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Sustentabilidade

Busca por energia limpa exige esforço global

Para a FecomercioSP, a COP28 é uma ótima oportunidade para o Brasil debater e observar modelos de regulação do mercado de carbono a nível global

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Busca por energia limpa exige esforço global
As disputas globais sobre emissão de carbono podem até parecer distantes do cotidiano da maior parte das pessoas, mas elas têm repercussões em toda a parte (Arte: TUTU)

A transição energética, uma necessidade da humanidade para manter o planeta habitável a longo prazo, é um tema complexo que envolve decisões em diversas esferas sociais e de poder. Ela exige desde compromissos dos líderes mundiais até atitudes individuais relativamente simples. Não há uma solução única que vá levar a uma redução no consumo de combustíveis fósseis, mas sim uma miríade de medidas que devem ser tomadas por todos.  

O próprio formato da Conferência do Clima da ONU, a COP, demonstra o quanto os atores têm se diversificado. Na COP 28, que se realiza de 30 de novembro a 12 de dezembro desde ano nos Emirados Árabes Unidos, enquanto os líderes de cerca de 198 países estiverem em suas reuniões oficiais, milhares de pessoas de empresas, ONGs e outras funções nos governos também vão negociar acordos que visam parar o aquecimento da atmosfera.

“As COPs se transformaram em grandes eventos, com inúmeras outras atividades ao lado de onde se dá a reunião dos líderes nacionais - há reuniões paralelas, acordos comerciais, projetos de conscientização. Do Brasil, a participação estimada é de 2.400 pessoas”, afirmou o professor José Goldemberg, presidente do Comitê Energia da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), durante reunião do colegiado no dia 28.

Segundo Goldemberg, o Brasil deve “se sair bem” na COP, mas não há perspectiva de avanços globais de fato relevantes. “O Brasil vai mostrar que está reduzindo o desmatamento na Amazônia, mas as perspectivas para a conferência de forma geral não são das melhores, até porque a reunião se realiza num país produtor de petróleo”, avalia. A COP 28 será presidida por Ahmed Al Jaber, CEO da empresa estatal de petróleo do país.

Para a FecomercioSP, a COP28 é uma ótima oportunidade para o Brasil debater e observar modelos de regulação do mercado de carbono a nível global, seguindo países como Canadá, Nova Zelândia e Coreia do Sul, que já contam com escopos em operação, ou mesmo a União Europeia, cujo sistema entrou em vigor em 2005.

No entendimento da Federação, seria um avanço significativo para o Brasil se a ocasião da COP28, em Dubai (que terá a maior comitiva nacional da história do  encontro), fosse   utilizada   pelo    governo   brasileiro   para    discutir, de   forma mais   aprofundada, os   rumos    da   regulação   do    mercado   de   carbono.   Seria importante que assimilássemos as lições aprendidas dos modelos já existentes para   aprimorar   o    sistema   brasileiro   e    seguir   em   direção    a   um   ambiente    de comércio de emissões de carbono que contemple, de forma eficaz, os setores regulados e voluntários, além de trazer competitividade para o Brasil no cenário mundial.

As disputas globais sobre emissão de carbono podem até parecer distantes do cotidiano da maior parte das pessoas, mas elas têm repercussões em toda a parte. “Desde o fim do século passado, ficou evidente do ponto de vista científico que as emissões de carbono estavam causando uma mudança na composição da atmosfera e o seu aquecimento. Como consequência, os eventos climáticos extremos, que sempre ocorreram, estão se tornando cada vez mais frequentes”, explica o professor.  

Mudanças climáticas: dia a dia

Se por um lado é preciso trabalhar globalmente para diminuir as emissões, também torna-se imprescindível que as cidades se tornem mais resilientes e preparadas para possíveis problemas, algo que não aconteceu em São Paulo. Foi uma tempestade com força incomum no início de novembro que danificou a rede elétrica, num episódio em que pessoas ficaram sem luz por até cinco dias na maior metrópole da América Latina.

 “O prazo de restabelecimento de energia foi moroso e resultou em prejuízos gigantescos, estimados em quase R$ 1,5 bilhão para o setor do comércio”, afirma Alexsandra Ricci, assessora técnica do Conselho. Houve ainda queixas de falhas nos canais de atendimento da fornecedora de energia, Enel.

Para tentar obter um ressarcimento dos prejuízos, o primeiro passo é procurar o Procon e, caso nada seja resolvido, procurar a Justiça. “A Enel não observou o prazo de 24 horas para restabelecimento da energia, que está previsto pela Aneel para caso de cortes por falta de pagamento. A jurisprudência indica que o prazo aplica-se também ao restabelecimento de serviços de energia no caso de eventos climáticos”, destacou Alexsandra.

A jurisprudência a favor, contudo, só se aplica a quem procurar a via judicial. Por isso, o próximo passo deve ser o aprimoramento da legislação, para que o ressarcimento possa ser via administrativa em caso de problemas futuros. “A legislação atual especifica ressarcimento por danos elétricos nos aparelhos em si, mas não fala de danos econômicos. Se a Enel tem responsabilidade objetiva por não ter prestado um serviço de qualidade - e de um serviço que é essencial - entendemos que ela tem o dever de reparar”, diz ela.

Compromisso empresarial

O exemplo de São Paulo, uma cidade rica, serve como um alerta geral, mas normalmente são os mais pobres que sentem os efeitos da mudança no clima da Terra com mais força. “Os impactos da mudança climática normalmente acontecem nas comunidades marginalizadas”, afirma Raphael Cyjon, Executivo de Supply Chain e Tecnologia da Pepsico. Portanto, o compromisso com a sustentabilidade é ao mesmo tempo um compromisso social.

A busca por reduzir as emissões tem feito algumas empresas de todos os setores a mudarem uma série de processos. Melhorar a logística e a eficiência dos transportes é uma das áreas de grande impacto, segundo o executivo da Pepsico. Até 2030, a companhia promete reduzir em 75% nas emissões dos veículos próprios e em 40% nas emissões dos terceiros que lhe prestam serviço.

Para chegar lá, há medidas desde a mudança da frota até o treinamento de motoristas para uma direção com menos aceleração e frenagens bruscas, e atenção aos pneus bem calibrados, ações que ajudam a otimizar o consumo de combustível. “Temos 34 mil caminhões próprios na América Latina. Investimos em frota a gás e, graças a uma parceria com a Scania, vamos ter o primeiro caminhão elétrico do Brasil. Também começamos a usar o biometano”, relatou Cyjon durante a reunião.

O executivo ressaltou que é importante sempre pensar na realidade local; no caso da Pepsico não adiantaria comprar caminhões da Tesla por falta de rede de manutenção para os veículos posteriormente, por exemplo. E deixou como conselho para empresários no Brasil: “procurem informação sobre a viabilidade do biometano: vale muito a pena”.

O professor Goldemberg alerta que, de fato, é preciso olhar para a cadeia inteira para não correr o risco de fazer escolhas ambientalmente ruins. “Um ponto de atenção hoje é como a eletricidade é produzida. Não adianta um carro elétrico se a eletricidade é produzida por petróleo”, citou.  Ele, contudo, defende que as empresas tomem a liderança e assumam a responsabilidade para melhorar a sustentabilidade do planeta. “Acredito que essas iniciativas de baixo para cima que vão acabar resolvendo o problema do clima”, afirmou. 

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