Sustentabilidade
08/07/2015Combate ao desmatamento avançou, mas redução anual é dilema
Pior índice de série histórica feita pela União foi em 1995, com a devastação de 29.059 km² na Amazônia
Por Deisy de Assis
O desmatamento no Brasil apresentou retração nos últimos anos. Uma das hipóteses para a redução nos índices é a criação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), em 2004. Desde sua implementação os níveis de desmatamento caíram 82%.
Nas estatísticas do Ministério do Meio Ambiente - que mostram dados do monitoramento iniciado em 1989 -, em 2004 as florestas haviam perdido 27,7 mil km² de área verde. Dez anos depois, o desmatamento registrado correspondeu a 4,8 mil km².
Para o professor Sebastião Valverde, do departamento de engenharia florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV), é preciso ter cautela com números. “Existe uma dificuldade imensa de mensurar esses dados, até por questões de ordem política”, diz.
Ainda levando em conta essas estatísticas oficiais, nem todas as notícias são boas. Quando os dados são analisados ano a ano, mesmo após a implementação do plano de prevenção, a redução dos “clarões” em meio ao verde das florestas brasileiras não é tão expressiva.
De 2012 para 2013, por exemplo, houve uma alta de 4,5 mil km² para 5,8 km². Já no ano passado, embora tenha havido retração, os números ultrapassaram a casa dos 4 mil km².
A situação levou a presidente Dilma Rousseff - durante visita ao presidente dos EUA, Barack Obama, no último dia 30 - a firmar compromisso de reflorestar 120 mil km² até 2030 e zerar o desmatamento ilegal no mesmo prazo.
Mais de 48% da área total do Cerrado estão desmatadas
No que diz respeito ao Cerrado, bioma que se estende por mais de dois milhões de quilômetros quadrados do território nacional, a área desmatada é maior que 989 mil km² - contabilizados até 2010, pelo Ministério do Meio Ambiente -, o que significa que quase metade do bioma já foi devastado.
Há cinco anos foi criado o Plano de Ação Para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), com o qual se espera a contenção desses índices.
Tecnologia e ciência a favor da natureza
Segundo Valverde, um grande problema é o fato de áreas já desmatadas não oferecerem solo com boas condições, o que acarreta em mais desmatamento para o agronegócio. “Por isso, considero urgente que se desenvolva tecnologias que permitam o reuso desses solos já sem vegetação”, argumenta.
Uma pesquisa de mestrado, na UFV, estuda a dinâmica de uma área de 44 hectares com reserva legal de Mata Atlântica em Minas Gerais. Dados como o desenvolvimento da vegetação e seu armazenamento de carbono – que interferem no clima - estão sendo acompanhados.
Os resultados da ciência a favor do meio ambiente já começam a surgir. Embora ainda esteja em andamento, os pesquisados já notaram regeneração e crescimento autônomos da mata. Com a pesquisa, será possível identificar como essa autorrecuperação ocorre. Além disso, o estudo pode auxiliar na regeneração de outras áreas verdes brasileiras.
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