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Negócios

Alta de energia e subsídios desiguais afetam empresas do setor de Serviços

Custo da eletricidade já consome até 20% das despesas de pequenos negócios; falta de apoio e política de subsídios concentrada agravam quadro

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Alta de energia e subsídios desiguais afetam empresas do setor de Serviços
Reunião debate os impactos do custo de energia no setor de Serviços (Arte: TUTU)

O setor de Serviços, motor da economia brasileira, está sob forte pressão em decorrência do aumento expressivo no custo da energia elétrica e da concentração de subsídios em segmentos específicos da Indústria e Agropecuária. Pequenas e médias empresas (PMEs), responsáveis por cerca de 99% dos negócios no País, encaram um quadro adverso: energia mais cara, infraestrutura precária e falta de apoio governamental.

Em 2024, o consumo de energia no Brasil cresceu 3,9%, superando, pela primeira vez, a média de 70 mil megawatts (MW), de acordo com estudo divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Nos Serviços, o aumento foi de 21,7% em relação ao ano anterior [gráfico 1]. Esse salto, motivado por altas temperaturas e pela retomada econômica, elevou também o peso da conta de luz no caixa das empresas, podendo chegar a 20% das despesas operacionais em pequenos negócios, de acordo com o Sebrae. 

Como o custo da energia impacta o setor foi o tema principal da reunião do Conselho de Serviços da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)no dia 21 de maio, por meio da apresentação de Thiago Ivanoski Teixeira, diretor de Estudos Econômico-Energéticos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) desde dezembro de 2023.

Ao comentar o panorama apresentado pelo palestrante, Thiago Freitas, assessor da FecomercioSP, ressalta que defrontar com aumento das tarifas de energia pode afetar gravemente a saúde financeira dos negócios, especialmente, as PMES do setor de Serviços, que são espinha dorsal da economia. O encarecimento da eletricidade eleva diretamente os custos operacionais, prejudicando a sobrevivência de pequenos negócios. 

Por meio do Conselho de Serviços, a FecomercioSP destaca ser importante adotar estratégias que promovam o uso mais eficiente da energia. A entidade recomenda que, para melhorar esse consumo, as empresas podem estimular comportamento mais sustentáveis, investir em equipamentos com melhor performance energética, ajustar os horários de produção e investir na própria geração de energia.  

Energia cara e instabilidade refletem na operação e na receita

A falta de energia elétrica gera prejuízos expressivos para as empresas do setor de Serviços, afetando diretamente a capacidade de operação, o atendimento ao cliente e, consequentemente, a geração de receita. Ao contrário da Indústria, que pode programar paradas, ou do Agronegócio, que, em alguns casos, dispõe alternativas off-grid (sistema de geração de energia independente, como as fontes renováveis), os Serviços dependem de continuidade e resposta em tempo real — fatores incompatíveis com interrupções no fornecimento de energia.  

Comércios, salão de beleza, academias, clínicas, escritórios e restaurantes não conseguem funcionar sem energia. Mesmo interrupções de poucas horas resultam em cancelamento de agenda, queda de faturamento e perda de cliente. Serviços digitais (como delivery, agendamento online, meios de pagamento e sistema de gestão) são altamente dependentes de conectividade e eletricidade. 

Um exemplo emblemático ocorreu em outubro de 2024, quando uma tempestade na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) gerou perdas estimadas em R$ 1,23 bilhão para o setor, segundo a FecomercioSP, R$ 246 milhões por dia, em média.

Subsídios beneficiam poucos e penalizam a maioria

Enquanto atividades como irrigação, mineração e indústrias eletrointensivas recebem incentivos e descontos, negócios do Comércio, dos Serviços, de Tecnologia e de Saúde pagam mais caro. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os subsídios somam R$ 15,5 bilhões, representando 14,4% da tarifa dos consumidores residenciais, custo que também recai sobre as PMEs.

Esse modelo de subsídio cruzado, apontam especialistas, aprofunda as desigualdades estruturais e gera insegurança regulatória. A falta de revisão periódica e a manutenção de incentivos — mesmo para segmentos que poderiam operar com mais eficiência — desincentivam a modernização e a transição para fontes energéticas mais sustentáveis.

O que fazer para mudar isso?

Para a FecomercioSP, é urgente repensar o modelo atual. Dentre as propostas, destacam-se:

  • revisão transparente e periódica dos subsídios com foco em retorno social e sustentabilidade;
  • estímulo à geração de energia própria (como a solar) e à eficiência energética, com apoio técnico e linhas de crédito acessíveis;
  • redução tarifária para PMEs que adotarem práticas sustentáveis;
  • digitalização e automação do consumo para melhorar a gestão energética.

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