Economia
28/10/2021Custo de vida na RMSP sobe e acumula alta de 10,27% em 12 meses, o maior patamar desde fevereiro de 2016
Preço dos combustíveis e da energia elétrica foram os vilões do orçamento das famílias em setembro
O aumento do grupo de transportes foi o que mais influenciou os serviços, enquanto o etanol e a gasolina elevaram o comércio
(Arte: TUTU)
O custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) subiu 0,93% em setembro, motivado pela alta nos preços dos combustíveis e da energia elétrica. Nos últimos 12 meses, o Custo de Vida por Classe Social (CVCS) – indicador da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) – acumula alta de 10,27%, maior patamar desde fevereiro de 2016, quando a variação era de 10,98%.
A inflação está concentrada nos grupos de transportes, habitação e alimentação – os que mais impactam o orçamento das famílias. Além disso, há o repasse dos preços dos estabelecimentos, já que são produtos e serviços que geram efeitos negativos na cadeia produtiva, como é o caso dos combustíveis e da energia elétrica. Em setembro, transportes e habitação foram responsáveis por 0,85 ponto porcentual (p.p.) na variação do mês.
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No ano, considerando o período de janeiro a setembro, o CVCS registra aumento de 6,57%, patamar bem superior ao registrado no mesmo período de 2020, quando a soma dos preços pagos pelos diversos bens e serviços consumidos pela população estava em 0,93%. Entre outubro de 2019 e setembro de 2020, a variação era de 3,04%. Para as classes de menor poder aquisitivo, o custo de vida é mais caro no acumulado em 12 meses, com altas de 12,62%, para a classe E, e de 12,42%, para a D.
Entre os serviços, o que mais influenciou o aumento do grupo de transportes, no mês, foi a alta nas passagens aéreas (27,21%). Mesmo fora do período de alta temporada, os custos das companhias subiram de forma expressiva. A principal razão é o aumento dos combustíveis – no caso, o querosene de avião. Além disso, a demanda reprimida também contribuiu para a elevação dos preços.
No comércio, os aumentos de 3,22% nos custos do etanol – que acumula, em 12 meses, 66,93% – e de 1,86% da gasolina, são as principais razões para a elevação dos preços dos produtos. Os automóveis novos tiveram variação de 2,05%. Já os usados, de 2,57%, influenciados pela falta de insumos e demora na entrega da indústria automobilística.
Um aspecto que chama a atenção é a diferença de impacto nos transportes, quando se analisam as faixas de renda. Para as famílias com melhores remunerações, a variação, no mês, foi de 1,14%, enquanto para aquelas com menores salários, o avanço foi três vezes maior (3,44%).
No grupo de habitação, a alta ficou concentrada nos serviços e, mais especificamente, na energia elétrica residencial, com variação de 7,12%. Em 12 meses, a elevação chega próxima aos 33%. O peso da inflação é mais significativo sobre o custo de vida das famílias das classes mais baixas: a variação mensal foi de 2,82% para a E, caindo pela metade para a A (1,41%).
O setor de alimentação e bebidas, que figurava entre as maiores influências, em setembro, obteve uma variação mais fraca – 0,39%, ante os 1,65% de agosto. A participação no resultado geral do mês foi de 0,09 p.p. As demais elevações ficaram por conta dos grupos de comunicação (0,89%), despesas pessoais (0,29%), artigos do lar (0,05%) e saúde (0,01%). No caminho inverso, vestuário, que registrou retração nos preços de 1,08%, e educação, com recuo mensal de 0,06%.
IPV e IPS
Em setembro, o Índice de Preços no Varejo (IPV) apontou alta de 0,51%. No ano, a variação acumulada é de 9,74%, e em 12 meses, de 14,45%. Em 2020, o indicador acumulava altas respectivas de 2,59% e 5,73%. O aumento dos preços dos produtos foi mais sentido pelas classes A e B, cujas variações mensais foram, respectivamente, 0,85% e 0,65%.
Já o Índice de Preços dos Serviços (IPS) obteve avanço de 1,37%. Em 2021, o acumulado é de 3,27%, e em 12 meses, de 5,96%. No mesmo período do ano passado, o indicador registrava -0,82% e 0,23%, entre outubro de 2019 e setembro de 2020. Neste caso, os estratos sociais menos abastados sofreram um impacto significativo nos preços dos serviços, com altas de 0,57%, para a classe E, e 2,44%, para a D.