que as condições globais não parecem tão restritivas. A melhoria da inflação nos Estados Unidos sugere que o Federal Reserve (FED), o banco central do país, não deverá impor restrições significativas à política monetária, permitindo a manutenção do excesso de liquidez mundial. Dessa forma, cabe ao Brasil criar as condições propícias para atrair esses recursos e direcioná-los a investimentos produtivos.

As circunstâncias institucionais nacionais são favoráveis: controle da inflação, ausência de conflitos armados e raros desastres naturais. Agora, é preciso desenvolver políticas de curto e longo prazos a fim de captar recursos, aproveitando as dificuldades enfrentadas pelos nossos concorrentes, como Turquia, Rússia, Argentina e, até mesmo, a Índia. Além disso, é importante considerar a volatilidade nas decisões do líder chinês Xi Jinping, cada vez mais influente no mercado global.

No curto prazo, ajustes fiscais, especialmente no controle das despesas, seriam benéficos. Manter um ambiente menos beligerante entre os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, bem como entre oposição e situação, também seria de grande relevância. Já no longo prazo, é essencial investir na Reforma Administrativa e promover uma reestruturação nítida no sistema educacional, com ênfase na primeira infância e no ensino primário de qualidade.

Essas medidas visam reduzir desigualdades e formar mão de obra mais qualificada para o futuro. Ademais, é fundamental buscar uma abertura comercial gradual, pois, sem isso, nossa indústria não será capaz de competir com o restante do mundo.

Embora a conjuntura internacional seja favorável ao Brasil para o ano que vem, as reformas implementadas no País já esgotaram seus efeitos. Aproveitar o momento propício dependerá das ações internas que tomarmos. Ainda que o Fundo Monetário Internacional (FMI) projete um crescimento de 1,5% para 2024, temos o potencial de superar essa marca com esforços fiscais e reformas adequadas. Se nada for feito, inclusive, correremos o risco de ficar abaixo desse patamar, o que seria desastroso.

À medida que nos aproximamos de um novo ano, o resultado da economia brasileira ainda está pendente, haja vista que muito dependerá das decisões a serem tomadas ao longo dos próximos meses. Mesmo em meio a um bom contexto, o governo precisa de estratégia e planejamento robustos para tirar proveito desse momento.

As previsões ainda indicam um ano desafiador, o que se reflete nos dados finais de 2023. A desaceleração já está em curso, mas, felizmente, ainda há espaço para elevar o potencial de desenvolvimento com a implementação de medidas adequadas. É esperar para ver.

*André Sacconato é economista, consultor da FecomercioSP e integrante do CEEP.
Artigo originalmente publicado no Portal Contábeis em 14 de dezembro de 2023.

Saiba mais sobre o Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP).

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