Economia
14/05/2024A Era da Inteligência Artificial e a disrupção na jornada de trabalho
A verdadeira inovação no trabalho não reside na substituição de humanos por máquinas, mas na distinção entre aqueles que integram a tecnologia em suas práticas e aqueles que não o fazem
Por Alexandre Del Rey*
Estamos atravessando um período de transformação extraordinária no ambiente de trabalho, impulsionado pela evolução contínua da Inteligência Artificial (IA). Yuval Harari, historiador renomado e autor de best-sellers como Sapiens e Homo Deus, oferece uma perspectiva crucial nesse contexto. Ele observa que essa tecnologia representa mais do que uma avançada ferramenta; trata-se de um agente transformador na maneira como interagirmos com a linguagem e o conhecimento.
Essa grande disrupção, enfatizada por Harari, está reconfigurando o futuro do trabalho e exigindo novas habilidades para se destacar. A IA, agora, atua como um vetor de inovação, com algoritmos avançados de deep learning, mediante camadas de neurônios artificiais em um processo de aprendizagem profunda e sistemas autônomos que remodelam nossas interações profissionais, estendendo e complementando a capacidade da inteligência do ser humano.
Um dos avanços mais notáveis de IA é a sua capacidade de “hackear” a linguagem humana, uma conquista que transcende a mera façanha técnica. A linguagem, como o pilar central do conhecimento humano, é agora acessível à IA — que, com sua habilidade de “entender”, “interpretar” ao seu modo e manipular a linguagem, penetra nas vastas reservas de sabedoria acumulada pelas pessoas.
Essencial nessa evolução são os grandes modelos de linguagem, como ChatPGTs e Geminis, equipados com trilhões de parâmetros que encapsulam e manipulam uma parcela significativa do conhecimento humano. Esses modelos não apenas decifram informações e conexões mais profundas, como também as utilizam de maneira inovadora, fornecendo respostas precisas e contextualmente importantes. Essa capacidade transformadora da IA marca um salto na forma como interagimos com a informação, abrindo novos horizontes para a aplicação do conhecimento em diversas esferas.
Remodelando o conhecimento
As tecnologias de IA atuais impactam profundamente a sociedade, transcendendo o papel de meras ferramentas para se tornarem companheiras intelectuais na nossa jornada de exploração e inovação. Com uma capacidade notável de identificar padrões, extrair insights de grandes conjuntos de dados e interagir de forma intuitiva com os humanos, a IA está remodelando o acesso ao conhecimento.
Essa transformação é palpável em uma miríade de campos: na medicina, personaliza tratamentos; na arte, inspira novas formas de expressão criativa; e no mundo corporativo, otimiza processos com precisão e eficiência inéditas.
Em cada uma dessas áreas, a IA transcende a posição de um mero auxiliar e emerge como um participante ativo e crítico. Ela não só tem a capacidade de executar tarefas com um desempenho que rivaliza ou excede o humano, mas também oferece uma janela para um repositório quase ilimitado de conhecimento e sabedoria humana. Essa disponibilidade facilitada e acessível de informações e análises complexas abre novas dimensões para a aplicação da IA em uma vasta gama de departamentos e funções, transformando a maneira como trabalhamos, criamos e pensamos.
A verdadeira disrupção no trabalho não reside na substituição de humanos por máquinas, mas na distinção entre aqueles que integram a tecnologia em suas práticas e aqueles que não o fazem. As ferramentas de IA atuam como extensões do intelecto humano, ampliando nossas capacidades e elevando nossa performance a novos patamares. Aqueles que adotam essas ferramentas não apenas se posicionam na vanguarda da eficiência, da criatividade e da inovação, mas também se destacam na habilidade de navegar por um mundo cada vez mais guiado por dados e automação.
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O profissional do futuro
Nesse cenário, torna-se crucial desenvolver uma nova gama de competências, principalmente a habilidade de discernir as capacidades e limitações de diferentes tipos de IA. Compreender quando e como aplicar as tecnologias é fundamental para extrair o seu máximo valor. Isso envolve, além do conhecimento técnico, uma perspicácia estratégica para identificar oportunidades nas quais a IA pode ser mais eficaz. Assim, o profissional do futuro não é apenas um usuário de ferramentas de IA, mas um estrategista que sabe alavancar o potencial dessas tecnologias para resolver problemas complexos, gerar insights valiosos e criar soluções inovadoras que, antes, estavam além do alcance humano.
Portanto, a discussão sobre o futuro do trabalho transcende a mera adaptação tecnológica; é uma reflexão profunda sobre aprimoramento e aprendizado contínuo. A questão central não é simplesmente evitar ser substituído por máquinas, mas aprender a coexistir, colaborar e, mais antes de tudo, evoluir com elas. À medida que avançamos para esta nova era, marcada por disrupções cada vez mais frequentes e profundas, a capacidade de integrar e maximizar o potencial da IA não é apenas um diferencial, mas uma necessidade imperativa.
Nesse contexto, o conceito de life long learning assume um papel central. A grande disrupção no ambiente de trabalho não é um evento único, mas um processo contínuo que exige uma mentalidade de aprendizado e adaptação constantes. É uma oportunidade para redefinir o que significa ser produtivo, criativo e, claro, inovador. Ao abraçar o aprendizado ininterrupto, elevamos nosso potencial humano a novas fronteiras e nos preparamos para prosperar em um mundo onde a única constante é a mudança.
* Alexandre Del Rey é conselheiro e fundador da I2AI — Associação Internacional de Inteligência Artificial, sócio-fundador da Engrama, sócio da Startup Egronn e da consultoria Advance e investidor na startup Agrointeli.
Artigo originalmente publicado no canal FEBRABAN TECH em 5 de fevereiro de 2024.
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