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Sustentabilidade

Com crise hídrica, escolas devem intensificar debate sobre consumo consciente da água

Para especialistas em educação, momento é uma oportunidade para sensibilizar crianças e jovens da importância do bom uso e do problema da escassez

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Com crise hídrica, escolas devem intensificar debate sobre consumo consciente da água

Por Jamille Niero

A crise hídrica que tem afetado a Região Sudeste neste último ano é uma boa oportunidade para as escolas abordarem o consumo consciente – especialmente de água – com seus alunos. Com o agravamento da crise – uma vez que os reservatórios que abastecem São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais ainda estão com níveis baixos –, mais escolas e professores têm buscado formas diferentes de abordar o assunto, além das tradicionais disciplinas Ciências e Geografia.

“O consumo consciente da água pode ser tratado em quase todas as disciplinas, de Ciências a Matemática: quando pedimos para o estudante calcular quantos litros ele economiza ao reduzir o tempo de banho e quando ele interpreta um texto que fala do assunto”, diz a coordenadora da rede de aprendizagem focada em consumo consciente Edukatu, criada pelo Instituto Akatu, Denise Conselheiro. Ela conta que, entre os conteúdos gratuitos oferecidos pelo projeto (que vão de jogos a planos de aula), hoje, o mais acessado é o material que ensina a montar um terrário, mostrando ainda como funciona o ciclo da água e de que forma a ação humana pode interferir nesse processo.

O assunto água deve ser trabalhado com atividades adequadas à idade e com a realidade dos alunos. O professor e consultor em educação e sustentabilidade Edson Grandisoli concorda e acrescenta que é possível trabalhar o assunto desde tarefas menores, como pedir para os alunos acompanharem o quanto gastam de água durante a semana até projetos interdisciplinares. “Depende da ousadia de professores e diretores”, ressalta. Grandisoli comenta que as escolas, de forma geral – públicas e privadas –, caminham para incluir os temas “sustentabilidade” e “consumo consciente” na formação dos professores.

E não são apenas nas escolas de ensinos básico, fundamental e médio que a água e seu consumo consciente têm ganhado evidência. Alunos de graduação em Engenharia Ambiental aumentaram o interesse em saber mais sobre subtemas, como o tratamento de água para reúso – ainda mais após o anúncio da intenção do governo paulista de tratar o esgoto produzido no Estado para abastecer a população. “Com o assunto na mídia, os alunos querem saber mais (o que é volume morto e água de reuso) e fica mais fácil explicar. Esse debate vai se intensificar ainda mais, e não só por causa da crise, mas também em razão dessas medidas anunciadas pelo governo. A universidade tem papel importante na formação dos alunos para atender ao que o mercado cobra”, diz o professor do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Anhembi Morumbi, Maurício Cabral.

Ele diz que, por enquanto, não houve mudança na grade curricular exigida pelo Ministério da Educação. Mas, se medidas como o reúso de água se tornarem populares e existir uma demanda – com a criação de leis que exijam esse tratamento, por exemplo –, o MEC terá que adequar a grade curricular a essa nova abordagem da água. “Depende muito de leis e ações do governo para gerar a demanda. Se constante, pode ocorrer mudança na grade, sim”, indica Cabral.

Para os especialistas consultados, o momento é uma oportunidade de sensibilização sobre o consumo consciente da água, um tema que não é novo, mais ainda precisa ser discutido. São nos momento de escassez que as pessoas sentem o efeito e conseguem modificar a realidade. 

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