Economia
02/07/2021Com 2,5 milhões de famílias com dívidas, São Paulo bate recorde histórico de endividamento
Número, porém, reflete cenário de reaquecimento da economia na cidade, após restrições de circulação – ainda mais porque a inadimplência se mantém estável
Consumo volta a crescer, mas as altas da inflação e dos juros podem frear esta retomada
(Arte: TUTU)
O número de famílias endividadas na cidade de São Paulo bateu recorde histórico em junho, atingindo 64,6% dos lares na cidade – número 0,8 ponto porcentual (p.p.) acima da maior marca anterior, de 63,8%, registrada em março do ano passado. É o sétimo mês consecutivo de avanço da taxa, como mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP): desde novembro de 2020, o índice registra um crescimento de mais de 1 p.p. por mês.
Entre maio e junho, 77 mil famílias entraram na lista de endividamento, segundo os dados. Já na comparação com junho do ano passado, este número é ainda maior: 291 mil lares se endividaram.
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Subiu também o número de famílias com contas em atraso – situação de 776,3 mil lares hoje na metrópole (19,5%). É o maior patamar de inadimplência desde abril de 2020, quando a taxa bateu 21,6%. A situação é a mesma dos lares que não têm condições de saldar as dívidas: com a terceira alta consecutiva, a taxa chegou a 8,7%, a maior desde abril do ano passado (8,9% à época).
No entendimento da Federação, porém, a conjuntura não é absolutamente negativa. Na verdade, o crescimento do endividamento pode apontar para um aquecimento da economia na cidade, no qual as famílias estão obtendo crédito para consumir e manter outras contas em dia. Esta compreensão é corroborada pelo fato de que, apesar de terem subido timidamente, a inadimplência e a falta de condições de pagar as dívidas se mantiveram abaixo dos piores momentos da pandemia, no ano passado.
Este cenário se percebe, de fato, pelo fato de 80,3% dos endividamentos estarem devendo a fatura do cartão de crédito – também um recorde dentro da série histórica da Entidade, iniciada em 2010. Além disso, para muitas famílias, esta é a solução mais eficiente para manter o consumo, parcelar compras e, com isso, amenizar os impactos da inflação no orçamento. Depois do cartão, as dívidas mais comuns são financiamento de automóveis (15,2%), carnês (14,1%) e empréstimos imobiliários (11,1%).
Consumo volta a crescer
Outro dado que reforça a compreensão de que a economia ficou um pouco mais aquecida em junho é o crescimento de 0,7% na Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que passou dos 67,3 pontos, em maio, para 67,7, agora – melhor resultado desde novembro de 2020. Mais ainda porque o resultado positivo foi encabeçado, justamente, pela variável Perspectiva de Consumo, que pergunta aos consumidores sobre s planos de ir às compras em breve. Neste caso, as altas foram de 11%, em relação ao mês anterior, e de 38,9%, na comparação com junho de 2020 – mês que também ensaiava uma retomada econômica diante dos primeiros meses da crise sanitária.
Para a FecomercioSP, a melhora desta variável (que foi de 58,3 para 64,7 pontos) se deve principalmente à flexibilização das medidas de restrição de circulação na cidade, que estavam mais rígidas entre abril e maio.
Quase todas as variáveis que compõem o indicador, porém, ficaram no negativo. As mais significativas entre elas foram as mesmas que já tinham registrado quedas em maio, como a Perspectiva Profissional, que encolheu 3,6% após retração expressiva de 11,3% em maio, e o Acesso ao Crédito, que retraiu 2,3% neste mês. Sem contar ainda que a variável Renda Atual caiu ao menor patamar histórico – 66,6 pontos, com quedas de 0,4%, na comparação a maio, e de 18,7% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Na comparação a junho de 2020, aliás, o ICF subiu 7,6% agora.
Mantendo a indicação de que o cenário esteja um pouco mais favorável, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) seguiu subindo em junho. Depois de uma melhora de 0,9% em maio, o indicador cresceu mais 1,3% agora: de 105,9 para 107,3 pontos. A alta é maior se comparar com junho de 2020 (6,9%), também como já havia sido no mês anterior.
Ainda corroborando o argumento de que os consumidores estão mais dispostos a ir às compras, a variável que puxou o resultado foi a de Expectativas do Consumidor, que tinha crescido 1,9% em maio e subiu novamente (1,7%).
Expectativa de crescimento
Números como estes compõem, para a FecomercioSP, um horizonte favorável: com os negócios voltando a uma certa normalidade e o avanço da vacinação, empresários e consumidores entram em um contexto com menos incertezas – fundamental para o planejamento de gastos, investimentos e acesso ao crédito. Entretanto, há alguns elementos que podem frear esta retomada, como as altas da inflação e dos juros. Por isso mesmo, a Entidade reforça que este não é o melhor momento para contrair dívidas – principalmente no caso do empresariado.
Informações qua ajudam nos negócios
Embora a recomendação seja de evitar endividamento, o empresário pode precisar de algum serviço ou produto bancário para lidar com a situação. Acompanhe as taxas médias dos serviços de crédito após breve cadastro aqui. Entretanto, caso queira conhecer sobre as mudanças no setor de maquininhas e qual delas é melhor para a empresa, clique aqui.