Sustentabilidade
28/07/2025COP30 pode impulsionar o Brasil rumo ao desenvolvimento sustentável
Segundo o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, presidente designado da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), negar a importância do combate à crise climática por razões econômicas é um erro estratégico

O negacionismo econômico é mais uma faceta do movimento que rejeita as mudanças climáticas e seus efeitos. De acordo com o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, presidente designado da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), negar a crise que vivemos em nome da economia é um erro estratégico.
“Dizem que é muito caro combater a mudança do clima, que não vale a pena, porque vai acontecer de qualquer maneira. Mas não é assim, a ciência nos diz que, com mitigação e adaptação, vamos conseguir reduzir as consequências disso”, defende.
O presidente da COP30 cita, como exemplo, o caso do Rio Grande do Sul. “Certos investimentos de infraestrutura em Porto Alegre poderiam ter diminuído o impacto extremamente negativo das enchentes do ano passado”, adverte.
Em entrevista ao Canal UM BRASILe à Revista Problemas Brasileiros — ambas realizações da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, em parceria com o RenovaBR, Corrêa do Lago debate os principais temas desta COP e revela a expectativa de que o Brasil saia da conferência “melhor e mais contemporâneo”.
Financiamento climático
- Falar sobre clima é falar sobre dinheiro. O custeio de ações de mitigação e adaptação climáticas será um dos principais temas do evento, que reúne representantes de nações de todo o mundo para debater as mudanças do clima. Na COP30, que ocorre em Belém, capital do Pará, em novembro, os países terão de definir caminhos para arrecadar US$ 1,3 trilhão (R$ 7,2 trilhões) em financiamento.
- Modelo encontra resistência. A ideia por trás desse conceito é que os países ricos — que, historicamente, são os grandes emissores dos Gases de Efeito Estufa (GEE) — financiem soluções climáticas nos territórios em desenvolvimento. Mas, nas últimas conferências, houve resistência em atender à demanda dos países mais pobres por mais dinheiro. “A negociação de mudança do clima se transformou numa grande divisão entre Norte e Sul”, avalia o embaixador.
- Clima deve guiar investimentos. Para o presidente da COP, o que realmente resolveria o problema seria embutir o clima em todas as movimentações de investimentos. “Se você só pudesse investir e obter recursos se a questão climática fosse levada em consideração, isso certamente reuniria US$ 1,3 trilhão e muito mais”, afirma.
COP no Brasil
- País sairá melhor da conferência. “Esta COP30 deve contribuir para que o Brasil dê um salto na direção de um novo tipo de desenvolvimento: o sustentável”, opina Corrêa do Lago. Após o encontro, ele acredita que o País estará mais integrado na discussão da economia de baixo carbono.
- Agenda verde trará avanço econômico. O presidente da COP projeta um futuro com mais investimentos na redução de emissões e consequente melhoria na vida das pessoas. “Esta nova agenda pode trazer grandes vantagens econômicas. O Brasil pode ser um dos maiores beneficiários disso”, ressalta.
- Transição é uma agenda de negócios. Corrêa do Lago também vê no tema uma oportunidade para atrair recursos ao País. Para ele, a COP vai contribuir para mostrar ao mundo que é mais barato investir em transição no Brasil do que em outros lugares. “É mais uma oportunidade para os negócios, para investimentos”, diz.
Papel do setor privado
- Agenda de ação. Para além das negociações entre países, o presidente da COP30 explica que o encontro será marcado por uma agenda que tem como base o Balanço Global do Acordo de Paris. “Vamos transformar esse consenso em ação”, explica. “E isso é uma oportunidade incrível para todo o setor privado nacional.”
- Oportunidades extrapolam setor público. Em um momento no qual o mundo todo discute a transição, Corrêa do Lago lembra que o País desenvolve soluções em áreas essenciais para o combate à mudança climática, como as renováveis, a agricultura e as florestas. “Pelo fato de o mundo ter adotado, por consenso, o direcionamento a uma economia de baixo carbono, abre-se um número muito grande de oportunidades para as empresas privadas no País”, opina.
Assista à entrevista completa.
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