Economia
29/06/2016Brexit gera consequências diretas e indiretas para economia global
Efeitos incluem queda na cotação da libra e das bolsas e abertura para novos acordos de comércio internacional
Situação gera para o Brasil uma reflexão sobre o Mercosul, que possui regras que ao invés de incentivarem o comércio internacional, limitam-no
(Arte/TUTU)
No curto prazo, segundo análise da assessoria técnica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), os efeitos incluem a tendência de queda na cotação da libra, resultando na valorização do dólar diante da moeda inglesa e do euro. Outras moedas de países emergentes também podem sofrer desvalorização devido ao nervosismo dos mercados, decorrente das incertezas em relação aos impactos do Brexit na economia global. Outro reflexo é a queda das bolsas ao redor do mundo, também fruto das dúvidas do mercado frente à desconfiança e da desaprovação de projetos de cooperação internacional.
Na prática, dificilmente os milhões de britânicos que vivem na Europa continental e os imigrantes que moram e trabalham no Reino Unido mudarão de endereço de forma imediata.Também não é razoável imaginar que a City de Londres (área mais importante do mercado financeiro europeu) vá abandonar a Inglaterra e se instalar em outras cidades, como, por exemplo, Paris.
Não é bom para a Europa que essa saída seja traumática. É preciso desestimular outros países a fazerem o mesmo, porém, vale lembrar que o Reino Unido manteve sua moeda, enquanto as demais nações do bloco europeu adotaram o euro – uma barreira maior para a evasão de outros Estados.
A Federação analisa ainda que não deve haver uma onda ultranacionalista que coloque em risco a paz na Europa, já que os problemas de xenofobia que existem hoje são mais direcionados a povos oriundos do Oriente Médio e do norte da África, e não diretamente a outros europeus.
Para a FecomercioSP, que é favorável à abertura comercial, ao fim das reservas de mercado, ao aumento da competição e à maior integração entre as economias, em longo prazo, todos perderão com o Brexit. Principalmente os britânicos, que, ao dificultar o trânsito de fatores de produção, irão isolar o Reino Unido, reduzindo seu potencial de crescimento e trazendo perdas a seus cidadãos.
Comércio internacional e blocos econômicos
A saída do Reino Unido abrirá, ao longo do tempo, espaço para exportadores concorrentes. Do total das exportações inglesas, 50% são destinadas à UE. Grande parte das importações britânicas vem de países membros do bloco. Ou seja, com a retirada de alguns benefícios tributários e tarifários do grupo econômico, muitos negócios serão disputados, fazendo surgir novos mercados a serem explorados por terceiros – inclusive pelo Brasil.
No caso brasileiro, essa situação gera uma reflexão sobre o Mercosul. O Brasil deve expor aos outros membros do bloco sua preocupação com as regras que, ao invés de incentivarem o comércio internacional, limitam-no. Atualmente, o grupo está em segundo ou terceiro plano nas estratégias de seus principais membros (Brasil e Argentina).
Segundo a Federação, o País somente poderá evoluir e aproveitar a oportunidade que a saída do Reino Unido da União Europeia vai criar, se puder assinar acordos bilaterais em profusão com Alemanha, França, Espanha, Itália, Portugal e mesmo com a própria Inglaterra. Ou o Mercosul se torna um incentivador ou, assim como na Europa, o excessivo protecionismo e o grande número de regras vão inviabilizar a manutenção do bloco e o desenvolvimento de seus membros.
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