Economia
06/11/2025Conta de luz afeta custo de vida das famílias paulistanas em setembro
Cenário geral é mais positivo com tendência de desaceleração, mas alta acumulada de 5,79% nos últimos 12 meses ainda pesa nos lares
O retorno da tarifa para o valor normal da conta de energia elétrica, sem o bônus de Itaipu, pesou no bolso das famílias e fez subir o custo de vida em setembro. O índice Custo de Vida por Classe Social (CVCS), pesquisa produzida pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base nas informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou alta de 0,39% em setembro, acima do mês anterior [gráfico 1].
[GRÁFICO 1]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (CVCS)
Série histórica — setembro de 2025
Fonte: IBGE/FecomercioSP

Segundo a FecomercioSP, o grupo de habitação foi o principal responsável pela pressão de alta no mês. No entanto, a situação dos preços na região é considerada favorável, já que, ao desconsiderar esse grupo, a variação seria de -0,03%, próxima da estabilidade. A Entidade destaca que o aumento mais expressivo da energia elétrica foi pontual e não deve se repetir nos próximos meses, o que tende a trazer alívio ao bolso do consumidor, especialmente em uma conjuntura de preços mais amenos — e até de queda (no grupo de alimentação e bebidas) —, influenciando diretamente o consumo das famílias.
No acumulado dos últimos 12 meses [tabela 1] mostra uma desaceleração da variação que está em 5,79%, enquanto no acumulado de janeiro a setembro a alta é de 3,88%. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o índice registrava 3,07% e 4,18% no período compreendido entre outubro de 2023 e setembro de 2024.
[TABELA 1]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo
Variação por classes sociais — Acumulado de 12 meses
Fonte: IBGE/FecomercioSP

Com a distribuição de despesas mais concentrada em grupos de alta representatividade, as classes de menor poder aquisitivo foram as mais afetadas: 6,56% para a classe E e 6,38% para a classe D. Já para as classes mais abastadas, as variações foram de 5,38% para a classe B e de 5,56% para a classe A.
O principal fator da alta no índice custo de vida é a energia elétrica, que está com “efeito mola”. Em agosto, houve uma redução das taxas em razão do bônus concedido por Itaipu, mas, em setembro, os preços voltaram ao patamar normal. Dessa forma, o aumento do item foi de 10,6%, impactando fortemente o grupo de habitação, que subiu 2,47% [tabela 2].
[TABELA 2]
Custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo
Variação por classes sociais — setembro de 2025
Fonte: IBGE/FecomercioSP
Habitação registrou as maiores variações também, em que as classes D e E foram as mais afetadas, com 2,91% e 2,69%, respectivamente. Já na classe A, a alta foi de 1,62%, com maior peso na renda. No período compreendido entre outubro de 2024 e setembro de 2025, nota-se um incremento acumulado de 7,92%; neste ano, a alta é de 8,35%.
Na análise por faixa de renda, as famílias com menor poder aquisitivo foram as mais afetadas, já que a conta de energia elétrica tem peso maior no orçamento. A alta foi de 0,64% para a classe E e de 0,58% para a classe D — enquanto para a classe B a variação foi de 0,23%, e para a classe A, de 0,40%.
O grupo de despesas pessoais (0,42%) e de saúde (0,19%) apresentaram comportamentos distintos entre Varejo e Serviços, com retração nos preços dos produtos e, em contrapartida, aumento no custo dos serviços.
Ainda no grupo de saúde, os serviços tiveram alta de 0,52%, motivada por plano de saúde (0,5%), serviços médicos (0,9%) e hospitalização e cirurgia (0,8%). No varejo, a variação foi levemente negativa (-0,06%), influenciada pelas quedas nos preços de perfumes (-2,2%) e produtos oftalmológicos (-3,7%). Nos últimos 12 meses, a alta do grupo registrou o acumulado de 4,94%, e no ano, de 4,3%.
O grupo de transportes, por sua vez, foi o que mais contribuiu para conter a alta do índice, registrando variação de -0,20%. O resultado está relacionado, principalmente, ao segmento de serviços, que apresentou quedas de 6,6% no seguro voluntário de veículo; 2,9% nas passagens aéreas; e 1,9% no transporte interestadual por ônibus. Pelo lado do varejo, houve aumentos médios de 2,5% no etanol e de 1,1% na gasolina.
Os preços de alimentos e bebidas também recuaram (-0,1%) em setembro, com contribuição do grupo de artigos do lar (-0,43%). A queda foi mais expressiva nas faixas de renda mais elevadas, em razão da redução de 0,31% na alimentação fora do domicílio, influenciada pelas baixas de 0,5% nas refeições e de 0,5% no café da manhã. Já a alimentação no domicílio, ou seja, os produtos comprados nos supermercados, registrou leve alta de 0,04%.
Dentre os itens que apresentaram aumento no mês, destacam-se o óleo de soja (3,1%), a banana-prata (6,8%) e alguns cortes de carne, como o patinho (2,4%) e a alcatra (1,9%). Em contrapartida, ainda há um número relevante de produtos com redução de preços, especialmente itens essenciais à mesa das famílias brasileiras, como o feijão-carioca (-0,7%).