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Editorial

Com casa cheia e forte aclamação do público, “Terrenal” estreia no Teatro Raul Cortez

O espetáculo retrata o conflito bíblico e a dualidade entre Caim e Abel mesclando elementos que refletem a natureza humana moderna

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Com casa cheia e forte aclamação do público, “Terrenal” estreia no Teatro Raul Cortez

Em cartaz até 25 de julho, a apresentação explora dilemas atuais a partir de uma releitura da história bíblica
(Arte:Tutu / imagem de divulgação)

Em cartaz no Teatro Raul Cortez, a comédia dramática Terrenal – pequeno mistério ácrata, uma reinterpretação da história de Caim e Abel, estreou em 6 de junho com casa cheia e promete ser um sucesso. A apresentação está em cartaz até 25 de julho, todas às quintas-feiras, às 21h, no teatro da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

A releitura da clássica história bíblica dos irmãos Caim (Dagoberto Feliz) e Abel (Sergio Siviero) tem como pano de fundo os grandes conflitos sociais e os dilemas sobre posse de terra, valor do trabalho, solidão, relações interpessoais e ainda as consequências das escolhas humanas.

Discussões sobre justiça, empatia com pessoas que pensam de modo diferente e propósito de uma vida voltada apenas ao acúmulo de bens também estão muito presentes.

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Na montagem, os dois irmãos que compartilham um terreno sem prosperidade discutem como o trabalho moldou a personalidade e a visão de mundo de cada um.

Caim, homem de reputação, proprietário de uma plantação de pimentões – e preso a essas terras –, que venera o exercício da virtude e da moral, questiona o valor do trabalho de Abel, vendedor de iscas vivas para pescadores, nômade que passa o dia bebendo, que trabalha apenas aos domingos (o dia santo) e cultua a liberdade, o prazer, a independência e o desapego. Uma barreira invisível no palco separa esse terreno e também os ideais de Caim e Abel.

O antagonismo e a rivalidade se intensificam quando Tata (Celso Frateschi) – personagem com nuances divinas e pai dos dois, retorna após tê-los abandonado quando eram crianças – volta demonstrando predileção pelo modo de vida de Abel. A partir daí, a tensão cresce, e a tempestade prenuncia constantemente o desenrolar de uma história trágica aflorada pelo ódio e pelo ciúme.

Os diálogos, o cenário e os demais elementos que compõem a apresentação são construídos de forma a expor não apenas essa dualidade entre os irmãos, mas também os conflitos internos de cada um.

Tudo isso está acompanhado de apresentações musicais executadas por Demian Pinto e de momentos de comédia embaladas com recursos circenses. A introdução silenciosa arrancou gargalhadas da plateia, enquanto que o forte monólogo final foi ovacionado.

“Gostei muito da interpretação dos atores e da maneira como eles trazem assuntos tão contemporâneos da vida para a arte, tanto o questionamento dos nossos valores quanto o momento atual que vivemos no País e no mundo”, diz o músico e ator Ricardo Arantes, que estava na plateia no dia da estreia.

A direção do espetáculo é de Marco Antônio Rodrigues e Cecília Boal é responsável pela tradução do texto do dramaturgo argentino Mauricio Kartun.

Serviço
Temporada: de 6 de junho a 25 de julho.
Quintas-feiras, às 21h.
Teatro Raul Cortez – Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista, São Paulo (SP).

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