Hoje, 74% das emissões de GEE nacionais estão ligadas à mudança de uso da terra e ao desmatamento (Arte: TUTU)
Por José Goldemberg e Cristiane Cortez*
O Brasil vive um momento ímpar no âmbito climático ao se preparar para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, no Pará. Será uma oportunidade única para destacar soluções ambientais inovadoras e efetivas ao mundo. É também o momento propício para ajudar o País a propor soluções climáticas para si mesmo. Por isso, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) lançará, em março, a Agenda Verde, com 12 objetivos centrais para 2030 — notícia que o leitor do Diário do Comércio está sabendo em primeira mão.
O documento abrange metas em consonância com propósitos já oficiais, como zerar o desmatamento ilegal até o fim desta década. Trata-se de uma medida fundamental para reduzir as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) e preservar biomas essenciais, como a Amazônia. Outras ações já estão em curso, como o estímulo à participação voluntária de empresas no novíssimo Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), com o objetivo que esses negócios possam gerar créditos de carbono e, assim, beneficiar diversos setores, incluindo os de Comércio e Serviços.
Há ainda objetivos que vão da transição energética, estimulando a substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis e fontes renováveis de energia, à economia circular — área na qual a FecomercioSP já atua fortemente —, que mira implementar e ampliar pelo país os Sistemas de Logística Reversa (SLRs) e incentivos a reciclagem, compostagem e design de produtos sustentáveis. Essa agenda busca reforçar também a ideia de como o Brasil pode contribuir de forma singular para o mundo no aspecto climático, lançando mão da sua rica biodiversidade, da sua matriz energética (uma das mais renováveis do mundo) e das suas condições de liderar a transição para uma economia de baixo carbono.
Hoje, 74% das emissões de GEE nacionais estão ligadas à mudança de uso da terra e ao desmatamento. Para reverter essa realidade, é preciso integrar atividades de sustentabilidade a ações empresariais e políticas públicas. Os setores de Comércio e Serviços, embora sejam pequenos emissores, têm grande potencial para colaborar com isso, principalmente promovendo campanhas de educação e conscientização (engajando consumidores no descarte adequado de produtos e na adoção de hábitos de consumo sustentáveis) e na logística reversa (garantindo que produtos pós-consumo sejam corretamente destinados, reduzindo a geração de resíduos).
Com a COP30 despontando no horizonte, a Agenda Verde da FecomercioSP é um chamado à ação. Só assim para o Brasil se colocar como líder na transição para um modelo de desenvolvimento mais justo, limpo e sustentável.
*José Goldemberg é presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP; Cristiane Cortez é assessora do mesmo órgão.
Artigo originalmente publicado no jornal Diário do Comércio em 4 de fevereiro de 2025.
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