Economia
25/05/2017Apesar de queda de 0,8% nas vendas em fevereiro, varejo paulista segue trajetória de recuperação neste ano
De acordo com a Entidade, retração pode ser explicada pelo efeito calendário, já que 2016 foi um ano bissexto e, portanto, o mês de fevereiro teve 29 dias
Em fevereiro, as maiores quedas foram observadas nas atividades de concessionárias de veículos (-13,5%)
(Arte/TUTU)
As vendas no comércio varejista do Estado de São Paulo registraram queda de 0,8% em fevereiro, na comparação com mesmo mês de 2016. O resultado, porém, não interrompe a série de crescimento no faturamento do setor, pois deve-se considerar o efeito calendário, já que ano passado foi bissexto, ou seja, um dia a mais em fevereiro. Vale destacar que a média diária das vendas reais em fevereiro de 2017 foi 2,7% superior a fevereiro do ano passado, o que torna o resultado de -0,8% mais favorável do que pode parecer com a análise isolada do número. Assim, o varejo paulista registrou faturamento real de R$ 45,3 bilhões no mês, R$ 370,9 milhões abaixo do valor apurado em fevereiro de 2016. No acumulado dos dois primeiros meses deste ano, as vendas no varejo cresceram 1,7%, em termos reais, o que representa R$ 1,6 bilhão a mais de receita. Considerando os últimos 12 meses, o setor apresentou alta de 0,5% nas vendas.
Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP).
Entre as 16 regiões analisadas pela Federação, sete apresentaram crescimento no faturamento real na comparação com o mesmo mês de 2016, com destaque para Marília (8,7%), Araraquara (8,2%) e Ribeirão Preto (4,4%). As maiores quedas nas vendas foram registradas nas regiões de Osasco (-12,3%), Bauru (-7%) e Litoral (-5,5%).
Das nove atividades pesquisadas, três mostraram aumento em seu faturamento real em fevereiro, na comparação com mesmo mês de 2016: farmácias e perfumarias (16,1%), autopeças e acessórios (13,0%) e outras atividades (0,9%). Essas altas contribuíram para o resultado geral com 1,6 ponto porcentual (p.p.).
As retrações registradas pelos setores de concessionárias de veículos (-8,6%), eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-5,7%) e supermercados (-1,4%) foram determinantes para o desempenho negativo impactando com -1,9 p.p. no resultado geral.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, o varejo deu andamento no mês a um processo de lenta recuperação de seu movimento, como vinha sendo observado desde novembro. Até o momento, há uma combinação positiva de elementos determinantes para o comércio varejista que acabam por fundamentar a melhora nos indicadores de confiança dos consumidores e empresários, constatada há meses pela Federação. São eles: a queda da inflação (que está convergindo para o centro de sua meta anual), o ciclo de cortes na taxa básica de juros e a elevação na renda agrícola por causa do forte aumento de exportações de commodities (onde São Paulo tem grande presença).
Expectativa
De acordo com a Federação, mesmo com a lenta recuperação que está em curso, é preciso ter cautela na avaliação da sustentabilidade dessa tendência. Isso porque o grande obstáculo para a consolidação de fato de um ciclo sustentado de recuperação das vendas, segundo a Entidade, ainda dependente de uma reativação ampla e contínua do ritmo das demais atividades que permita o aumento das taxas de emprego e consequente recomposição da renda interna da população ocupada. Na visão da FecomercioSP, as condições necessárias para isso infelizmente ainda não estão efetivadas como a estabilidade do quadro político, o controle e o ajuste das contas públicas que, por sua vez, grande parte depende das reformas nos âmbitos trabalhista, previdenciário e tributário.
Apesar disso, a Federação aponta para 2017 uma taxa de crescimento anual das vendas de 2,7% motivada pelo conjunto dos principais indicadores econômicos e suas perspectivas. A prioridade da equipe econômica para o controle da inflação e a restauração da credibilidade do mercadoque permita a atração de investimentos internos e externos também refletem na taxa de crescimento.
Varejo paulistano
As vendas do varejo na capital paulista atingiram R$ 14,2 bilhões em fevereiro, alta de 1% na comparação com mesmo mês de 2016. Considerando a série histórica a partir de 2008 foi o 3º maior resultado do varejo paulistano para um mês de fevereiro. No acumulado dos últimos doze meses, o faturamento real do comércio varejista da registra crescimento de 3,5%.
Entre as nove atividades analisadas, quatro apresentaram crescimento no faturamento em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano passado: autopeças e acessórios (32,7%), farmácias e perfumarias (24,0%), outras atividades (6,3%) e supermercados (0,5%), que, em conjunto, contribuíram positivamente com 3,7 p.p. para o resultado geral.
No sentido inverso, as maiores quedas foram observadas nas atividades de concessionárias de veículos (-13,5%), materiais de construção (-5,1%) e, eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-2,3%) que juntas representaram pressão negativa de 2,5 p.p. nas vendas do varejo.
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, pelo oitavo mês consecutivo a capital paulista mostrou um desempenho de vendas varejistas superior ao observado na média do Estado. Em fevereiro, o comércio paulistano não apenas superou a média estadual como também mostrou crescimento em seu faturamento real em relação ao mesmo mês de 2016. Segundo a Federação, os dados da capital embasam a tese de início de recuperação das vendas varejistas no Estado, pois a região tem peso significativo no total do comércio estadual.
Dessa forma, a manutenção provável dessa recuperação permite traçar estimativas também mais otimistas para o crescimento do varejo no estado. Persistindo essa tendência, a Entidade aponta que o faturamento real anual do comércio paulistano pode alcançar 3,8% de crescimento em 2017.
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