Economia
12/04/2017Banco Central acerta ao acelerar a redução da Selic no atual momento econômico, avalia FecomercioSP
Segundo a Entidade, em 12 meses, a inflação medida pelo IPCA acumula alta de 4,57%, praticamente no centro da meta, sendo o nível mais baixo desde 2009
A Entidade ressalta que com a inflação em queda, a taxa de juros real no Brasil não caiu tanto quanto a nominal e ainda é alta o suficiente para novas quedas
(Arte/TUTU)
Segundo a análise da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) o Banco Central (BC) acertou em reduzir a Taxa Selic para 11,25% ao ano, diante de um cenário inflacionário que permite não apenas acelerar a queda de juros, como exige medidas deste tipo para retomar o caminho do crescimento econômico.
A inflação medida pelo IPCA em janeiro, fevereiro e março deste ano foi de 0,38%, 0,33% e 0,25% respectivamente, acumulando no trimestre 0,9% de alta. Em 12 meses, o IPCA subiu 4,57%, o que coloca a inflação no centro da meta, sendo o resultado mais baixo desde 2009. No primeiro trimestre do ano passado, o IPCA registrou alta de 2,6% e no acumulado dos 12 meses, a inflação alcançou 9%.
Assim, já são cinco reduções consecutivas da Selic e pela primeira vez em 1 ponto porcentual (p.p.), após duas reduções menores em 2016 (0,25 p.p. em cada) e outras duas de 0,75 p.p.. Segundo a FecomercioSP, nenhum desses movimentos coloca em risco a seriedade dos objetivos de combate à inflação que o BC assumiu, até porque o IPCA está convergindo rapidamente para o centro da meta. Por efeitos estatísticos, além da fraqueza da atividade econômica, a Entidade pondera que a inflação acumulada em 12 meses deve permanecer em queda até agosto.
A Federação acredita que o movimento de corte de juros poderia ter começado um pouco antes, e pondera que ao menos se acelerou desde o começo do ano, obedecendo a lógica de inflação em queda e nível de atividade baixo, com desemprego elevado. Essa estratégia, na visão da FecomercioSP, além de baratear mais rapidamente o custo da dívida do Governo, auxilia o País a enfrentar os efeitos de uma situação recessiva sem precedentes. Para completar o cenário favorável à quedas de juros um pouco mais aceleradas como essa, o câmbio continua valorizado, a despeito dessa movimentação do BC sobre a Selic. A Entidade ressalta também que com a inflação em queda, a taxa de juros real no Brasil não caiu tanto quanto a nominal e ainda é alta o suficiente para que novas quedas ocorram.
O nível de atividade econômica, ainda muito instável, também precisava desta maior velocidade na redução da Selic, que fica mais próxima de terminar o ano de 2017 abaixo dos dois dígitos. Nesse aspecto a opção do BC em reduzir em 1 p.p. a Selic foi um bom sinal e a FecomercioSP espera que na próxima reunião o ciclo de queda de juros mantenha o ritmo. A Entidade entende que existem condições para a redução continuada de juros ao longo de 2017, mesmo projetando uma retomada modesta do nível de atividade a partir do segundo semestre (alguns setores devem começar a retomada antes, mas muito timidamente). A Federação vê apenas no cenário político riscos para que novas quedas de juros não ocorram na mesma intensidade que essa, mas ainda acredita que as duas principais reformas (Previdência e Trabalhista) serão aprovadas, com alterações, porém mantendo os principais pontos. Este cenário permite que a FecomercioSP mantenha sua projeção de uma taxa de juros ao redor de 9% ao final deste ano.
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