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Negócios

Brasil precisa enxergar turismo como negócio, diz Juliana Bettini

Especialista em turismo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) afirma, em entrevista ao UM BRASIL, que a falta de clareza sobre o papel econômico do turismo impede a elaboração de estratégias eficientes

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Brasil precisa enxergar turismo como negócio, diz Juliana Bettini

Juliana acredita que País deve investir na expansão do turismo sustentável para se tornar um destino mais competitivo em âmbito mundial
(Arte: TUTU)

A importância do turismo para o desenvolvimento da economia é pouco compreendida no Brasil, e isso explica por que o País “patina” em determinados aspectos analisados no ranking de Competitividade de Viagens e Turismo do Fórum Econômico Mundial. No quesito “ambiente de negócios”, o Brasil ocupa a 129ª posição no relatório que avalia 136 países em 14 diferentes itens.

O tema foi debatido na entrevista mais recente do UM BRASIL, que conta com a especialista em turismo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Juliana Bettini. Na conversa com Thais Herédia, ela afirma que a falta de clareza sobre o papel econômico do turismo impede a elaboração de estratégias eficientes e o consequente avanço dessa atividade.

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“Turismo é negócio e tem como objetivo gerar emprego e receita, mas essa é uma atividade econômica sem tradição de políticas públicas. Existe o Ministério do Turismo que desenvolveu um trabalho relevante nas últimas décadas, mas há grandes interrupções, e elas se repetem nos distintos níveis da esfera pública”, destaca.

A especialista explica que o desenvolvimento do setor depende da interlocução entre os atores públicos e privados, pois o turismo é multidisciplinar. “As políticas públicas devem olhar para essa atividade como um todo e conversar com setores correlatos, porque o turismo tem relação com infraestrutura, saneamento, etc.”

Nos últimos anos, o governo tem adotado medidascom o objetivo de aumentar a entrada de turistas no País. No começo deste ano, foi concedida a isenção de vistos para cidadãos de Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão – ação que chegou a ser adotada por tempo temporário durante as Olimpíadas. Dois anos depois, o visto eletrônico foi implementado para os mesmos países.

Embora essas decisões atraiam turistas ao simplificar a entrada deles em território nacional, Juliana diz que esse é apenas um dos pontos que devem compor um planejamento estratégico de políticas públicas para o setor. “Acho que esse não é o único motivo pelo qual os norte-americanos não vêm ao Brasil. Então, isso facilita a entrada de estrangeiros no País, mas tem outros aspectos que desfavorecem a competitividade do Brasil no exterior – o visto pode se um deles –, mas não é o único”, enfatiza.

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Políticas públicas também devem resultar em melhora na segurança, por exemplo, um dos entraves apontados pela especialista para a expansão do turismo. Os casos de violência noticiados pelo mundo, segundo ela, transmitem medo às pessoas que se interessam em visitar o País. “A segurança afeta o turista que está aqui e, principalmente, o que ainda não chegou.”

Esse problema impacta de forma negativa na imagem do País e fica difícil contornar essa situação, porque, até hoje, não fixamos nossa imagem turística. Para Juliana, o País teve momentos importantes para trabalhar sua reputação de forma positiva, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, sediados aqui em 2014 e 2016, respectivamente – mas deixou de explorar essas oportunidades em sua plenitude.

“O Brasil não aproveitou a chance para criar uma imagem mais consolidada no exterior em termos de turismo com esses dois eventos, mas consolidou a característica de povo hospitaleiro. Como temos muitas belezas naturais, nós nos perdemos um pouco na hora de nos vendermos para o exterior. A impressão que eu tenho é que temos uma imagem um pouco difusa no mercado externo. Temos Amazônia, Foz do Iguaçu e outras belezas naturais realmente únicas. Precisamos ‘empacotar’ melhor esse produto para conseguir ganhar mais dinheiro com isso”, enfatiza.

Pelas características do Brasil, a especialista do BID acredita que o País deva investir na expansão do turismo sustentável, que considera o âmbito econômico, assim como o social e o ambiental. “Aposto muito nesse vínculo entre turismo e meio ambiente para nos consolidarmos como um destino mais competitivo em âmbito mundial”, prevê.

Confira a entrevista na íntegra a seguir:

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