Sustentabilidade
27/11/2017Aplicativo auxilia no descarte correto de resíduos na zona sul de São Paulo
Programa mostra pontos de coleta nos distritos de Campo Belo, Campo Grande e Santo Amaro e evita acúmulo de resíduos em locais públicos e terrenos baldios
Plataforma mostra locais adequados para o descarte de 19 tipos de resíduos que não podem ser descartados no lixo doméstico
(Arte:TUTU)
Por Priscila Trindade
Usar a tecnologia como meio para melhorar o ambiente de moradores e comerciantes foi o pilar da criação do aplicativo Descarte Bem, desenvolvido para atender à região de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo.
A plataforma orienta sobre os locais adequados para o descarte de 19 categorias de resíduos que não podem ser descartados no lixo doméstico e evita o acúmulo de detritos em calçadas e terrenos baldios, contribuindo para manter a região em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Estão na lista celulares e tablets, eletrodomésticos, eletrônicos, entulho, filmes, gesso, itens de informática (como impressoras e computadores periféricos), isopor, lâmpadas, medicamentos na validade e vencidos, óleo de cozinha, pilhas e baterias, pneus, recicláveis, restos de poda, tintas e solventes, vidros e volumosos (como móveis, livros e malas).
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O descarte irregular de resíduos era pauta constante nas reuniões do grupo de trabalho de resíduos sólidos do Conselho Participativo de Santo Amaro. Encarregada de colocar o plano em prática, a integrante do conselho e diretora de relações institucionais da Associação dos Moradores dos Jardins Petrópolis e dos Estados (Sajape), Cristina Antunes, comentou sobre o assunto em casa, e o pontapé para a execução do aplicativo veio do filho, formado em Multimeios.
Apesar da complexidade do projeto, ele aceitou o desafio de desenvolver o aplicativo por um preço totalmente abaixo do mercado. Ainda assim, o Descarte Bem só foi lançado após parceria firmada com a pizzaria Santa Marcelina. “Parecia missão impossível porque ninguém do grupo tinha competência para elaborar um aplicativo, e ele só foi viável depois desses apoios”, lembra Cristina.
O grupo precisou fazer um levantamento minucioso nos três distritos que compõem a região de Santo Amaro, que são Campo Belo, Campo Grande e Santo Amaro. Os locais de coleta foram visitados e resultou numa lista com 38 endereços, entre supermercados, parques, bancos, lojas, farmácias.
A relação conta ainda com locais inusitados, como um asilo e uma clínica de estética e cirurgia plástica. O Descarte Bem é gratuito e está disponível para os sistemas Android e iOS desde junho deste ano. Até o momento, cem downloads foram feitos.
Das áreas atendidas pelo aplicativo, Campo Grande tem uma peculiaridade, pois é um bairro residencial remanescente da indústria. Berço da extinta Nuclemon, desativada na década de 1990, o espaço ainda guarda material tóxico. Além disso, é comum ter entulho nas calçadas por causa da falta de estrutura e da conscientização dos moradores. “A divulgação do serviço também é mais difícil em Campo Grande porque para baixar o aplicativo é necessário ter um smartphone, e a população de lá ainda necessita de demandas básicas”, completa Cristina.
Apesar das dificuldades encontradas, a assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, Cristiane Cortez, acredita que o Descarte Bem é um exemplo de iniciativa. “Sempre esperamos que a ação venha da administração pública, mas a união dos moradores mostrou que uma sociedade participativa foi capaz de criar uma solução para um problema que está perto, no próprio bairro”. A especialista ressalta que uma iniciativa dessas deveria ser replicada. “Imagine as mudanças no meio ambiente se conseguíssemos difundir o modelo para outros bairros e cidades...”, avalia Cristiane.
Barreiras
Cristina Antunes informa que dos tipos de resíduos, apenas gesso não tem nenhuma opção de lugar para entrega voluntária na cidade. O descarte correto de isopor pode ser feito apenas na Câmara Municipal de São Paulo e em quantidades pequenas. Para enviar grandes volumes, é necessário pagar. As tintas são outro caso difícil porque existem apenas dois endereços que recebem o material, mas todos fora da região de Santo Amaro.
Ela acredita que a situação seria solucionada com ações de política pública. “Poucas pessoas vão até uma loja na Marginal Tietê para deixar a tinta que sobrou de uma pintura feita em casa. Se os ecopontos municipais recebessem esses itens, por exemplo, o problema seria resolvido, mas essa mudança de postura é lenta”, diz. Segundo a subprefeitura de Santo Amaro, a região tem um ecoponto localizado na Avenida Professor Alceu Maynard de Araújo.
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