A crescente produção de embalagens e a dependência das pessoas em relação a esse tipo de material têm levantado discussões acerca da reciclagem e do descarte correto desses itens. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), cerca de um terço do lixo doméstico é composto por embalagens, do qual aproximadamente 80% são descartados após apenas um uso. 

Essa prática contribui muito para a superlotação de aterros e lixões, além de gerar uma série de impactos ambientais negativos. No Brasil, por exemplo, em torno de 25 mil toneladas de embalagens são despejadas diariamente em depósitos de lixo. Para se ter uma ideia, esse volume encheria mais de 2 mil caminhões — que, alinhados, ocupariam quase 20 quilômetros de estrada.

Também é comum que as empresas utilizem embalagens para vender produtos, como frascos, latas, garrafas, sacos, envelopes, caixas de papelão, caixas de transporte e embalagens de proteção, como espuma, plástico-bolha e papel de embrulho. No entanto, é preciso fazer o uso consciente. Quando consumidas de maneira exagerada e descartadas de forma inadequada, essas embalagens dificultam a degradação de outros resíduos, que poluem o meio ambiente, causam problemas na rede de esgoto e até podem ser ingeridos por animais, causando a sua morte. 

Além de prejudicar o planeta, o descarte inadequado pode resultar em publicidade negativa para as empresas, especialmente quando as suas marcas estão associadas aos resíduos. Vale ressaltar que, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), é responsabilidade de todos os envolvidos na cadeia produtiva garantir a destinação ambientalmente adequada desses materiais.

Logística Reversa é uma boa solução

Uma das abordagens para lidar com esse problema é a implementação de Sistemas de Logística Reversa (SLRs) pelos negócios. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do estado de São Paulo (FecomercioSP) tem exercido um papel fundamental na promoção e na disseminação desses sistemas, contribuindo para a sua expansão e o cumprimento das metas estabelecidas por acordos setoriais. A Entidade fornece orientações e apoio para que os comerciantes possam integrar o SLR aos próprios negócios, garantindo, assim, a destinação responsável dos produtos comercializados. 

Em parceria com outras entidades e representantes do setor, a FecomercioSP realiza essa série de reportagens especiais focadas em diferentes aspectos da LR, como óleo de cozinha usado, pilhas e baterias portáteis, equipamentos eletroeletrônicos, baterias automotivas, lâmpadas e, agora, embalagens em geral.

Embora nem todos os estabelecimentos sejam obrigados a funcionar como Pontos de Entrega (PEs), é importante que participem ativamente do sistema como ponto de divulgação. O descumprimento das obrigações estabelecidas pela legislação pode resultar em multas e outras sanções.

Boas práticas e soluções sustentáveis

Como case de boas práticas, podemos citar a New Hope Ecotech-NHE, com quem a FecomercioSP tem parceria a fim de possibilitar a fabricantes, importadores e detentores de marca própria que necessitem comprovar o cumprimento da LR de embalagens aos órgãos ambientais. Essa comprovação ocorre por meio da compra de créditos ambientais, provenientes da venda de recicláveis pelas cooperativas de reciclagem, no âmbito de um sistema controlado pela NHE.

A reciclagem pode ser não apenas uma medida ambientalmente responsável, mas também uma oportunidade para as empresas demonstrarem compromisso com a sustentabilidade. Isso acontece porque a destinação ambientalmente adequada de embalagens e produtos pós-consumo atribui a esses negócios o status de compliance, pelo cumprimento da legislação, além de gerar impacto socioambiental, na medida em que a reciclagem gera emprego e renda.

Em suma, o correto descarte de embalagens é essencial para mitigar os impactos ambientais negativos. A implementação de SLRs e o apoio a iniciativas sustentáveis são passos importantes na direção de um futuro mais ambientalmente consciente e sustentável.

Economia circular em foco 

Uma das frentes prioritárias da FecomercioSP para este ano é a economia circular, promovendo importantes contribuições aos Projetos de Lei (PLs) que tramitam em esfera federal: o PL 1.874/2022, sobre a Política Nacional de Economia Circular (PNEC), e o PL 2.524/2022, sobre a economia circular do plástico. 

Clique neste link e acompanhe todas as contribuições da Federação e do seu respectivo Conselho de Sustentabilidade nessas relevantes frentes.