Economia
06/08/2019Com maior uso de carnês, negócios podem ampliar formas de pagamento para garantir bons resultados no curto prazo
Peic de julho traz dados sobre endividamento, inadimplência e ainda a tendência de uso dos meios de pagamento
O cartão de crédito lidera entre os tipos de dívidas contraídas: 71,2%. Esse resultado é cerca de 2% menor do que o apurado há um ano
(Arte: Tutu)
Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de julho apontam que os consumidores estão tentando expandir as opções no mercado de crédito para complementar a renda, seja para pagar dívidas ou consumir mais. Mas houve uma restrição maior na disponibilidade desses recursos pelos cartões de crédito, ao passo que os carnês estão se tornando uma opção viável, com mais facilidade de acesso, com maior busca e menor endividamento. São sinais da conjuntura econômica, com desemprego alto, economia em ritmo lento, crédito seleto e consumidores endividados ou cautelosos.
A pesquisa é realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Isso é importante para o comércio, pois, tendo em vista que o cenário econômico não deve mudar no curto prazo, se o empresário conseguir ampliar as formas de pagamento e inserir os carnês como uma opção aos clientes, caso seja viável e característico do negócio, conseguirá torná-lo mais atrativo por conta da flexibilidade. Quem possuir um fluxo de caixa bem gerenciado, terá grandes chances de sair desta turbulência mais fortalecido, avalia a FecomercioSP. É importante saber como analisar esse resultado comercial tanto no curto como no longo prazo.
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Os pequenos negócios podem ainda optar, neste momento, por uma precificação acessível, reduzindo margem de lucro, e, claro, sempre possibilitando as melhores condições de pagamento. É essencial que o varejista continue buscando opções de maquininhas com as menores taxas e com o recebimento dos recursos quase que imediato. A FecomercioSP ressalta que ter acesso a essa flexibilidade é um grande trunfo para a melhoria do fluxo de caixa e para não atrasar o pagamento de impostos, funcionários, etc. Por isso, é importante saber escolher a maquininha ideal para as pequenas empresas, com recebimentos mais rápidos e com taxas reduzidas.
Detalhes do endividamento e da inadimplência
De acordo com os dados da Peic, a taxa de endividamento na capital paulista ficou estável em julho: 55,7% ou 2,2 milhões de famílias com algum tipo de dívida. Entretanto, houve avanço de 4,5 pontos porcentuais na comparação desse resultado com o mesmo período do ano passado, o que representa um aumento de 190 mil famílias endividadas em um ano.
A inadimplência cresceu tanto no comparativo mensal quanto anual. Em julho, a taxa foi de 20,2% – acima dos 19,5% de junho e dos 19,6% de julho de 2018. Neste mês, chegou a 793 mil o número de famílias que não pagaram suas dívidas até a data do vencimento, 29 mil a mais que junho. Em relação às pessoas que dizem que não terão condições de pagar suas contas já atrasadas, houve uma estabilização em 8,5% em julho, resultado semelhante ao de 12 meses atrás. Hoje, são 335 mil famílias nesta situação.
O cartão de crédito lidera entre os tipos de dívidas contraídas: 71,2%. Esse resultado é cerca de 2% menor do que o apurado há um ano. Isso pode ser um indício de limitação da oferta de crédito nesta modalidade pelos bancos. Já os carnês representam 15,8% dos meios pelos quais os consumidores se endividaram. A FecomercioSP tem notado um aumento na utilização dos carnês nos últimos meses, por conta de haver menos restrições aos consumidores.
O financiamento de carros é a terceira forma de endividamento – com 12,5% – tecnicamente igual ao porcentual de financiamento de casas (12,4%). O cheque especial em julho ficou em 7,7%; sendo o maior patamar em um ano. Esses dados indicam que os consumidores estão buscando todas as formas disponíveis para complementar a renda, diz a Federação.
A parcela da renda comprometida com as dívidas ficou em 29,8% em julho, sem grandes alterações quando se observa a série histórica. Em relação à faixa de renda, a situação está pior para quem tem uma renda menor, de até 10 salários mínimos. A taxa de endividamento para este grupo passou de 58,8% em junho para 59,6% em julho, maior patamar desde dezembro de 2017 (59,9%); o nível de inadimplência em julho foi de 26,3%, o maior da série histórica.
As pessoas com renda superior a 10 salários mínimos estão com níveis de endividamento e de inadimplência menores. O primeiro passou de 46,8% em junho para 44,3% em julho; o segundo foi de 6,3% para 5,9% neste mesmo período.
Quanto ao tempo de dívida em atraso, a média foi de 65,5 dias em junho para 66,6 dias em julho. Há um ano o porcentual era de 63,2%. O tempo de comprometimento da dívida ficou estável em julho, em 7,5 meses na média. A dívida de longo prazo continua apresentando o maior índice: as dívidas acima de um ano representam 38,7% do total, já os demais prazos estão próximos a 20%.