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08/05/2014Brasil está preparado para possível pagamento móvel do Facebook
Tecnologia encontraria, no Brasil, estrutura técnica adequada, segurança eletrônica e regulamentação própria
A mídia internacional divulgou a possibilidade de o Facebook caminhar para o mercado de serviços de pagamentos móveis. A especulação é que, a princípio, os passos nesse sentido estão sendo dados na Irlanda, onde a rede social conversa com o Banco Central para se adequar à legislação local.
A notícia, segundo especialistas, faz parte de uma tendência do mercado financeiro, onde novos players buscam competir com os bancos, até então as únicas instituições que detinham em suas mãos a atividade de circulação financeira.
Apesar de o Facebook não confirmar a especulação e, por isso, não haver previsão do serviço para o Brasil, caso a tecnologia seja de fato implantada, o mercado brasileiro não deve ficar de fora, como indica o presidente do Conselho de Tecnologia da Informação da FecomercioSP, Renato Opice Blum.
"O pagamento móvel no mercado brasileiro veio pra ficar. É, sem dúvida, uma tendência e algo irreversível. E é possível que o Brasil esteja entre os primeiros países do mundo na utilização", avalia.
De acordo com Opice Blum, a estrutura tecnológica nacional e a regulamentação do setor estão aptas a receber o serviço. "O mercado brasileiro é hoje um dos principais, se não o principal, em termos de regulação de pagamentos móveis. Claro que teríamos alguns problemas de segurança e de adaptação, mas o Brasil leva vantagem em termos de técnica e regulamentação", afirma.
Desde 2 de maio deste ano, o Banco Central passou a regulamentar as atividades das companhias que atuam com meios de pagamento eletrônico, incluindo as que não sejam instituições financeiras, como credenciadoras de pagamento e bandeiras. Com isso, caso o Facebook traga o serviço para o Brasil, seria necessário a adequação às exigências do Banco Central e, possivelmente, adotar uma das soluções que já estão no mercado, segundo Opice Blum.
Comparado aos outros serviços equivalentes que já existem, como Pay Pal, o presidente do Conselho da entidade acredita que a capilaridade é o diferencial do Facebook. "Ele tem uma base de usuários muito grande e é mais fácil vender uma aplicação para quem já está inscrito na plataforma. Essa é uma vantagem competitiva".
A opinião é compartilhada pelo presidente da Boanerges & Cia - Consultoria em Varejo Financeiro, Boanerges Freire. "Pela quantidade de usuários que tem, a plataforma é uma ameaça competitiva para os bancos. É uma ruptura muito bem vista do ponto de vista do usuário, do consumidor, por trazer inovação, competição, qualidade, acesso a novos serviços e custos mais baixos", assinala Boanerges. Para ele, caso o Facebook ofereça o serviço de pagamento móvel, terá alguns fatores a seu favor, como o relacionamento estreito com o usuário, dados sobre a localização, informações do comportamento e hábito do cliente, entre outros.
Esses fatores, de acordo com Boanerges, chamam a atenção de outras companhias que também querem entrar nesse nicho do mercado. "É um mundo novo que está nascendo pouco a pouco e que deve explodir em breve. Outras empresas na mesma linha já incluíram na agenda de negócios que um campo de atuação é a área de meios de pagamento eletrônico, baseados em dispositivos móveis", destaca. O consultor cita, por exemplo, o Google Wallet, sistema de pagamento móvel criado pelo Google, que armazena os cartões dos usuários e também permite o envio de dinheiro pelo aplicativo.
Além dos fatores de regulamentação e estrutura para receber a tecnologia no Brasil, a segurança eletrônica é mais um fator de atenção. Para o presidente do Conselho de Tecnologia da Informação da FecomercioSP, é comum que, com o surgimento de novos serviços, os cibercriminosos desenvolvam novos métodos de ataques. "Sempre que falamos da utilização de uma nova tecnologia, por mais seguro que o ambiente esteja, sempre vai haver pessoas procurando vulnerabilidades. Sem dúvida nenhuma, vai despertar o interesse de criminosos", analisa Opice Blum. Apesar disso, ele acredita que o mercado de segurança eletrônica caminhará nesse sentido para sempre evitar a propagação de ameaças.
Para Boanerges, a solução não deve dar muita dor de cabeça para os usuários. "Esse tipo de transação é até mais seguro do que o cartão em muitos casos e mais seguro que dinheiro vivo. Se o consumidor perder dinheiro, adeus. Mas, se perder o celular, é possível recuperar os créditos em conta eletrônica. Ele tem condições de controlar o que gastou. Ainda assim, a segurança eletrônica terá alguns desafios, como as fraudes que podem surgir", avalia o consultor de varejo financeiro.
O especialista ainda ressalta que a adaptação cultural dos usuários será o maior desafio da solução. "O maior entrave é se as pessoas vão aprender a usar esse meio, principalmente da base da pirâmide [social]. Apesar de que, em geral, os usuários aprendem rápido, como no caso do smartphone. Ainda assim, terá um tempo de maturação e de aprendizado. Outro aspecto é o do lojista, que terá que se adaptar à tecnologia, no seu papel de orientador do consumidor", indica Boanerges.
E, para os futuros usuários de tecnologias semelhantes, Opice Blum aconselha: "a recomendação é que o internauta verifique se a aplicação está dentro da regulamentação do Banco Central e se possui autorização para atuar".
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