“Nós vivemos um cenário de mudanças drásticas provocadas pelo avanço da tecnologia, com impacto para o mercado de trabalho, a produtividade e a competividade das organizações brasileiras, bem como à eficiência da máquina pública. Existe, hoje, uma ausência de coordenação e planejamento estrutural a despeito dos avanços pontuais. Precisamos de um projeto de nação para conduzir esse processo. Um projeto de longo prazo, de Estado, com norte, governança e participação social.” O diagnóstico é de Andriei Gutierrez, presidente do Conselho de Economia Digital e Inovação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

Para coordenar esse processo de transformação de maneira estruturada, foi firmado o Plano Brasil Digital 2030+, uma agenda de governança conjunta entre os setores público e privado, com grande capilaridade e alto poder de mobilização, para planejar o futuro do País sem deixar ninguém pelo caminho.

Ambiciosa e fundamental, a iniciativa faz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, do governo federal, a partir da liderança e da colaboração do setor privado organizado, como a Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), a Associação das Empresas de Tecnologia e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A FecomercioSP se une a esse seleto grupo para fortalecer ainda mais essa agenda.

“Ao setor público, que tem a capilaridade geográfica e o alcance social, cabe o papel de estabelecer o caminho a seguir, por meio da criação das políticas públicas que guiarão o processo. Ao setor privado, responsável por grande parte da geração de emprego e riqueza no País, cabe atrair mais investidores, promover a transformação digital e ampliar a adesão na sociedade civil”, resume Gutierrez.

Eixos, fases e metas
 O Plano BD2030+ se baseia em seis eixos principais, cada qual com uma previsão de ações concretas e metas mensuráveis por meio de indicadores definidos. Confira, na sequência, os pilares da inciativa e seus respectivos objetivos.

• Infraestrutura para a Transformação Digital: unir todo o Brasil digitalmente e ser reconhecido como hub de conectividade na sua região.
• Tecnologias Estratégicas: ser um dos líderes mundiais nas tecnologias estratégicas relevantes selecionadas;
• Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação: melhorar consideravelmente a posição relativa do Brasil nos rankings de inovação;
• Educação e Capacitação Digital: qualificar recursos suficientes para suprir as necessidades brasileiras e exportar soluções tecnológicas para o mundo;
• Inclusão Digital & Combate à Desinformação: gerar prosperidade e inclusão em todas as classes sociais por meio da transformação digital;
• Ambiente de Negócios: reduzir, de forma considerável, os entraves aos negócios digitais no País.

O conjunto dos planos e ações se divide, ainda, em diferentes fases. A primeira, encerrada, compreendeu o próprio desenho do projeto, além da definição dos eixos, das metas macro e dos indicadores que balizarão a iniciativa. A fase atual é a segunda, que inclui o detalhamento das ações, a operacionalização da governança pelo setor privado e a captação de investimentos. A terceira fase acrescentará, ainda, o gerenciamento continuado, a coordenação dos diversos agentes e a avaliação e atualização periódica do andamento do plano. O governo e o setor privado já dialogam com o intuito de criar uma governança centralizada na Presidência da República, com participação social e poder para dar coesão, tração e continuidade às políticas públicas nos diferentes órgãos do setor público.  

“Nossa expectativa é a melhor possível. Acreditamos que, com o esforço conjunto entre o governo e a inciativa privada, conseguiremos inserir o Brasil na rota do desenvolvimento econômico competitivo e socialmente inclusivo, nas cadeias globais de valor cada vez mais digitalizadas, ocupando espaços rumo a uma posição de destaque em nível mundial”, aposta Gutierrez.