Negócios
20/05/2016Crise reduz viagens aéreas e faz empresas reverem custos
Especialistas relatam queda no movimento de passageiros e preveem cenário ainda difícil nos próximos meses
Diminuição no número de passageiros corporativos gerou impacto negativo para as companhias aéreas, que esperam ano difícil
(Arte/TUTU)
Por Jamille Niero
Os efeitos da crise econômica atingiram também o setor de viagens aéreas, que viu movimento e vendas caírem no último ano – causados principalmente pela diminuição no número de passageiros corporativos. A perspectiva para 2016 também não é positiva.
“O público corporativo caiu pela metade no ano de 2015 e os destinos mais afetados são os que recebem maior volume de pessoas que viajam a negócios, ou seja, todos com exceção daqueles exclusivamente ligados a lazer, como Porto Seguro, Foz do Iguaçu ou Fernando de Noronha, por exemplo”, aponta o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. Segundo ele, o volume de passageiros está caindo há oito meses consecutivos – os dados mais recentes da Abear mostram que a redução foi de 7,3% em março, na comparação com mesmo mês de 2015.
Para contornar a crise, as companhias aéreas adotaram três medidas básicas: reduzir os custos internos, revisar o plano de desenvolvimento no ano e rever a malha aérea. De acordo com Sanovicz, os custos para as empresas subiram cerca de 24% - lembrando que 60% são em dólares – e a receita caiu 19%.
Mesmo com essas mudanças, ainda levará um tempo para o setor reverter o cenário negativo. “A expectativa é que em menos de 15 meses não deve haver melhoras nas atividades econômicas que impactem a aviação, como produção em geral, investimento em infraestrutura”, prevê Sanovicz.
Queda nas viagens corporativas
A combinação do cenário de dólar alto e crise econômica fez com que as empresas enxugassem os custos e reduzissem os gastos com viagens e eventos, analisa a presidente do Conselho Executivo de Viagens e Eventos Corporativos da FecomercioSP, Viviânne Martins. “Reduzir, quando possível, é a primeira solução. Porém, muitas vezes a viagem é inevitável, já que significa em muitos casos fechar negócios ou atender uma demanda técnica. As empresas neste momento buscam por uma gestão de viagens mais efetiva e eficiente”.
Se a viagem é inevitável, uma opção é usar a classe econômica em vez da executiva ou, então, reduzir o número de colaboradores enviados a congressos, por exemplo. Outra prática é o “sharing economy”, no qual os viajantes procuram saber quem mais da empresa viajará naquela mesma data para dividir táxi, quartos, etc.
“Neste momento, verificar se aquela viagem realmente é necessária, trabalhar na gestão e otimização das viagens, com os especialistas e no perfil do viajante, são a solução para os executivos continuarem abrindo mercados e trazendo mais negócios para as empresas, afinal é por isso que viajam”, considera Viviânne.
Resultado de 2015
De acordo com dados dos Indicadores Econômicos de Viagens Corporativas (IEVC), houve queda de 3,6% na taxa de crescimento do setor de eventos e viagens corporativas, que passou de R$ 40,17 bilhões em 2014 para R$ 38,73 no ano passado. O levantamento foi realizado pela Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (ALAGEV).
Além do transporte aéreo, fazem parte do indicador serviços de hospedagem, locação de veículos, serviços de agenciamento, alimentação e tecnologia. A participação do transporte aéreo caiu de 52,81% em 2014 para 44,29% em 2015.
Somente no Brasil, a quantidade de tíquetes emitidos pelas companhias aéreas em 2015 caiu 6,3%, passando de 7,9 milhões para 7,4 milhões, conforme números da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), que reúne 29 agências. O faturamento também caiu, alcançando R$ 4,3 bilhões no ano passado contra R$ 4,8 bilhões em 2014 (11% a menos).
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