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Negócios

Crise reduz demanda por pacotes de intercâmbio

Para contornar a situação, táticas das agências especializadas vão da redução dos preços ao corte das despesas

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Crise reduz demanda por pacotes de intercâmbio

Para associação das agências do segmento, inovar na oferta aos clientes é essencial para driblar os impactos da crise econômica
(Arte/TUTU)

Por Jamille Niero

As agências que trabalham com intercâmbio não escaparam dos efeitos da crise econômica que impacta o País. Entre os motivos que afetaram o segmento está não só o aumento do dólar, mas a instabilidade no preço da moeda, já que dificulta o planejamento dos pacotes e o pagamento dos fornecedores no exterior. Pesquisa da Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), associação que reúne 450 agências de intercâmbio brasileiras (cerca de 75% do mercado), mostra que caiu o número de intercambistas brasileiros, passando de 232 mil em 2014 para 220 mil em 2015 (dados mais recentes).

A CI Intercâmbios é uma das empresas que sentiu o impacto. O resultado foi queda de 15% nas vendas em 2015 seguida de um crescimento de 8% no ano passado. “2015 foi mais difícil que 2016, porque a expectativa era muito positiva, mas tivemos que cortar pessoas, que era nosso principal custo, para adequar a nossa realidade. 2016 não foi positivo, mas não chegou a ser um ano ruim. Crescemos, mas os custos também cresceram: mão de obra, comunicação, deslocamento, tudo isso aumentou nessa faixa, o que deixou a margem mais apertada”, explica Celso Luiz Garcia, diretor da companhia.

O que ajudou a salvar as vendas no ano foi a retomada dos investimentos das famílias nos cursos desenhados para os adolescentes. O programa “high school”, voltado para a faixa etária dos 15 aos 17 anos, e que permite ao aluno estudar um semestre ou um ano letivo completo no exterior (com equivalência em terras brasileiras), por exemplo, teve aumento de 70% na procura no ano passado. Para Garcia, o motivo da busca – que deve continuar grande em 2017 – é a carência do brasileiro em se comunicar em um segundo idioma, o que ainda é forte.

Estratégias
Em 2016, empresas de todos os portes adotaram táticas para tentar contornar a crise. A agência Roda Mundo viu a procura por pacotes reduzir em 10%. O plano foi agir com precaução, enxugando gastos com feiras de estudantes (deixaram de participar) e publicidade no meio digital (cortando anúncios pagos no Google e no Facebook). Por outro lado, apostaram na reformulação do site e na criação de conteúdo para a internet, espaços frequentados pela maioria do seu público.

No caso da Roda Mundo, o que colaborou para o resultado do ano não ser pior foi o “boom” de consumidores querendo programas de intercâmbio de longa duração principalmente no Canadá, país com maior número de pacotes vendidos na agência. “Vimos muitas pessoas, inclusive casais, querendo ir por períodos longos, como um ano sabático, e voltar quando a crise passar, ou mesmo ficar para sempre. A alta nessa demanda foi de 30% em relação a 2015”, relata a diretora da empresa, Roberta Gutschow.

Outro movimento notado foi a mudança no período entre a cotação do pacote até a concretização na venda, que ficou mais longo. “Hoje a pessoa cota e pensa mais antes de fechar, porque tem receio de ser mandado embora do emprego, por exemplo”, complementa.

Para 2017, a expectativa é retomar o crescimento e, para isso, a companhia vai apostar em novos destinos e programas de ensino superior no exterior.

“É inevitável haver certo impacto, mas o que nos faz conseguir driblar essa fase difícil é usar inovação na oferta aos clientes. Nossos parceiros internacionais são sensíveis e também se reinventam, concedendo valores promocionais”, indica Maura Leão, presidente da Belta.

Segundo ela, em tempos de crise o intercâmbio pode ser encarado como diferencial profissional. Em vez de o consumidor comprar um carro, porque não estava preocupado em perder o emprego e em conseguir pagar o financiamento, hoje já decide ter a experiência internacional e o segundo idioma em dia, para incrementar o currículo. E isso também vale para os adolescentes, já que os pais optam por investir na educação dos filhos visando um bom futuro profissional.

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