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Negócios

Acordo entre Mercosul e UE está prestes a ser fechado, apontam especialistas presentes a evento na FecomercioSP

Autoridades, representantes consulares e executivos afirmaram em seminário realizado na Federação que recente abertura política vai permitir que o acordo seja finalizado em breve

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Acordo entre Mercosul e UE está prestes a ser fechado, apontam especialistas presentes a evento na FecomercioSP

O vice-presidente da FecomercioSP Rubens Medrano afirmou que o acordo levou anos para avançar porque o Brasil não dispensou a devida atenção às questões de comércio internacional
(Foto: Miguel Schincariol / Perspectiva)

Por Priscila Trindade 

A relação entre os blocos econômicos Mercosul e União Europeia foi tema de evento na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), na capital paulista, nesta sexta-feira, 11. O encontro faz parte da 14ª edição da Semana Europeia e reúne autoridades, representantes consulares e executivos nacionais e internacionais.

O vice-presidente da FecomercioSP Euclides Carli disse que o seminário “Relações Mercosul e União Europeia: Oportunidades de negócios para o setor de comércio e serviços” foi uma oportunidade de ouvir e dialogar sobre o assunto. “O propósito é compartilhar com o empresariado paulista e demais interessados o panorama das relações comerciais entre esses blocos”, afirmou.

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Na ocasião, o embaixador da União Europeia (UE) no Brasil, João Cravinho, que não pode comparecer ao evento, mas participou por meio de vídeo, afirmou que o acordo está em fase final após quase duas décadas de negociação por causa de questões políticas.

“Hoje, temos uma característica que não estava muito presente há anos que é a determinação política. Esse não é um acordo que procura apenas reduzir algumas taxas dos dois lados, mas é um acordo qualitativo que estimula uma transformação das economias da Europa e dos países do Mercosul.”

Cravinho acredita que as negociações irão beneficiar principalmente os integrantes do Mercosul, porque a economia europeia é mais aberta, enquanto que Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai são conhecidos por terem economias mais fechadas.

“Esse acordo vai estimular a competitividade no Brasil. A experiência tecnológica vai ser uma característica muito presente. Isso tudo vai estimular os investimentos e, daqui a alguns anos, a União Europeia estará com o Mercosul como atualmente está com o Chile e o México”, enfatizou Cravinho.

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A subsecretária-geral de Assuntos Econômicos Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, Paula Aguiar Barboza, falou que dez dos 13 capítulos do acordo estão praticamente fechados
(Foto: Miguel Schincariol / Perspectiva)

O vice-presidente da FecomercioSP e coordenador da Câmara Brasileira de Comércio Exterior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, Rubens Medrano, afirmou que o acordo levou anos para avançar porque o Brasil não dispensou a devida atenção às questões de comércio internacional.

“A mesma política foi acompanhada pelos membros do Mercosul. Ficamos desatualizados nesse quesito e, enquanto isso, assistimos a uma série de acordos internacionais firmados por países europeus e asiáticos, inclusive no continente americano com os países do Pacífico”, ressaltou.

Segundo Medrano, o Mercosul e a União Europeia são líderes em setores diferentes, e esse será um dos principais benefícios do acordo. Enquanto os países do Mercosul se destacam no agronegócio e na produção de proteína animal, o bloco europeu tem uma indústria 4.0.

A subsecretária-geral de Assuntos Econômicos Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, Paula Aguiar Barboza, disse que o acordo tem 13 capítulos, dos quais dez estão praticamente fechados. Os capítulos abordam os temas comércio de bens, de serviços, regras de origem, disciplinas sanitárias e fitossanitárias, barreiras técnicas do comércio, matérias de concorrência, entre outros, e envolve disciplinas específicas para micros e pequenas empresas.

“É um acordo do ponto de vista estrutural muito importante para o Brasil porque antes negociávamos fundamentalmente acesso a mercados, mas disciplinas novas foram incluídas, e isso torna o acordo mais ambicioso. Ele é um divisor de águas porque nos tem preparado nos últimos dois anos para enfrentar novos parceiros comerciais.”

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Especialistas discutiram as oportunidades e os desafios para o comércio internacional com o possível acordo entre União Europeia e Mercosul
(Foto: Miguel Schincariol / Perspectiva)

A redução tarifária e o aumento de transferência tecnológica resultantes do acordo vão facilitar a participação do Brasil em cadeias globais. De acordo com Paula, esse avanço vai possibilitar que o País negocie de forma mais rápida com outros parceiros, como Canadá e Coreia do Sul.

Na análise da secretária-executiva do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Yana Dumaresq Alves, os setores de comércio e serviços precisam dialogar com o comércio exterior, em virtude da importância que essas áreas têm na economia nacional, e esse acordo é uma oportunidade para que isso ocorra.

Todos os presentes afirmaram que, no momento, o acordo lida com os temas mais sensíveis da negociação, mas, para a coordenadora do Centro de Estudos sobre Comércio Global da EESP-FGV, Vera Thorstensen, a falta de visão do setor privado e do governo foi responsável pelo não fechamento do acordo. “Esse acordo poderia ter sido assinado em 2000, mas passamos anos discutindo tarifas e cotas. Essa visão estreita impediu a finalização das negociações”, criticou.

Casos de sucesso
Mesmo sem o acordo estar fechado, algumas empresas brasileiras conseguiram internacionalizar suas marcas e produtos. O consultor de comunicação e mídia corporativa da Alpargatas, Rui Porto, contou a história da empresa. As sandálias Havaianas, criadas em 1962 e reformuladas em 1994, têm mais de 150 modelos. A decisão de iniciar as exportações nos anos de 2000 ocorreu somente após o sucesso estar consolidado no Brasil. Hoje, a marca atua em Espanha, França, Itália, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Croácia e Grécia.

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Representantes de companhias brasileiras e estrangeiras participaram do painel "Internacionalização de Empresas" e contaram histórias de sucesso
(Foto: Miguel Schincariol / Perspectiva)

A Nutty Bavarian fez o caminho inverso. A marca foi criada por um norte-americano depois de ele conhecer o produto na Alemanha. No Brasil, a marca chegou em 1996, por meio da empresária Adriana Auriemo, que conheceu as castanhas no intervalo de um jogo de basquete em Orlando, na Flórida. Segundo o CEO da Nutty Bavarian e sócio da Magic Bavarian Nuts nos Estados Unidos e na Europa, Daniel Miglorancia, o primeiro quiosque foi instalado em Campos do Jordão, em São Paulo, e hoje existem 140 unidades espalhadas pelo Brasil, especialmente em shopping centers e aeroportos.

O cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Lopes Lourenço, acredita que a internacionalização é um caminho para que empresas levem seus negócios para outros países. “A internacionalização não é o fim, mas o princípio de um processo que pode trazer negócios. O mercado brasileiro não é menos desafiante para as empresas europeias do que o mercado europeu é para as empresas brasileiras. A dimensão da dificuldade é a mesma”, finalizou.

Também estiveram presentes no evento o diretor do Centro de Estudos Aplicados da Católica Lisbon School of Business & Economics da Universidade Católica Portuguesa, Ricardo Reis; o coordenador de Relações Internacionais do IBMEC-SP, George Niaradi; a economista BNDES, Claudia Sussekind Bird; o vice-presidente executivo da Stefanini, Ailtom Nascimento; o reitor da FMU Manuel Nabais da Furriela e o diretor-geral da Estrella Galicia do Brasil, Fábio Rodrigues.

Confira aqui a galeria de fotos do evento.

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