Economia
25/05/2021Confiança do empresariado paulistano regride ao patamar da metade do ano passado, afirma FecomercioSP
Assim como no segundo trimestre de 2020, pessimismo dos empresários aumentou significativamente em maio; para Entidade, é hora de rever o planejamento financeiro
Declínio significativo se explica também por fatores como a perda do poder de compra das famílias, o crescente desemprego e a pressão inflacionária sobre muitos produtos
(Arte: TUTU)
O ritmo lento da vacinação, a continuidade das medidas de restrição à circulação e o cenário ainda incerto da economia fazem com que a confiança do empresariado da cidade de São Paulo esteja em queda livre. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por exemplo, voltou ao patamar de agosto de 2020, fechando o mês de maio em 83,8 pontos – estava em 74,8 naquele mês do ano passado. O número representa uma queda de 6,5% em relação a abril, quando já havia registrado retração de 9%.
Já o Índice de Expansão do Comércio (IEC), que mede a propensão do empresariado a investir, caiu 5,9% em maio, logo após uma queda expressiva de 7,6% em abril. O indicador – que já esteve em 91,6 pontos em março – está em 79,6 pontos hoje, o seu menor nível em sete meses.
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Para a Federação, o declínio significativo da confiança do empresariado paulistano se explica também por fatores como a perda do poder de compra das famílias, o número crescente de desempregados e a pressão inflacionária sobre muitos produtos – principalmente de alimentos e bebidas. Diante de tudo isso, a tendência é que eles deixem momentaneamente de investir nos seus negócios, esperando um sinal da retomada econômica.
As quedas são ainda mais expressivas fazendo comparações com maio de 2020, quando, vale dizer, o País já estava mergulhado na crise do covid-19, e via os primeiros impactos negativos atingirem a economia: no caso do ICEC, o patamar atual é 10,6% menor do que naquele mês (93,9 pontos), quando também começou uma queda vertiginosa que se estenderia até junho. Na verdade, o indicador jamais voltou ao nível de abril de 2020 (118,7 pontos), apesar do ensaio de uma recuperação no segundo semestre.
Por sua vez, o IEC encolheu 9% em relação a maio de 2020, quando marcava 87,5 pontos. A curva do indicador é a mesma do ICEC: naquele mês do ano passado, estava em uma queda livre que só voltaria a subir em setembro. A pontuação atual é um retorno àquele nível.
Investimentos e contexto sustentam quedas
Os três indicadores que compõem o ICEC sofreram forte queda em maio, assim como já tinha sido em abril: o Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC), que pergunta ao empresariado da cidade sobre a situação momentânea em relação à economia, saiu dos 60,9 para os 53,4 pontos neste mês – o que representa uma retração de 12,4%. No mês passado, a queda já havia sido de 10,3%. Outro sinal do momento de pessimismo é que, mesmo na comparação com maio de 2020, quando o contexto já era ruim, a pontuação de hoje caiu 25,2%.
O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC), por sua vez, caiu 5,4%, pulando dos 125,4 para os 118,7 pontos hoje – o pior resultado desde julho de 2020 (99,1 pontos). A pesquisa ainda mostra que os empresários estão cautelosos quanto aos investimentos: depois de cair 5,4% em abril, o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC), que questiona os entrevistados sobre o quanto estão dispostos a investir nos negócios, retraiu mais 3,8% agora, fechando o mês com 75,4 pontos. É a pontuação mais baixa desde agosto de 2020 (69,8 pontos).
A curva descendente no Índice de Expansão do Comércio (IEC), por sua vez, também foi puxada pelo desempenho negativo das suas duas variáveis: Expectativas para Contratação de Funcionários (ECF) caiu 6,6%, depois do declínio de 8% em abril. Da mesma forma, o Nível de Investimento (NIE) dos negócios voltou ao nível de setembro de 2020, fechando maio em 60 pontos (queda de 4,7% na comparação a abril). Em outras palavras, os empresários estão evitando contratar e investir nos negócios.
O que fazer agora?
Planejamento financeiro. Essa é a principal orientação da FecomercioSP aos empresários neste momento. Com o aumento da inflação, é possível que os custos aumentem, fazendo com que seja necessária uma gestão mais próxima de todos os fatores que compõem o negócio.
Isso passa por reavaliar riscos e calcular os possíveis aumentos de custos, bem como ajustar os cronogramas de pagamentos e recebimentos, além dos investimentos. Também é um momento para rever os preços de produtos e/ou serviços ofertados e, se for o caso, elaborar estratégias para atrair os consumidores – como melhores formas de pagamento.
É também hora de ficar mais perto da gestão do fluxo de saídas e entradas de mercadorias. O Índice de Estoques (IE) caiu novamente em maio (-1,6%), apontando 99,1 pontos. É a primeira vez que o indicador cai abaixo da casa dos 100 desde setembro de 2020, o que indica que há cada vez mais inadequação dos empresários em relação aos estoques.