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Editorial

Brasil precisa pressionar grandes emissores por metas mais rigorosas

COP30, em Belém, será momento ideal para o País consolidar a própria liderança no cenário global

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Brasil precisa pressionar grandes emissores por metas mais rigorosas
O Brasil tem a oportunidade de consolidar a própria liderança nas pautas ambientais mundiais de agora em diante (Arte: TUTU)

Por José Goldemberg e Cristiane Cortez*

Este ano será decisivo para o Brasil e para o mundo no contexto das mudanças climáticas — principalmente por causa da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, em Belém, em novembro. As altas expectativas estão diretamente ligadas à capacidade de o Brasil consolidar a própria liderança nas pautas ambientais mundiais de agora em diante.

A COP será o centro das atenções do mundo porque servirá como um espaço para discutir questões atuais essenciais, como o financiamento climático, o mercado de carbono e a preservação da Amazônia. Um dos maiores desafios nacionais será pressionar grandes emissores, como Estados Unidos e China, a adotarem metas mais rigorosas e ampliar as contribuições financeiras para países em desenvolvimento. Segundo os documentos da COP29, as atuais promessas de financiamento de US$ 300 bilhões anuais, até 2035, são insuficientes para conter o aumento coletivo da temperatura dentro dos limites estabelecidos no Acordo de Paris.

O evento também reforçará a necessidade de estratégias de “baixo para cima”, envolvendo cidades e autoridades regionais em ações climáticas. Esse modelo tem grande potencial para complementar as decisões mundiais, criando sistemas regulatórios mais eficientes para a redução de emissões de carbono.

Nós esperamos que o Brasil, que presidirá a reunião, aproveite essa oportunidade para mostrar liderança na COP30, tanto no debate internacional quanto na implementação de soluções práticas, uma vez que o País tem condições únicas de liderar essa discussão, lançando mão de suas vantagens em energias renováveis e potencial para zerar o desmatamento ilegal. Além disso, a criação de um sistema sólido de comércio de emissões é uma grande chance de gerar renda para as empresas e contribuir substancialmente para a redução de carbono.

No entanto, ainda que a realização da COP30 em território brasileiro deixe o País em posição de mais destaque, chama também para mais responsabilidade — e a fim de que essas expectativas se concretizem, será fundamental garantir que os compromissos assumidos se traduzam em ações reais. 

Dentre as prioridades, destacam-se implementar medidas eficientes de redução do desmatamento e promover a transição energética, aumentar a parcela de financiamento climático sob condições favoráveis — privilegiando adaptação, redução e compensação por perdas e danos — e consolidar o mercado de carbono no Brasil, que pode servir de modelo para outras nações em desenvolvimento.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) já investe em várias frentes de atuação que envolvem o tema, promovendo a economia circular, a eficiência energética e a regulamentação do mercado de carbono, as quais ajudaram a amparar a Agenda Verde que a Entidade lançará em algumas semanas. Tudo isso reflete o compromisso de alinhar sustentabilidade com as práticas econômicas, ao incentivar o desenvolvimento de negócios sustentáveis nos setores do Comércio e dos Serviços.

Não há dúvidas de que este é o momento ideal para transformar expectativas em resultados concretos, unindo esforços nacionais e internacionais em prol de um futuro mais sustentável. 

*José Goldemberg é presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP; Cristiane Cortez é assessora do mesmo órgão.

Artigo originalmente publicado no jornal Diário do Comércio em 13 de janeiro de 2025.

 

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