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Sustentabilidade

Consumo de água nos países depende de disponibilidade e nível de industrialização

Segundo órgão das Nações Unidas, Uzbequistão está entre os países que mais extraem água, enquanto o Congo está no final do ranking

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Consumo de água nos países depende de disponibilidade e nível de industrialização

Por Jamille Niero

O planeta tem hoje mais de 7 bilhões de habitantes, que consomem diariamente, em média, 40 litros de água cada um. E, segundo relatório das Nações Unidas lançado em março deste ano, em 2050 a demanda mundial por água deverá ser 55% maior.

De acordo com dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), apenas a capital paulista registra consumo médio diário por habitante de 200 litros de água. Para efeito de comparação, um europeu gasta em média de 140 a 200 litros por dia e um norte-americano, de 200 a 250 litros.

Segundo especialistas em Recursos Hídricos, o consumo de água por cada habitante em cada país depende de alguns fatores, como a disponibilidade hídrica – a quantidade de água disponível no território – e o nível de industrialização. “Quanto mais industrializado for o país, maior será a necessidade de água para suprir as exigências industriais e a tendência é ter um consumo maior”, destaca Gregório Guirada Faccioli, coordenador do programa de pós-graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Vale lembrar que a indústria é o segundo maior consumidor de água no mundo (22%), perdendo apenas para a agricultura, que consome por volta de 70%. 

Gerenciamento de recursos
Para Milton Matta, coordenador do Laboratório de Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Instituto de Geologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), a eficiência no gerenciamento da água disponível, mesmo que pouca, é essencial. Como exemplo, ele cita a Alemanha, que tem um terço da água que tem no Nordeste, mas tem um consumo três vezes maior que a região nordestina brasileira. “Alguns países gastam mais água, mesmo tendo disponibilidade hídrica menor, porque gerenciam de forma mais eficiente”, aponta. 

Conforme o relatório das Nações Unidas, as grandes prioridades para a região da América Latina são construir a capacidade institucional formal para gerenciar os recursos hídricos e promover a integração sustentável da gestão desses recursos para o desenvolvimento socioeconômico e redução da pobreza. Outra prioridade é garantir o pleno cumprimento do direto humano à água e ao saneamento.

Especialistas têm apontado que falta gerenciar melhor a água que abastece a população brasileira. O país tem em seu território 12% da água doce disponível no mundo. Mas não é raro ver situações onde a população sofre com a falta dela. 

Matta, da UFPA, comenta sobre caso que ocorreu no início do mês em Belém, no qual um incêndio em uma estação da distribuidora local prejudicou o abastecimento de mais de 20 bairros. “O que existe é uma crise de gerenciamento, de como usar a água. Em países como Israel, que há baixa disponibilidade hídrica, cada gota de água é monitorada. Se há desperdício, as pessoas são punidas”, aponta. 

Alternativas à falta de água
Em sua avaliação, uma opção interessante seria usar as águas subterrâneas encontradas no território brasileiro para abastecer a população. “É mais barato do que construir grandes reservatórios acima da terra. A água subterrânea é mais barata e está mais protegida de contaminação”, assinala. Possível fonte de águas subterrâneas para abastecer a população seria o Aquífero Grande Amazônia, localizado nas bacias do Marajó, Amazonas, Solimões e Acre. Segundo cálculos iniciais sobre reservas aquíferas indicam volumes hídricos que alcançam mais de 160.000 km³, tornando-o um dos maiores do mundo. 

Para Faccioli, a exploração de águas subterrâneas é perigosa pois é preciso respeitar o tempo de recarga do aquífero, que também depende de infiltração de água no solo proveniente de precipitações para se “reabastecer”. 
“Se usar muito, há a diminuição no aquífero. Alguns aquíferos grandes já possuem rebaixamento considerável, com cidades registrando afundamento do solo”, ressalta. 

Desperdício
Gregório Faccioli também destaca as perdas de água tratada, na distribuição do recurso, que no Brasil registram níveis elevados. No Sergipe, por exemplo, até 50% da água se perde no meio do caminho. Em São Paulo, o índice chega a ser de 30%. Boa parte dessa perda é devido a tubulações antigas e sem manutenção. 

O professor da UFS conclui que o Brasil deveria investir mais em tratamento e reutilização de água, com a adoção massiva de sistemas de reuso principalmente em indústrias, empreendimentos e condomínios. 

Confira no infográfico abaixo os países que extraem mais e menos água no mundo:

Projetos que estimulem práticas sustentáveis podem concorrer ao 5º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade. Saiba mais sobre o regulamento e as inscrições aqui.

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