Negócios
29/03/2017Conheça os setores promissores para entrar no mercado de nichos
Entre os propícios estão os menos afetados pela crise, como os ligados à tecnologia, sustentabilidade, beleza, alimentação e pet
Nicho é uma porção de um mercado, geralmente pequena, cujo público consumidor possui necessidades e hábitos específicos
(Arte/TUTU)
Por Jamille Niero
Se por um lado, com a redução do consumo por causa da crise, muitos setores tiveram prejuízo (como os que vendem veículos, eletrodomésticos e eletrônicos, materiais de construção e móveis e decorações), por outro alguns tendem a ter resultados mais promissores. O principal motivador é a recuperação econômica prevista neste e no próximo ano.
Segundo a assessoria técnica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), são setores favoráveis para os empreendedores que pensam em abrir um negócio de nicho - porção de um mercado, geralmente pequena, com necessidades e hábitos específicos. Entre eles estão as sapatarias, lavanderias, consertos e reparos em roupas, revenda de carros usados, oficinas mecânicas, food-trucks, lojas de bicicletas, setores vinculados à informática, à tecnologia, às redes sociais, à sustentabilidade, à qualidade de vida, beleza, cosméticos, alimentação, reciclagem e o segmento pet.
O que justifica o potencial é o fato dessas atividades terem sofrido menos com a crise e sobrevivido no mercado recessivo. Também são atrativo-essenciais, na ótica do consumidor.
Empreendendo na crise
O mercado de alimentação foi o escolhido por Paula Rosignoli para abrir seu negócio de nicho. Inaugurada em agosto de 2015, a Pra Lá de Bom é especializada em alimentos sem glúten preparados artesanalmente. Por ser celíaca (doença caracterizada pela intolerância radical do organismo ao glúten) há mais de 15 anos, Paula sempre preparou diversos pratos sem a substância para si mesma. No entanto, suas guloseimas fizeram sucesso entre parentes e amigos, que a incentivaram a abrir a própria empresa. Professora de matemática aposentada, ela se formou por hobby em um curso de chef de cozinha, mas com o estímulo, resolveu levar a sério.
“O que incentivou mesmo a abrir loja foi a carência do mercado e o mito de que coisas especiais, sem glúten, são sem gosto. E isso sempre me deixou chateada”, conta a proprietária da padaria, que começou a produzir na cozinha de casa e hoje possui dois fornos industriais no estabelecimento para dar conta da demanda.
Já são 40 os clientes “fixos” que fazem pedidos regularmente das receitas que ela cria para quem bate à sua porta com alguma alergia. “Temos muitos médicos e nutricionistas aqui na região [Zona Norte de São Paulo] que frequentam a padaria e indicam para os clientes que precisam de dietas específicas. Recebo muitas mães com filhos alérgicos, mas também o público preocupado com saúde, que não tem alergia mas cortou o glúten, diabéticos, com doenças autoimunes, entre outros”, conta.
O faturamento mensal oscila entre R$30 mil e R$ 40 mil e a cada semana aparecem de 15 a 20 novos clientes.
Segundo o especialista em varejo Caio Camargo, a sociedade passou por tantas transformações sociais que quebraram por completo o modelo de vendas pensando em classes sociais. Hoje, o foco é nas demandas especiais de cada público. “Dessa forma, as empresas hoje são criadas a partir de problemas e demandas específicas, e não mais a partir de um produto ou algo que queira apenas vender. Quem entende seu consumidor, consegue operar de forma mais focada junto ao seu mercado, minimizando esforços e aumentando resultados”, explica.
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