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Imprensa

Classes mais baixas veem custo de vida cair na capital paulista; para mais ricos, valor cresceu

Quedas de preços nos alimentos e na habitação favorecem famílias mais pobres; reajustes nos combustíveis podem impactar próximos meses

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Ao contrário do que aconteceu durante a maior parte da pandemia de covid-19, as classes menos favorecidas estão experimentando um custo de vida mais baixo do que as mais abastadas na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Dados da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mostram que, em julho, o indicador caiu 0,31% para a classe E, além de retrair 0,23% para a classe D [tabela 1].

Já a classe A, por outro lado, experimentou uma alta de 0,26% no mesmo período, enquanto a classe B sentiu um aumento de 0,17% nos custos de vida. Essa tendência se mantém ao observar o acumulado de um ano [tabela 2]: para a classe E, esse período representou um aumento de 2,11% no custo de vida, número que foi de 2,32% para a classe D. Apesar de parecerem significativas, essas altas até podem ser consideradas baixas se comparadas aos acréscimos de 4,79%, para a classe A, e de 4,15%, para a classe B. Em outras palavras, nos últimos 12 meses, a inflação foi duas vezes maior para os estratos mais ricos do que os menos favorecidos.

Para a FecomercioSP, esse fenômeno se explica pela deflação mensal nos itens que pesam mais no orçamento das famílias mais pobres, como os de alimentação, que caíram 0,17% em julho no índice geral, e de habitação, cuja queda foi de 0,94%. No acumulado do ano, ambos os grupos subiram 1,47% e 1,16%, respectivamente, considerando todas as classes [tabela 3].

Ao se observar a deflação desses itens a partir das classes sociais, fica até mais claro entender a variação: os preços dos produtos de alimentação caíram 0,48% para a classe E, em julho. Para a classe D, a queda foi de 0,38%, enquanto para a classe A houve acréscimo de 0,11%. O mesmo ocorreu com habitação, que reduziu em 1,28% para a classe E, e apenas em 0,22% para a classe A. Na contramão, porém, os preços dos serviços que afetam mais fortemente o bolso das classes superiores cresceram, como custos com saúde — no acumulado do ano, já marcam um avanço que bate os 4,56% no índice geral. Em 12 meses, esse incremento já beira a casa dos 10%.

No cômputo geral, a CVCS mostra uma estabilidade no avanço do custo de vida na RMSP, registrando 0,05%. No acumulado de 12 meses, porém, o aumento já é de 3,49%. Considerando apenas os sete primeiros meses de 2023, ficou 2,27% mais caro de morar em São Paulo e nas cidades da região metropolitana.

PRATO FEITO MAIS BARATO, TRANSPORTES MAIS CAROS

Em julho, vários ingredientes que fazem parte da mesa diária da maioria dos paulistanos ficaram mais em conta. O principal deles foi o feijão, que perdeu 11,5% do valor. Alguns cortes de carne, como a alcatra (-3,7%), por exemplo, também baratearam. O mesmo foi observado no preço do óleo de soja, que sofreu nova redução, desta vez de 6,6%.

Por outro lado, movimentar-se pela RMSP se tornou mais caro. O grupo registrou uma inflação de 1,07% em julho, muito impulsionado pelos aumentos expressivo de 3,5%, na gasolina, e de 1,3%, no etanol. Como a Petrobras já sinalizou que fará novos reajustes nos preços dos combustíveis às refinarias, é provável que esse grupo fique ainda mais inflacionado neste mês de agosto — pressionando o custo de vida das classes mais baixas, mais afetadas por esse tipo de aumento.

No geral, a FecomercioSP entende que os números da CVCS de julho apresentam um cenário positivo. Em primeiro lugar, a deflação de preços de alimentos e habitação — que representam quase metade de todos os custos das classes mais baixas —, permite que essas famílias possam ter um respiro para pagar dívidas e retornar ao consumo.

Em segundo lugar, a tendência de queda nos alimentos deve se manter nos próximos meses, o que é uma boa notícia também para as classes menos favorecidas, apesar das altas nos combustíveis acarretarem efeitos prejudiciais em toda a economia. Ainda assim, os dados da pesquisa permanecem em um ritmo muito mais controlado do que os observados ao longo de 2022.

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