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01/04/2025Alta da energia elétrica fez custo disparar em São Paulo em fevereiro, aponta FecomercioSP
Com alta de 1,23% no mês, preço para viver na RMSP pesa mais para famílias de menor renda; inflação dos alimentos bate 7,57% em 12 meses
O retorno do custo padrão da energia elétrica em fevereiro — sem o bônus de Itaipu do mês de janeiro — pressionou o orçamento das famílias da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). A pesquisa do Custo de Vida por Classe Social (CVCS), elaborada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), aponta aceleração de 1,23% no período, uma taxa consideravelmente superior ao 0,06% registrado no mês anterior.
No acumulado dos últimos 12 meses, o custo de vida já subiu 5,29% na RMSP [tabela 1]. As classes mais baixas foram as mais impactadas, com ênfase para a Classe E, que viu os custos médios subirem 1,4% só em fevereiro, enquanto a Classe A registrou alta de 1,1%.
[TABELA 1]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo — Geral (2025)
Fonte: IBGE/FecomercioSP
A principal explicação para essa aceleração foi a alta no preço da energia elétrica, que subiu 19,7% no mês. Se, por um lado, é fator definitivo para a expansão do indicador, por outro, é pontual. Isso acontece porque, após o impacto do fim do bônus dado aos consumidores, a variação do custo de vida tende a ser mais moderada nos próximos meses. Entram nessa conta ainda os reajustes sazonais da educação e dos combustíveis, que já foram realizados. No entanto, a FecomercioSP alerta que isso não significa redução de preços, mas um ritmo de alta do custo de vida mais contido.
Vale observar ainda como alguns grupos estão especialmente pressionados no acumulado de um ano, como os preços de alimentação e bebidas (7,57%) e transportes (6,06%). São produtos que pesam mais no orçamento dos mais pobres, que têm o orçamento mais dependente de comida e combustíveis.
O encarecimento da energia afetou diretamente o grupo de habitação em fevereiro, que indicou aumento de 4,63%, contribuindo com 0,78 ponto porcentual (p.p.) para a variação geral. Como resultado, as classes de menor renda sofreram um impacto maior, já que esse segmento representa 5,04% do orçamento da Classe E e 5,53% da Classe D, enquanto para a Classe A esse porcentual é de 2,99% [tabela 2].
[TABELA 2]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (2025)
Por Classes Sociais
Fonte: IBGE/FecomercioSP
Outro fator relevante foi o grupo de educação, que registrou uma alta de 4,21% no mês, reflexo dos reajustes das matrículas escolares, um movimento sazonal esperado. O efeito foi mais relevante para as classes A (4%), B (4,41%) e C (4,11%), enquanto a Classe E sentiu um aumento menor (2,48%).
O grupo de transportes, por sua vez, apontou um aumento de 0,26%, impactado pelo reajuste do ICMS sobre a gasolina (2,1%), o óleo diesel (3,5%) e o etanol (3,1%). Contudo, a queda expressiva nas passagens aéreas (-18,7%) ajudou a evitar um aumento ainda mais forte — assim como pesou menos no bolso das classes mais altas.
Dentre os demais grupos, artigos do lar (0,85%), saúde (0,17%) e comunicação (0,15%) também apresentaram elevações. Por outro lado, despesas pessoais (-0,38%) e vestuário (-0,28%) registraram queda, influenciadas pela baixa sazonal em serviços de turismo e itens de moda infantil.
Alta dos indicadores
O Índice de Preços no Varejo apontou aumento de 0,67% em fevereiro, registrando uma alta acumulada, em 2025, de 1,06%, variando 5,8% nos últimos 12 meses. No ano passado, o indicador acumulava 0,75%, entre janeiro e fevereiro, e 1,7%, entre março de 2023 e fevereiro de 2024.
O grupo de transportes obteve a maior alta (1,38%), com acumulado nos últimos 12 meses de 6,58%, pressionando, assim, o indicador. Já os grupos de despesas pessoais (-0,41%), vestuário (-0,28%) e saúde e cuidados pessoais (-0,07%) sofreram queda.
Já o Índice de Preços de Serviços avançou 1,81%, registrando uma alta acumulada no ano de 1,53%, variando 4,74% nos últimos 12 meses. Em 2024, o indicador acumulava 1,23%, entre janeiro e fevereiro, e 5,79%, no período de março de 2023 e fevereiro de 2024.
Neste indicador, o grupo com a maior alta observada foi o de habitação (5,72%) — com acumulados, nos últimos 12 meses, de 4,78%, e, em 2025, de 2,08%, seguido pelos grupo de educação, com variação de 4,52% (os acumulados foram, nos últimos 12 meses, de 5,85%, e no ano, de 4,61%.
Na avaliação dos indicadores por estratos de rendimentos, as classes mais baixas (C, D e E) sentem o aumento dos preços de forma mais intensa do que as mais altas (A e B), pois as despesas das classes baixas e médias são concentradas em grupos de alta representatividade.
Pressão dos alimentos
A variação foi de 0,46% no segmento de alimentação e bebidas contribuiu com 0,10 p.p. para o desempenho geral. Os alimentos com maiores pressões foram o mamão (16,1%), o café moído (6,3%), a cenoura (6,26%) e os derivados do leite (2,81%). Em compensação, a queda no preço da arroba do boi nas últimas semanas conteve o aumento das carnes, com reduções em cortes como contrafilé (-1,4%) e chã de dentro (-1,2%) [tabela 3].
[TABELA 3]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (2025)
10 produtos com maior aumento em fevereiro
Fonte: IBGE/FecomercioSP
No Índice de Preço de Varejo, o referido grupo foi responsável pela segunda maior pressão expansiva, variando 0,72%. Os acumulados foram, nos últimos 12 meses, de 9,73%, e no ano, de 1,2%. No entanto, de maneira geral, as variações estão mais amenas.
Nota metodológica CVCS
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na Região Metropolitana de São Paulo, em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços, e o IPV, 181 produtos de consumo.